Dólar tem leve queda, a R$ 4,93, após Powell; foco passa para relatório de emprego dos EUA

A expectativa é de que o relatório de empregos do governo dos EUA, a ser publicado na sexta-feira, mostre abertura ainda sólida de 200 mil vagas de trabalho, contra 353 mil em janeiro

Reuters

(Andrii Sedykh/Getty Images)

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SÃO PAULO (Reuters) – O dólar recuou ligeiramente frente ao real nesta quinta-feira, após falas sem grandes surpresas do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, com o foco de investidores passando a se concentrar totalmente em dados de emprego dos Estados Unidos previstos para sexta-feira.

A divisa norte-americana à vista fechou em baixa de 0,23%, a R$ 4,9347 na venda, movimento que acompanhou a forte queda de 0,5% do índice que compara o dólar a uma cesta de pares fortes. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,27%, a R$ 4,9445 na venda.

Powell disse nesta quinta-feira que o banco central dos Estados Unidos “não está longe” de ganhar a confiança necessária na queda da inflação para começar a reduzir a taxa de juros, mas ressaltou que eventuais ajustes dependerão da evolução da economia e da continuidade de alta mais lenta dos preços, deixando o Fed dependente de dados.

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“A gente está nessa expectativa em relação ao que vem dos dados”, disse Denilson Alencastro, estrategista-chefe da Geral Asset.

“Ainda mais depois das falas do Powell, que tem indicado que a decisão vai ser exclusivamente por conta de dados econômicos, e sinalizando que não quer apertar demais a política monetária para não detonar atividade, mas também está esperando essa resposta de convergência um pouco maior dos dados de inflação, crescimento, emprego”, completou ele.

A expectativa é de que o relatório de empregos do governo dos EUA, a ser publicado na sexta-feira, mostre abertura ainda sólida de 200 mil vagas de trabalho, contra 353 mil em janeiro. Qualquer dado acima do esperado tende a impulsionar o dólar globalmente, já que jogaria a favor de um posicionamento mais restritivo por parte do Fed.

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Juros mais altos nos EUA tornam o dólar mais atraente, uma vez que elevam os retornos do extremamente seguro mercado de renda fixa norte-americano.

Apesar de um clima externo incerto, Alencastro disse à Reuters que a força da balança comercial do Brasil –principalmente após um 2023 estelar — é um fator de apoio ao real no médio a longo prazo.

“Isso está sendo um certo colchão de segurança, está tendo fluxo via comercial para a economia brasileira. E, se o investimento estrangeiro direto não vai ser tão pujante com tudo que a gente tem visto no mundo, mesmo assim o Brasil, se comparado a outros países emergentes, é atrativo; não está tendo guerra aqui, a questão institucional está razoavelmente controlada”, afirmou Alencastro.

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“Esse é um ponto interessante de a gente acompanhar nos próximos semanas, meses, até anos, para que segure um câmbio num patamar mais baixo. Quem sabe, se a gente conseguir ajustar a parte fiscal, a gente não consiga voltar para um patamar menor do que a gente tem se acostumado na média, entre esses 4,80, 4,90, 5,00.”