Dólar a R$ 2,30 em 2013? HSBC lista quem ganha e quem perde com esse cenário

Banco eleva participação de Vale na carteira e reduz espaço de Petrobras; SLC Agrícola passa a fazer parte do portfólio

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – A valorização recente do dólar em relação ao real tem sido uma das grandes preocupações do governo em 2012. Muitos apostam que a taxa de câmbio ultrapasse a “resistência” atual dos R$ 2,10 no ano que vem, o que pode prejudicar muitas empresas e ao mesmo tempo beneficiar outras. Nesse sentido, saber se posicionar nas ações certas é essencial para não ter grandes surpresas em seu portfólio.

Ajudando o investidor nessa empreitada, o HSBC revisou sua carteira recomendada de modo a se preparar para uma taxa de câmbio de R$ 2,30, que é a projeção atual do banco para o dólar em 2013. As principais mudanças ficaram com Vale e Petrobras: enquanto a primeira ganhou mais participação na carteira do HSBC, a segunda perdeu espaço. Outra novidade foi a inclusão da SLC Agrícola.

Mais Vale, menos Petro
Falando sobre as duas principais blue chips da bolsa brasileira, os analistas Alexandre Gartner e Francisco Machado, que assinam o relatório do HSBC, apontam que a Vale deve se beneficiar imensamente desse movimento, visto que essa alta do dólar impulsiona o preço das exportações em moeda local, enquanto a Petro  deverá ter ainda mais problemas. 

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“A Petrobras enfrenta um cenário desafiador, já que importa gasolina e vende abaixo do preço de paridade internacional”, apontam os analistas. “A exposição dos investimentos [do setor de petróleo e gás] ao dólar também representa uma preocupação para a Petrobras e a OGX”, complementam. 

SLC Agrícola: novidade da carteira
A expectativa de alta do dólar levou ainda à inclusão da SLC Agrícola e elevação da exposição de outras empresas beneficiadas. “Acreditamos que a empresa está em posição para ser favorecida pela desvalorização do real e que o recente enfraquecimento da ação propicia um ponto de entrada interessante”, afirma.

Dentre as mais beneficiadas, também aparecem Brasil Foods, São Martinho, Fibria, Suzano, Gerdau e Embraer – embora nem todas tenham entrado no portfólio recomendado pelo HSBC, que busca balanço, devido ao risco de que a tese principal não se confirme. Por outro lado, Gol, OGX, Dasa, Fleury e Marfrig devem ser prejudicadas.

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Carteira recomendada pelo HSBC para o cenário de dólar a R$ 2,30:

Empresa Ação Peso Comentário do Analista
Itaú Unibanco ITUB4 17,5% “É o setor preferido em função da recuperação da economia, e os beneficíodos dos cortes de custos favorecem as margens”, Victor Galliano
Odontoprev ODPV3 5% “Nossa história de crescimento preferida no Brasil”, Luciano Campos
Vale VALE3 17,5% “Empresa grande e menosprezada, maior beneficiária do “pouso suave na China e da desvalorização do real. Aumentamos a alocação”, Jonathan Brandt
Lojas Renner LREN3 4,5% “Os benefícios trazidos pela recuperação econômica na receita de serviços financeiros são relevantes”, Francisco Chevez
Brasil Foods BRFS3 6,0% “Benefícios pela desvalorização do real e aumento nos preços de exportação”, Pedro Herrera
Bradesco BBDC4 12,0% “Setor preferido em função da recuperação da economia”, Victor Galliano
SLC Agrícola SLCE3 3,0% “Benefícios com a desvalorização do real, já que os preços de terras são baseados em commodities cotadas em dólares”, Pedro Herrera
Gerdau GGBR4 5,0% “Desvalorização do real beneficia a empresa, pois cerca de 70% da receita é vinculada ao dólar”, Jonathan Brandt
Pão de Açúcar PCAR4 3,5% “50% de exposição ao consumo discricionário, além da melhoria da governança corporativa”, Francisco Chevez
BM&FBovespa BVMF3 4,0% “Aumento do beta na carteira. Empresa será beneficiada, caso os volumes de negociação aumentem. A desvalorização do real pode reduzir os riscos de controle de capital”, Victor Galliano
Petrobras PETR3 16,0% “Empresa grande e menosprezada, será negativamente afetada pela desvalorização do real, reduzimos a alocação”, Anisa Redman 
Ambev AMBV4 6,0% “A avaliação parece desafiadora, mas em boa posição para enfrentar a desvalorização do real, mas forte poder de colocação de preços para repassar pressões de custos”, Lauren Torres