Dólar sobe com acordo de Trump e DIs caem por inflação mais baixa; Ibovespa tem leve queda

Mercado teve movimento em câmbio e juros futuros, mas a Bolsa andou de lado em mais um dia fraco de notícias políticas

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – O dólar subiu forte nesta terça-feira (23) após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar um acordo para suspender o teto da dívida do país até as próximas eleições presidenciais. A notícia reduz a perspectiva de que o Federal Reserve seja mais agressivo no corte de juros esperado para a semana que vem. 

Na contramão, os juros futuros caíram após o Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA 15) vir abaixo do esperado pelos economistas, aumentando as apostas 

O Ibovespa, por sua vez, terminou o pregão de lado, com os investidores ainda sem convicção o bastante para assumir posições em meio ao recesso parlamentar, que deixou a tramitação da reforma da Previdência em suspenso. 

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Nesta terça, o principal índice da B3 teve leve baixa 0,24% a 103.704 pontos. O volume financeiro negociado na Bolsa foi de R$ 14,523 bilhões. 

Enquanto isso, o dólar comercial fechou em alta de 0,89% a R$ 3,7722 na compra e a R$ 3,7729 na venda. O dólar futuro com vencimento em agosto registra ganhos de 0,81% a R$ 3,7745. 

O acordo alcançado pela Casa Branca com líderes dos partidos Democrata e Republicano na Câmara e no Senado levou a uma compra de dólares no mundo inteiro, mas o real teve perdas maiores que as de outros emergentes, porque se apreciou muito recentemente.  

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Com a situação do Orçamento norte-americano apaziguada, os gastos públicos poderão ser ampliados. 

Entre os juros, o DI com vencimento em janeiro de 2020 caiu cinco pontos-base a 5,60%, o DI para janeiro de 2021 tem perdas de 10 pontos-base a 5,42%, o DI para janeiro de 2022 variou negativamente em seis pontos-base a 5,88% e o DI para janeiro de 2023 recua sete pontos-base a 6,31%. 

As apostas para os juros refletiram o IPCA 15, que variou 0,09% em julho, chegando a 3,27% em 12 meses, abaixo da mediana das expectativas dos economistas consultados pela Bloomberg, que era de 3,32%. 

Em junho, a inflação medida pelo indicador havia subido 0,06%. Em julho de 2018, o choque fora de 0,64%. Com isso, o índice se distancia da meta de inflação do governo, que é de 4,25% de inflação ao ano. 

Outra notícia importante no dia foi a eleição de Boris Johnson como novo primeiro-ministro do Reino Unido. Sobre isso, o Bradesco diz que o risco de Brexit sem acordo aumenta, uma vez que o novo premiê demostra uma postura mais rígida, afirmando que o Reino Unido sairá da União Europeia “aconteça o que acontecer”.

“Temos observado elevação das expectativas em torno de um afrouxamento monetário nos próximos meses, ao mesmo tempo em que a libra esterlina tem apresentado perdas. O Brexit continua sendo um dos maiores desafios da Europa neste ano, mantendo-se como fonte potencial de volatilidade sobre os preços dos ativos britânicos”, avalia o relatório da equipe técnica do banco.

À noite, sai resultado do segundo trimestre da Cielo (CIEL3), algo que os investidores devem acompanhar. 

Noticiário Corporativo

Abrindo a safra de resultados, o Santander Brasil (SANB11) reportou um lucro gerencial de R$ 3,635 bilhões no segundo trimestre, representando uma alta de 4,3% sobre o resultado do primeiro trimestre deste ano.

Nos seis primeiros meses deste ano, o lucro gerencial somou R$ 7,120 bilhões, cifra 21% superior a do mesmo período do ano passado.

As operadoras de telefonia Tim (TIMP3) e Telefônica (VIVT4) anunciaram um memorando de entendimento para o compartilhamento de infraestrutura e outros projetos.

As discussões se dão no âmbito do compartilhamento de redes 2G em modelo “single grid” e o da infraestrutura de rede 4G na faixa de 700Mhz direcionados a cidades com menos de 30 mil habitantes, o que poderá ser, posteriormente, expandido a cidades maiores.

A Vale (VALE3) atualizou ontem à noite as projeções no seu relatório de produção e vendas do segundo trimestre de 2019. Segundo a empresa, a projeção para a produção de níquel deve ficar entre 210.000 e 220.000 toneladas em 2019; a produção de pelotas em 45 milhões de toneladas em 2019; e a produção de carvão em aproximadamente 10 milhões de toneladas em 2019.

“A Vale informa também a descontinuidade das projeções de custo do negócio de carvão para 2019 devido à revisão da produção acima mencionada”, afirmou, em fato relevante, a mineradora.

