Publicidade
SÃO PAULO – Sem dúvida o alto patamar dos juros contribui para tornar a vida do pequeno empresário brasileiro ainda mais difícil, mas na opinião do presidente do Simpi (Sindicato da Micro e Pequena Empresa de São Paulo), Joseph Couri, o maior problema enfrentado pelos empresários é o excesso de rigor por parte dos bancos na concessão de empréstimos.
Maioria nunca levantou empréstimo
Para comprovar sua afirmação o presidente do Simpi se baseia nos resultados de uma pesquisa feita pelo sindicato na qual constatou-se que 79% das micro e pequenas empresas nunca levantaram um empréstimo bancário convencional, enquanto 16% delas tentaram mas foram rejeitadas por terem poucas garantias a oferecer ou simplesmente devido ao excesso de rigidez na concessão de crédito por parte dos bancos.
O rigor na concessão de financiamentos também pode ser evidenciado pelo fato de que apesar de um convênio entre o Simpi, o Banco do Brasil e a Caixa contar com R$ 26 milhões para emprestar a micro e pequenas empresas, apenas R$ 4 milhões, ou cerca de 15% deste montante, foi efetivamente concedido.
Continua depois da publicidade
Destinado a empresas com faturamento bruto anual de até R$ 3 milhões, o convênio oferece linhas de financiamento atreladas à TJLP (Taxa de juros de longo prazo). Os custos dos financiamentos estão fixados em TJLP+5,33% ao ano, ou o equivalente no momento a 17,33% ao ano, o que em termos mensais equivale a uma taxa de 1,34%.
Alternativas dependem da atividade da economia
Outro levantamento do Sebrae constatou que as micro e pequenas empresas utilizam outras formas de financiamento para obter recursos, como por exemplo, o uso de cheques pré-datados (41%) ou a negociação com fornecedores (55%). Diante disto, o economista do Sebrae, Pedro Gonçalves, acredita que, em um cenário de juros altos, o que mais prejudica estes empresários é, na verdade, a queda de atividade da economia, pois dificulta estas negociações.
Ainda segundo dados do Sebrae, o faturamento das micro e pequenas empresas do país teria caído cerca de 14% em maio deste ano frente ao mesmo período do ano passado, o que sugere que dificilmente estas empresas conseguirão fechar o ano com um crescimento no faturamento.
Excesso de burocracia
O empresário que precisa recorrer a uma linha de empréstimo bancário para manter as portas do seu negócio abertas está correndo o risco de ser forçado a fechar as portas antes de ter seu empréstimo aprovado. Isto porque a burocracia envolvida na concessão destes empréstimos faz com que muitos tenham que esperar quase 18 meses para conseguir receber o dinheiro de que precisam.
A espera se justifica pelo diferencial de juros, afinal o empresário que não conta com linhas de longo prazo acaba tendo que utilizar linhas de curto prazo a custos bem mais elevados.
Mas é exatamente aí que reside o problema, pois em alguns casos a liberação das linhas mais longas exige que o empresário seja capaz de comprovar 12 meses de faturamento. Mas como comprovar um faturamento se estas mesmas empresas sequer contam com capital de giro suficiente?
Continua depois da publicidade
Em caso de erro na apresentação da documentação o empresário tem 60 dias para corrigir a informação, mas depois de passado este tempo a informação acabava ficando desatualizada e o empresário é obrigado a fazer novas atualizações, entrando em um processo perverso onde o tempo decididamente não está a seu favor.
Diante disto, a maioria dos micro e pequenos empresários concorda que a discussão acerca do patamar correto a ser praticado para a taxa de juros básica da economia, a Selic (24,5% ao ano), parece irrelevante. Não só porque os custos dos financiamentos a que têm acesso em geral são bem mais altos, de no mínimo 60% ao ano, mas, sobretudo, porque sequer conseguem ter seu empréstimo aprovado.
Telefones úteis
Abaixo listamos alguns telefones de contato que podem ser úteis para o pequeno empresário que busca orientação de como proceder na hora de tentar buscar um empréstimo:
Continua depois da publicidade
- Sebrae: 0800-780202;
- Facesp: 011-3179-3800;
- Associação Comercial de São Paulo: 3244-3030;
- Simpi: 011-3062-5211.