Dólar fecha quase estável, a R$ 4,96, em dia de dados fracos nos EUA

Dados fracos do varejo e da indústria dos EUA motivarem apostas de que o Federal Reserve pode não levar tanto tempo para cortar os juros

Reuters

Gráfico do mercado de ações em nota de 100 dólares.
Gráfico do mercado de ações em nota de 100 dólares.

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SÃO PAULO (Reuters) – O dólar à vista fechou a quinta-feira muito próximo da estabilidade ante o real, numa sessão marcada pela queda quase generalizada da moeda norte-americana no exterior, após dados fracos do varejo e da indústria dos EUA motivarem apostas de que o Federal Reserve pode não levar tanto tempo para cortar os juros.

Numa sessão em que as cotações se mantiveram em margens estreitas, o dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 4,9687 na venda, em leve queda de 0,08%. Em fevereiro, a moeda acumula alta de 0,61%.

Na B3, às 17:11 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,03%, a R$ 4,9770.

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Mais uma vez, os fatores que direcionaram os preços no Brasil vieram do exterior.

Pela manhã, o Departamento do Comércio informou que as vendas no varejo dos EUA caíram 0,8% em janeiro, um resultado pior que a queda de 0,1% esperada pelos economistas. Os dados de dezembro foram revisados para baixo, mostrando aumento de 0,4% das vendas, e não de 0,6% como informado antes.

Já a produção industrial norte-americana caiu 0,1% em janeiro ante dezembro, resultado também pior que a alta de 0,3% esperada pelos economistas.

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Os números negativos do varejo e da indústria acabaram deixando em segundo plano os dados favoráveis dos pedidos iniciais de auxílio-desemprego, que caíram 8 mil, para 212 mil, na semana encerrada em 10 de fevereiro, considerando os ajustes sazonais.

Na prática, a percepção dos dados do dia foi mais negativa do que positiva, o que colocou os yields dos Treasuries em baixa e, em paralelo, o dólar em queda ante as demais divisas. A leitura era de que, com a economia desacelerando, o Fed pode ter espaço para cortar juros em maio — e não necessariamente apenas em junho, como vem sendo precificado.

Às 10h31, logo após a divulgação dos números do varejo dos EUA, o dólar à vista marcou a cotação mínima de R$ 4,9581 (-0,29%). À tarde, porém, houve certa recuperação da moeda norte-americana, que chegou a oscilar no território positivo, marcado a máxima de R$ 4,9840 (+0,23%) às 13h10.

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Para Thiago Avallone, especialista de câmbio da Manchester Investimentos, os dados divulgados nos Estados Unidos intensificaram as dúvidas sobre quando ocorrerá o primeiro corte da taxa de juros pelo Fed.

“Nós vimos o (chair do Fed, Jerome) Powell batendo na tecla de que a tomada de decisões será em cima de dados. Então, ele está buscando mais informações, mais consistência nesta ida da economia para a meta de inflação, para começar a cortar a taxa de juros”, avaliou.

Em análise enviada a clientes, o head de câmbio para o norte e nordeste da B&T Câmbio, Diego Costa, afirmou que os dados de seguro-desemprego, vendas no varejo e produção industrial nos EUA aumentaram a “incerteza no panorama global”.

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“Essa falta de clareza pode levar os investidores a procurar ativos considerados mais seguros, como o dólar americano”, disse Costa. “A moeda norte-americana vem enfrentando resistência na faixa entre R$ 4,90 e R$ 5, oscilando entre esses extremos em períodos de otimismo e tensão.”

O dólar à vista encerrou o dia em leve baixa no Brasil, acompanhando o exterior, onde a divisa dos EUA caía de forma praticamente generalizada ante as demais divisas.

Às 17:11 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– caía 0,37%, a 104,290.

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Pela manhã, o BC vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados para rolagem dos vencimentos de abril.

À tarde, o BC informou que o Brasil registrou fluxo cambial total positivo de US$ 5 milhões em fevereiro até o dia 9, com saídas líquidas de US$ 1,445 bilhão pela via financeira e entradas de US$ 1,450 bilhão pelo canal comercial.

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