Dólar tem quinta sessão de queda seguida e fecha abaixo de R$ 4,90 pela primeira vez desde junho de 2022

O recuo da moeda norte-americana ante o real esteve em sintonia com o exterior

Equipe InfoMoney

(Getty Images)

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O dólar à vista recuou nesta segunda-feira (15) pela quinta sessão consecutiva ante o real, para o menor nível de fechamento desde junho de 2022, favorecido pelo diferencial de juros entre o Brasil e o exterior e com investidores na expectativa pela divulgação do parecer sobre o novo arcabouço fiscal no Congresso.

A divisa à vista fechou o dia cotado a R$ 4,8891 reais na venda, com queda de 0,67%. Este é o menor nível da moeda americana desde 7 de junho de 2022, quando encerrou a sessão em R$ 4,8741.

Ao final da sessão, a moeda americana comercial teve recuo de 0,71%, cotada a R$ 4,888 na compra e na venda, também no menor patamar desde junho do ano passado.

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O recuo da moeda norte-americana ante o real esteve em sintonia com o exterior, onde o dólar também cedia ante divisas como o peso mexicano, o dólar australiano e o dólar canadense.

Além disso, profissionais do mercado justificaram a baixa das cotações citando o diferencial de juros entre Brasil e EUA, que favorece os investimentos de estrangeiros. Exportadores também seguiram aproveitando as cotações em níveis ainda elevados para internalizar recursos.

No fim da tarde, o dólar acelerou um pouco as perdas ante o real, em função da expectativa de que o relator do arcabouço na Câmara, deputado federal Cláudio Cajado (PP-BA), apresente o texto para líderes da Casa na noite desta segunda-feira e, caso haja consenso, divulgue seu parecer à imprensa.

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“Nossos juros aqui continuam altos, e o Banco Central já deixou claro que, do jeito que a inflação está, não vai mexer na taxa”, comentou Mário Battistel, gerente de câmbio da Fair Corretora.

“O Brasil continua com um diferencial de juros que atrai o investidor estrangeiro. Além disso, o exportador segue aproveitando para vender a moeda norte-americana, porque existe a expectativa de que o dólar possa cair ainda mais”, acrescentou.

Internamente, a agenda do dia foi esvaziada, o que manteve os investidores na expectativa pela tramitação do novo arcabouço fiscal no Congresso.

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No início da tarde, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que os detalhes do arcabouço serão acertados em reuniões nesta segunda-feira.

“Esse vai ser um dia de muitas reuniões. Nós vamos ficar reunidos até o fim do dia para acertar os detalhes… Tudo indica que devemos concluir as negociações até o final da noite de hoje”, disse Haddad a jornalistas em Brasília.

“O mercado está muito animado com os juros altos e com o arcabouço com algum tipo de enforcement (punições a serem aplicadas caso o governo não cumpra a meta fiscal). O real está subindo por isso”, comentou o diretor da consultoria Wagner Investimentos, José Faria Júnior.

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Segundo ele, no atual cenário é factível que o dólar possa cair para níveis ainda mais baixos, para perto dos 4,80 ou 4,70 reais. Mas isso vai depender do andamento do arcabouço no Congresso e do cenário externo.

“4,80 ou 4,70 reais são níveis possíveis para o dólar. Mas enquanto o Index (relação da moeda norte-americana ante uma cesta de seis divisas) estiver acima dos 100, teremos dificuldades para o dólar cair mais aqui”, avaliou Faria Júnior.

Na B3, às 17h13 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,68%, a 4,9075 reais.

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No exterior, a moeda norte-americana seguia em baixa no fim desta tarde.

Às 17h13, o índice do dólar – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas –  caía 0,26%, a 102,420.

Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de julho.

(com Reuters)