Dólar sobe forte mesmo com atuação do BC e encosta em R$ 5,70 após governo elevar taxação de bancos

Para analistas, moeda americana agora pode escalar para um novo patamar, enquanto a curva de juros ficará mais pressionada

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Após zerar as perdas na reta final do pregão de ontem e fechar estável, o dólar comercial inicia esta terça-feira (2) com forte valorização contra o real, chegando a superar a marca de R$ 5,68.

O movimento acontece com investidores reagindo à decisão do presidente Jair Bolsonaro de reduzir a zero as alíquotas do PIS/Cofins incidentes sobre a comercialização e a importação do óleo diesel, por dois meses, e do gás de cozinha, sem um prazo definido.

As novas alíquotas do diesel e do GLP residencial entrarão em vigor imediatamente, por serem definidas em decreto, sem necessidade de aprovação pelo Congresso.

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Parte da compensação pela redução dos tributos, estimada pelo governo em R$ 3,67 bilhões para este ano, virá do aumento da CSLL de instituições financeiras como os bancos.

Com isso, às 10h45 (horário de Brasília), o dólar comercial operava com ganhos de 1,45%, cotado a R$ 5,6805 na compra e R$ 5,6815 na venda.

Ainda nesta manhã, o Banco Central realizou uma atuação extraordinária no mercado de câmbio, com uma operação de venda de dólares à vista, no valor total de US$ 1 bilhão. O anuncio chegou a amenizar os ganhos da moeda, mas ela logo retomou a forte alta.

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O BC já havia anunciado para este pregão um leilão de swap tradicional para rolagem de até 16 mil contratos com vencimento em junho e dezembro de 2021.

Em relatório, os economistas da Renascença avaliam que, no atual cenário, o dólar pode escalar para novos patamares, enquanto a curva de juros ficará mais pressionada.

“A expectativa é de que os bancos repassarão parte considerável desse aumento de custos ao tomador, o que encarecerá o crédito e prejudicará a já combalida dinâmica da atividade econômica. Ademais, não custa ressaltar que o quadro pandêmico mostra-se extremamente difícil no Brasil, enquanto o mercado continua no aguardo de avanço da PEC Emergencial”, disseram.

Já José Faria Júnior, diretor da Wagner Investimentos, destaca que as incertezas têm levado o real a se descolar muito de seus pares internacionais.

“Nunca tivemos tão descorrelacionados das moedas de países emergentes ou dos preços das commodities. Nossa moeda não deveria estar acima de R$4,50. Temos que aguardar a votação da PEC Emergencial, que corre o risco de ser fatiada”, avalia. “Será muito ruim este fatiamento, já que colocará sérias dúvidas na aprovação de medidas de contenção de gastos”, diz Faria apontando que o BC deve começar o processo de alta de juros no próximo Comitê de Política Monetária (Copom) daqui 15 dias, de preferência com um aumento de 50 pontos-base na Selic.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.