Dólar fecha abaixo de R$3,10 pela 1º vez em mais de um ano e meio após “volta” do BC

A moeda fechou com perdas de 0,45%, a R$ 3,0960 na venda, menor nível desde 2 de julho de 2015, quando estava na mesma cotação

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O dólar fechou em queda nesta terça-feira (14), indo abaixo de R$ 3,10 pela primeira vez em mais de um ano e meio, influenciado por fluxo de ingresso de recursos e pela volta da atuação do Banco Central no mercado de câmbio. A moeda fechou com perdas de 0,45%, a R$ 3,0960 na venda, menor nível desde 2 de julho de 2015, quando estava na mesma cotação.

“A percepção é de que há mais um vendedor (BC) no mercado”, afirmou mais cedo o economista da consultoria Tendências Silvio Campos Neto. O BC brasileiro voltou a fazer leilão de swap tradicional – equivalentes à venda futura de dólares – para rolagem dos vencimentos de março, vendendo o lote integral de até 6 mil contratos, equivalente a US$ 300 milhões.

Com isso, voltou ao mercado com esse tipo de intervenção, feita pela última vez em 30 de janeiro. Se mantiver esse volume até o final do mês, e vender o lote integral, o BC rolará apenas parcialmente o lote que vence no próximo mês, de US$ 6,954 bilhões.

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Na véspera, o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, já havia indicado este movimento de queda da moeda afirmado que o mercado estava tranquilo sem a autoridade, mantendo a cotação da divisa levemente acima dos R$ 3,10. Porém, com esta entrada do BC, a liquidez aumenta, dando espaço para novas quedas.

“O mercado vai derrubar o dólar para testar o BC e ver o que ele vai fazer”, disse Galhardo ressaltando que talvez a intenção da autoridade monetária seja cortar mais os juros. “Talvez o BC queira um dólar a R$ 3,07 ou R$ 3,08 para não atrapalhar a política dele de juros mais baixos”, afirmou. Ele lembra que a manutenção da moeda no nível entre R$ 3,10 e R$ 3,12 já indicava que havia liquidez suficiente. Segundo ele, as grandes captações que estão sendo feitas pelas empresas brasileiras, já estão ajudando, e com o BC colocando mais dólares no mercado, a tendência é que a moeda recue ante o real.

“Parece que para o BC, quanto mais baixo (o dólar), melhor. Pode contribuir para cortar um pouco mais a Selic”, afirmou o diretor da consultoria de valores mobiliários Wagner Investimentos, José Faria Júnior.

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Durante a tarde, no entanto, o dólar subiu momentaneamente após a chair do Federal Reserve, Janet Yellen, ter alimentado apostas de que o banco central norte-americano pode aumentar os juros mais do que o esperado.

Yellen disse que o Fed provavelmente precisará elevar a taxa de juros em uma das próximas reuniões, embora tenha indicado incerteza considerável sobre a política econômica com a administração do presidente Donald Trump. Ela acrescentou ainda, durante audiência no Senado norte-americano, que adiar aumentos dos juros seria “insensato”.

Com mais juros, os Estados Unidos podem atrair recursos aplicados hoje em outros países, como o Brasil, o que faria o dólar a se apreciar ante o real. Os juros futuros nos Estados Unidos indicavam chances de 43% de o Fed elevar os juros três vezes, pelo menos, neste ano, frente aos 33% vistos até a véspera. Com isso, o dólar atingiu a máxima de três semanas ante uma cesta de moedas nesta sessão.

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Com Reuters

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.