Dólar sobe 8,5% em agosto, enquanto alta do Ibovespa quase apaga perdas no mês

Tendência da Bolsa é continuar subindo, devido ao cenário econômico mais positivo e exterior em melhora

Ricardo Bomfim

Ações em alta (Crédito: Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa subiu pelo quarto pregão consecutivo nesta sexta-feira (30) e acumulou uma alta de 5% nestes cincos dias, após encerrar a semana passada cotado em 96.430 pontos. No mês, a Bolsa conseguiu apagar boa parte das perdas que tinha em agosto e acabou com leve baixa de 0,67%. 

Hoje, o Ibovespa subiu 0,61% a 101.134 pontos com volume financeiro negociado de R$ 21,703 bilhões.

Enquanto isso, o dólar comercial caiu 0,71% a R$ 4,1414 na compra e a R$ 4,1421 na venda. A valorização da moeda norte-americana sobre o real em agosto foi de 8,5%.

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O dólar futuro para outubro caiu 0,47% a R$ 4,150. Lembrando que hoje foi dia de fechamento da Ptax, o que sempre gera volatilidade no câmbio. O contrato futuro referência para o dólar agora é o DOLV19. 

Ao mesmo tempo, os contratos futuros de juros registraram perdas, o DI para janeiro de 2021 recua 11 pontos-base a 5,53%, e para janeiro de 2023 registra variação negativa de 14 pontos-base, a 6,59%. 

Para o trader de multimercados da Quantitas Gestão de Recursos, Lucas Monteiro, depois da queda acentuada que o Ibovespa enfrentou por conta do acirramento da guerra comercial entre Estados Unidos e China e a crise na Argentina, houve um repique motivado por fatores internos e externos. 

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Nos últimos dias, houve uma acomodação nas notícias explosivas do fim de semana sobre incêndios na Amazônia, disputa entre o presidente Jair Bolsonaro e o líder francês, Emmanuel Macron, e rumores de que o ministro da Justiça, Sérgio Moro, poderia sair do governo por conta dos embates com Bolsonaro. 

“Isso é bom para o mercado, pois um pouco de estabilidade é importante para dar segurança aos negócios”, explica. 

Mas mais importante que esses fatores foi o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 0,4% no segundo trimestre deste ano. A expansão foi o dobro da esperada pelos economistas, que estimavam um PIB 0,2% maior no período na comparação trimestral. 

Ao lado da disposição da China em negociar um acordo comercial com os Estados Unidos, esses números impulsionaram o Ibovespa de volta aos 101 mil pontos por mostrarem ao investidor que apesar dos percalços no caminho, as coisas continuam com tendência de melhora. 

Esse cenário positivo pegou o mercado mais leve por causa das realizações e propiciou a alta no final do mês. Dá para pensar no sentido de que estruturalmente, a situação ainda parece positiva para Brasil apesar da recuperação lenta”, avalia o trader. 

Já o analista técnico da Clear Corretora, Rafael Ribeiro, entende que foi um bom sinal o benchmark ter encontrado força compradora nos 96 mil pontos. “A correção foi natural dentro do gráfico semanal”, afirma. 

De acordo com ele, a próxima resistência do índice está nos 101.500 pontos. Como a queda da semana passada veio acompanhada por uma alta forte na curva de juros, a correção para baixo nos contratos futuros de DI (que funcionam como um termômetro da percepção de risco no mercado) deve empurrar a Bolsa para cima. 

“Pode ser que o Ibovespa busque a próxima resistência nos 103.500 pontos. Essa sim difícil de romper, pois é a última que mantém o viés de baixa no índice no curtíssimo prazo”, analisa. 

O analista técnico da XP Investimentos, Gilberto Coelho, também vê tendência de alta no gráfico do Ibovespa. Para ele, a subida projeta o teste dos 106.650 pontos ou 113.450 pontos por expansão de Fibonacci. “Tem suportes em 98.100 pontos, 95.800 pontos e 89.400 pontos”, destaca. 

IBOV30

Argentina

A S&P afirmou que o anúncio do governo da Argentina, segundo o qual o país adiaria pagamentos de dívida de curto prazo a investidores institucionais, representa um default “sob nossos critérios”. Isso levou a agência a rebaixar o rating soberano em moeda estrangeira de longo prazo do país de B- para SD (default seletivo). Os ratings de emissão de curto prazo foram rebaixados para D (default).

Em comunicado, a S&P argumenta que, por seus critérios, a extensão dos vencimentos de dívida de curto prazo que devem ser pagos somente mais adiante, segundo o governo local, constitui um default. Os ratings de emissão de longo prazo da Argentina foram cortados de B- para CCC-, complementa.

A S&P diz que há riscos associados a um eventual fracasso para avançar com os planos do governo do presidente Mauricio Macri, bem como a perspectiva de que o estresse nos mercados perdure após a eleição presidencial, que terá primeiro turno em 27 de outubro.

A agência afirma que as vulnerabilidades mais acentuadas do perfil de crédito da Argentina são fruto da “rápida deterioração do ambiente financeiro, da ausência de confiança nos mercados financeiros sob as políticas na próxima administração” e da “incapacidade do Tesouro de rolar dívida de curto prazo com o setor privado”.

O jornal Valor Econômico destaca que economistas e analistas argentinos avaliam que, se o governo Macri não receber nenhum sinal positivo nos próximos dias, seja dos credores da dívida, do mercado de capitais ou do FMI, as chances de uma moratória desordenada cresceram substancialmente.

A Folha destaca que o governo, inclusive, vem tentando evitar o termo moratória ou default, já que, caso isso seja oficializado, serão acionados seguros de crédito que demandariam gasto extra ao país e a detentores de títulos.

Noticiário Corporativo

O Bradesco (BBDC3; BBDC4) anunciou um novo programa de demissão voluntária (PDV), o segundo na história do banco. O objetivo do movimento, conforme o vice-presidente da instituição, André Cano, é adequar o quadro de colaboradores ao avanço da tecnologia, que, se de um lado permite uma maior produtividade, do outro, diminui a exigência de pessoal.

O PDV do Bradesco ocorre após os concorrentes Itaú Unibanco (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3) também anunciarem iniciativas nesta direção. O BB desligou 2,3 mil funcionários, ao custo de R$ 260 milhões, enquanto o Itaú aceita adesões até o próximo sábado e mira um número de 6,9 mil pessoas.

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O Bradesco não abriu o número de funcionários almejado com o PDV nem mesmo a economia de gastos que terá após o movimento. O segundo PDV do Bradesco terá início na próxima segunda-feira, dia 02, e vai até o dia 16 de outubro. Na mira, estão funcionários com mais de 20 anos de casa.

Diante de um cenário dramático de necessidade de corte de despesas em 2020, o governo avalia suspender novas contratações do programa Minha Casa Minha Vida e redirecionar recursos do Sistema S para bancar alguns gastos do Orçamento. A intenção é suspender as contratações por um prazo que garanta uma economia de despesas de R$ 2 bilhões.

O anúncio vem em um momento de recuperação do setor imobiliário, com os financiamentos à compra e à construção de imóveis atingindo R$ 6,7 bilhões em julho, alta de 10,5% em relação a junho e avanço de 36,0% frente ao mesmo mês do ano passado, segundo Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).

 

Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.