Dólar fecha em queda com atuação de exportadores e “hedge” no mercado futuro

Operadores comentaram sobre ingressos de recursos de exportadores até então estacionados no exterior

Reuters

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SÃO PAULO – O dólar fechou em queda nesta quarta-feira, ficando no meio do caminho entre a máxima e a mínima da sessão, com o real chegando a figurar entre os melhores desempenhos globais na sessão beneficiado por fluxo de exportadores.

O dólar à vista caiu 0,48%, a 5,3127 reais na venda.

No pico intradiário, alcançado por volta de 10h30, a cotação foi a 5,3423 reais (+0,07%). Na mínima, atingida pouco menos de duas horas depois, tocou 5,2872 reais (-0,96%).

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Operadores comentaram sobre ingressos de recursos de exportadores até então estacionados no exterior. Esse movimento tem ocorrido nas últimas semanas, mas segundo relatos acelerou nos últimos dias, em meio à percepção de melhor custo de oportunidade de internalizar o capital conforme se multiplicaram mais recentemente relatórios de revisão de alta para a taxa básica de juros.

A chamada Selic está em 3,75% ao ano, bem acima dos 2% que vigoraram até março. A queda monumental dessa taxa –de mais de 10% até julho de 2017 para a mínima histórica de 2% em agosto de 2020– e o consequente empurrão da taxa de juros real para terreno negativo desestimularam exportadores a trazer suas receitas em moeda forte ao Brasil, devido ao risco maior com menor rentabilidade em comparação a outras opções no mundo –sobretudo num ambiente de fortalecimento do dólar.

Mas o início do ciclo de normalização monetária no Brasil, em março, começou a mudar essa dinâmica. A isso somaram-se o rali dos preços das commodities –que ganhou nova pernada em abril– e os volumes recordes de exportação pelo país nos últimos meses, com destaque para soja e minério de ferro.

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“O que acontece é que o efeito prêmio está dominando o da Selic no cupom cambial”, disse um profissional da área de câmbio de um banco estrangeiro. Ele explicou que o cupom cambial é a taxa Selic menos variação cambial mais prêmio de risco. “Com a volatilidade menor, o prêmio caiu tanto que a alta da Selic não compensou”, o que resultou na forte queda na taxa do cupom.

O desdobramento disso é que exportadores voltaram a internalizar recursos. Esses players vendem dólares aos bancos, que, para mitigar o risco câmbio, entram no mercado futuro de câmbio na ponta vendedora de moeda. Esse grande fluxo de venda no mercado físico e no futuro baixou o dólar nesta quarta e tem pressionado a moeda nas últimas sessões.

Uma medida da fartura de liquidez é o cupom cambial –uma espécie de taxa de juros em dólar. O FRA de cupom cambial de segundo vencimento na B3 chegou ao fim da tarde em 0,32% ao ano, menor patamar desde junho de 2014.

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No mercado de casado –um cupom cambial de curtíssimo prazo–, a taxa chegou a ficar negativa, indicando mais venda de dólar no mercado futuro do que no à vista, sinal de forte atuação de players em busca de “hedge” na B3 em antecipação a volumosos ingressos de recursos no mercado spot.

A combinação entre normalização de juros (o que elevaria a atratividade do real para operações com arbitragem de taxas) e o fortalecimento das matérias-primas –e por conseguinte dos termos de troca– tem estado presente em estudos de analistas prevendo cenário melhor para a taxa de câmbio, que seria beneficiada pela maior atração de recursos.

O Banco Central divulgou mais cedo que o Brasil registrou superávit em conta corrente de 5,663 bilhões de dólares em abril, com projeção de novo salto positivo de 3,6 bilhões de dólares em maio. Isso evidencia a sobra de dólares no país, que, segundo os analistas, vai exercer maior pressão de baixa sobre a moeda norte-americana.

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“Os resultados divulgados já para maio indicam mais um mês de um forte superávit em conta corrente e reforçam nossa expectativa de saldo positivo em conta corrente neste ano (de 0,1% do PIB em 2021), o primeiro desde 2007”, disseram em relatório Solange Srour e Lucas Vilela, do Credit Suisse.

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