Dólar cai pelo terceiro dia seguido, a R$ 4,92, com indicadores de inflação e PIB dos EUA

Ainda que o PIB tenha crescido acima do esperado, dados de inflação vinculados a ele sugeriram um cenário positivo para os índices de preços nos EUA

Reuters

Dólar e Real (Foto: Getty Images)

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SÃO PAULO (Reuters) – O dólar emplacou nesta quinta-feira a terceira sessão consecutiva de baixa ante o real, em sintonia com a queda dos rendimentos dos Treasuries no exterior, com investidores avaliando positivamente os indicadores de inflação divulgados juntamente com o relatório do PIB dos EUA no quarto trimestre de 2023.

O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,9228 reais na venda, em baixa de 0,19%. Em três dias, a moeda acumulou queda de 1,30%. Em janeiro, porém, o dólar acumula elevação de 1,47%.

Na B3, às 17:26 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,16%, a 4,9290 reais.

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Pela manhã, o Departamento do Comércio dos EUA informou que o Produto Interno Bruto no último trimestre do ano passado aumentou a uma taxa anualizada de 3,3%, bem acima da mediana das expectativas dos economistas consultados pela Reuters, de alta de 2,0%.

Ainda que o PIB tenha crescido acima do esperado, dados de inflação vinculados a ele sugeriram um cenário positivo para os índices de preços nos EUA.

O índice PCE aumentou apenas 1,7% no quarto trimestre, ante 2,6% no terceiro trimestre. Já o deflator do PIB teve alta de 1,5%, abaixo dos 2,3% esperados pelo mercado conforme pesquisa da Reuters.

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“Impressionante como a economia americana está robusta, crescendo mais do que se imagina”, avaliou Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, em comentário enviado a clientes.

“Por outro lado, veio uma boa notícia na parte de preços, (com) o deflator implícito do PIB mostrando uma inflação mais baixa do que se imaginava, com uma alta de 1,5%. O esperado era 2,2% anualizado. No núcleo, o esperado era 2% e veio 2%”, acrescentou Gala.

Em relatório separado nesta quinta-feira, o Departamento do Trabalho informou que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego aumentaram em 25 mil, para um ajuste sazonal de 214 mil, na semana encerrada em 20 de janeiro. Os economistas previam 200 mil pedidos na última semana.

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Neste cenário, os rendimentos dos Treasuries se mantiveram em baixa, o que também pesou na relação do dólar ante outras divisas, como o real.

“Os dados do quarto trimestre dos EUA trouxeram algum conforto para o mercado. A percepção de ‘soft landing’ (pouso suave) da economia norte-americana está ganhando força”, afirmou o diretor da assessoria de câmbio FB Capital, Fernando Bergallo. “(Rendimento dos) Treasuries caindo, dólar em linha no Brasil”, acrescentou.

Neste cenário, o dólar à vista variou da máxima de 4,9426 reais (+0,21%) às 10h31 — numa primeira reação dos investidores aos dados robustos do PIB dos EUA — para a mínima de 4,9072 reais (-0,50%) às 12h22 — quando os números de inflação ligados ao PIB já haviam sido digeridos.

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A queda das cotações ocorria no Brasil a despeito de, durante a tarde, o dólar ter recuperado a força ante as divisas fortes e em relação a boa parte das moedas de exportadores de commodities e emergentes.

Às 17:26 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– subia 0,28%, a 103,580.

Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de março.

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À tarde, o BC informou que o Brasil registrou fluxo cambial total positivo de 4,846 bilhões de dólares em janeiro até o dia 19, com entradas líquidas de 2,402 bilhões de dólares pelo canal financeiro e entradas de 2,444 bilhões de dólares pela via comercial.

Apesar do feriado municipal em São Paulo nesta quinta-feira, a liquidez no mercado de câmbio brasileiro pouco destoou do verificado em dias normais. No caso do dólar futuro para fevereiro, por exemplo, o mais líquido do mercado, foram negociados mais de 230 mil contratos até as 17h.

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