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 CIEL3 CIELO ON 6,75 -3,57 -20,38 212,56M
 SMLS3 SMILES ON 35,26 -2,76 -13,49 30,48M
 QUAL3 QUALICORP ON 22,48 -2,68 +74,40 55,26M
 BRFS3 BRF SA ON 33,75 -2,32 +53,90 159,60M
 PCAR4 P.ACUCAR-CBDPN 88,24 -2,17 +10,01 176,41M

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 IRBR3 IRBBRASIL REON 95,24 +3,24 +17,08 1,36B
 JBSS3 JBS ON 25,62 +3,10 +121,08 212,47M
 UGPA3 ULTRAPAR ON 19,85 +2,58 -24,39 754,80M
 YDUQ3 YDUQS PART ON 34,36 +2,51 +48,06 44,10M
 CYRE3 CYRELA REALTON 22,34 +2,34 +49,29 82,25M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 IRBR3 IRBBRASIL REON 95,24 +3,24 1,36B 203,27M 18.865 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 37,38 +0,97 779,80M 664,89M 32.891 
 UGPA3 ULTRAPAR ON 19,85 +2,58 754,80M 91,79M 27.544 
 BBAS3 BRASIL ON 51,40 -1,17 650,03M 545,41M 24.384 
 VALE3 VALE ON 51,76 -1,32 573,87M 893,26M 23.161 
 PETR4 PETROBRAS PN N2 27,52 +0,11 570,67M 1,04B 25.590 
 BBDC4 BRADESCO PN 38,25 +0,34 555,16M 490,15M 24.999 
 B3SA3 B3 ON 40,75 -1,45 270,95M 384,24M 15.152 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 18,03 +0,22 269,26M 320,19M 24.778 
 PETR3 PETROBRAS ON N2 30,25 +0,50 269,17M 440,75M 12.186 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

FGTS 

Nos jornais, notícias dão conta de que o governo, em meio a pressão das construtoras e incorporadoras, pretende limitar o valor a ser sacado do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) a R$ 500 por pessoa. O valor máximo seria para contas ativas (dos contratos atuais) e inativas (de contratos inativos). 

O limite foi discutido ontem no Ministério da Economia e o público-alvo da medida são 100 milhões de contas do fundo (um trabalhador pode ter mais de uma conta). A partir do ano que vem, a ideia é permitir que os trabalhadores tenham direito a uma nova modalidade de retirada dos recursos: o “saque aniversário”.

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O anúncio era para ser feito na semana passada, em meio à solenidade de 200 dias de governo Bolsonaro, mas o setor da construção civil pressionou preocupado que a retirada dos recursos poderia reduzir o uso do FGTS como fonte para financiamentos para os setores imobiliário, de saneamento básico e infraestrutura a juros mais baixos.

No Ministério da Economia, porém, há quem acredite que um valor tão baixo vai ter pouco efeito na atividade econômica neste ano. Na Caixa, por outro lado, há reclamações de que será preciso um grande esforço no atendimento – que deverá ser ampliado para os fins de semana – sem nenhum tipo de retorno para o banco.

Contingenciamento

Ontem, o governo confirmou o contingenciamento de mais R$ 1,44 bilhão no orçamento, mas o porta-voz do Palácio do Planalto, Otávio Rêgo Barros, afirmou que o corte não implica em paralisação ou problemas na execução de políticas públicas.

Ele evitou antecipar quais áreas serão afetadas pelo bloqueio, que ainda serão anunciadas, mas enfatizou que os valores poderão ser destravados nos próximos meses.

Com o bloqueio, o valor contingenciado do Orçamento de 2019 já soma R$ 31,224 bilhões. Originalmente, o governo teria de contingenciar R$ 2,252 bilhões, mas a equipe econômica usou R$ 809 milhões de uma reserva de emergência criada em março, reduzindo o valor do bloqueio adicional para R$ 1,443 bilhão. Um decreto vai detalhar os bloqueios.

Greve dos caminhoneiros

Na tentativa de evitar uma nova greve dos caminhoneiros, a diretoria da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) aprovou a suspensão da nova tabela de fretes, até que seja resolvido o “impasse com o setor”.

A decisão foi aprovada por unanimidade após o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, informar, pela manhã, que ela seria revogada.

O temor do governo era de que os caminhoneiros, insatisfeitos com a nova tabela, desencadeassem uma greve nacional nos próximos dias.

De acordo o porta-voz do governo, o presidente Jair Bolsonaro vem acompanhando a situação desde o fim de semana, com o objetivo se antecipar a problemas e tomar decisões que evitem uma paralisação da categoria.

Com a decisão, a tabela anterior, referente ao ano passado, volta a vigorar. Uma nova reunião com os caminhoneiros está prevista para amanhã. O objetivo é debater critérios para a edição de um nova tabela do frete rodoviário.

Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.