Dólar é o ativo com preço “mais profundamente errado”, segundo a Verde Asset

Em carta mensal, equipe liderada por Stuhlberger se diz preparada para um de-rating dos ativos brasileiros, que nos preços de hoje não refletem de forma adequada o contínuo processo de deterioração da economia

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Segundo a equipe de gestão do Verde Asset Management, comandado por Luis Stuhlberger, divulgou sua carta mensal referente a janeiro e mostrou uma preocupação especial com o câmbio. Segundo eles, o dólar é o “ativo com preço mais profundamente errado”. Em geral, a equipe que gere um dos maiores fundos do mundo está preparada para um “de-rating dos ativos brasileiros, que nos preços de hoje não refletem de forma adequada o contínuo processo de deterioração da economia doméstica”.

“Poucas vezes […] lembro de ter visto um alinhamento de circunstâncias negativas tão forte que levaria a uma depreciação cambial. É o que chamamos de uma situação de ‘perigo real e imediato’ não precificada”, diz o relatório da equipe liderada por Stuhlberger.

No documento, a Verde ainda ressalta sua projeção de câmbio para 2015 na faixa entre R$ 2,70 e R$ 2,80, ou seja, abaixo do nível atual. “Apesar da recente depreciação do Real frente ao Dólar ainda teremos um déficit em conta corrente em 4,5% do PIB. Ou seja, aproximadamente US$ 90 bilhões”, afirma a equipe.

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Segundo a Verde, para equilíbrio da economia, é necessário um câmbio que permita o déficit em Conta Corrente permanecer no range entre 2% e 2,5% do PIB e o Investimento Estrangeiro Direto em torno de US$ 50 bilhões. “Em 2015, a economia brasileira ainda necessita de um volume muito grande de dólares para financiar o déficit em conta corrente, as amortizações de dívida e o investimento brasileiros no exterior, num contexto de captações menores e de potencial queda de investimento estrangeiro direto depois de tantos anos de má performance de atividade e de riscos crescentes”, afirma a equipe.

“Com essas premissas mais negativas para o ingresso de dólares no Brasil, haverá um buraco de mais de US$ 30 bilhões no ano no Balanço de Pagamentos. A taxa de câmbio é o mecanismo que fará com que ao longo do tempo esse buraco se ajuste”, completam os analistas. Basicamente, segundo a Verde, o que sustenta essa tese de “preço errado” do câmbio é o fato do mundo estar ainda com taxas de juros negativas ou zeradas, enquanto o Brasil ainda se mostra um lugar com bom potencial de investimento neste sentido.

A dificuldade em ficar posicionado contra o carry é imensa do ponto de vista de um gestor de portfólio, mas é exatamente por isso que a grande oportunidade existe”, afirma a equipe no documento. “Poucas vezes […] lembro de ter visto um alinhamento de circunstâncias negativas tão forte que levaria a uma depreciação cambial. É o que chamamos de uma situação de “perigo real e imediato” não precificada”, completa.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.