Dólar cai 0,47%, a R$ 4,93, após ação da China para estimular economia

O dólar à vista operou em baixa durante toda a sessão, em sintonia com o exterior

Reuters

Dólar e Real (Foto: Getty Images)

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SÃO PAULO (Reuters) – O dólar emplacou nesta quarta-feira a segunda sessão consecutiva de baixa ante o real, em sintonia com a queda da divisa dos EUA no exterior e ao avanço de commodities como o minério de ferro, após a China anunciar medidas para estimular sua economia.

O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,9321 reais na venda, em baixa de 0,47%. Em dois dias, a moeda acumulou queda de 1,12%. Ainda assim, em janeiro o dólar acumula elevação de 1,66%. Na B3, às 17:24 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,52%, a 4,9335 reais.

O dólar à vista operou em baixa durante toda a sessão, em sintonia com o exterior. Desde a madrugada, com os mercados asiáticos abertos, os ativos em todo o mundo reagiam à notícia de que autoridades chinesas estão avaliando medidas para estabilizar seu mercado de ações. O plano incluiria o uso de 2 trilhões de iuanes (278,53 bilhões de dólares), principalmente de estatais, para compra de ações.

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Também durante a madrugada no Brasil, o banco central chinês anunciou a redução dos compulsórios — recursos que os bancos devem manter como reservas — a partir de 5 de fevereiro, em 50 pontos-base, em medida que liberará para o mercado de crédito 1 trilhão de iuanes (139,45 bilhões de dólares). Em março e setembro do ano passado, o BC chinês já havia promovido cortes de 25 pontos-base dos compulsórios.

A movimentação da China para acelerar sua economia favoreceu ao redor do mundo ativos como o minério de ferro — importante produto de exportação da pauta brasileira –, os índices de ações da Europa e da Ásia e as moedas de países exportadores de commodities, como o real.

Com isso, o dólar à vista registrou a cotação mínima de 4,9080 reais (-0,96%) às 10h04. Internamente, a avaliação de alguns profissionais era de que a questão fiscal também ajudava no recuo do dólar — ou pelo menos não atrapalhava.

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Na segunda-feira, o dólar subiu mais de 1%, em meio aos receios de que o programa “Nova Indústria Brasil”, do governo federal, pudesse deteriorar as contas públicas. Na terça, o mercado já corrigiu esta avaliação e o dólar registrou queda firme, com a leitura de que será o BNDES o responsável pela maior parte dos financiamentos, sem que o Tesouro tenha necessariamente que participar.

Nesta quarta-feira, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, reforçou esta leitura. Segundo ele, o plano para a indústria “não tem nada a ver com a questão fiscal” e o governo “não vai fazer nenhum aporte de dinheiro para o BNDES”.

Para o diretor da assessoria de câmbio FB Capital, Fernando Bergallo, a baixa do dólar nesta quarta também foi uma continuidade do movimento da véspera.

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“Acho que temos um movimento de venda (de dólares) na esteira de ontem (terça-feira). O dólar puxou forte demais na segunda, e sempre quando encosta em 5,00 reais ele chama vendedores ao mercado”, pontuou Bergallo. “E hoje a fala do Alckmin ajudou, quando ele disse que o governo não vai aportar recursos no BNDES.”

No exterior, o dólar também seguia em queda no fim da tarde, numa sessão favorável à maior parte das divisas de exportadores de commodities e às demais moedas fortes.

Às 17:24 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– caía 0,23%, a 103,260.

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Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de março.

À tarde, o BC voltou a atrasar a divulgação da taxa de câmbio Ptax, em função do movimento dos funcionários da autarquia por melhores condições de trabalho. Normalmente divulgada pouco após as 13h10, a Ptax do dia foi anunciada apenas às 15h17. A taxa fechou em 4,9186 reais para compra e em 4,9192 reais para venda.

O Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central informou à Reuters que a operação padrão dos servidores vai até pelo menos dia 8 de fevereiro, quando ocorre reunião com o governo. O BC não comentou o atraso na divulgação.

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