Dia D de Murilo Ferreira na Vale, fim das ações PN da Eletropaulo e 7 resultados no radar

Confira os destaques do noticiário corporativo desta sexta-feira (24)

Rodrigo Tolotti

(Divulgação)

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SÃO PAULO – O noticiário corporativo é bastante movimentado, com destaque para a temporada de resultados, com os números da Marfrig, BRF, Pão de Açúcar e outras companhias. Além disso, ocorre hoje a reunião do Conselho de Administração da Vale para decidir sobre a saída de Murilo Ferreira, enquanto a Eletropaulo entrou com pedido de migração para o Novo Mercado da Bovespa. Confira outros destaques desta sexta-feira (24):

Vale (VALE3; VALE5)
Na manhã desta sexta deve ser tomada uma grande decisão pelo Conselho de Administração da Vale: o presidente Murilo Ferreira continua ou não no cargo? Segundo o jornalista Lauro Jardim, do jornal O Globo, a reunião ocorre às 9h (horário de Brasília), na sede da companhia no Rio de Janeiro, e a tendência é que ele deixe o comando da mineradora.

As discussões sobre o caso começaram quando Michel Temer assumiu a presidência do país, e ganhou força nas últimas semanas conforme se aproximava a reunião do conselho da companhia, que é liderado pelo presidente da Previ, Gueitiro Genso. Jardim afirma que tucanos, peemedebistas, arrivistas e outros grupos têm trabalhado bastante pela saída de Ferreira.

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O mandato do atual presidente da mineradora se encerra em maio, e caso saia, estará deixando a companhia em um dos seus melhores momentos diante da disparada do minério de ferro, aliado a uma administração que cortou gastos e vendeu ativos da empresa, levando a um forte lucro de R$ 13 bilhões em 2016, superando todas as expectativas dos analistas.

Vale lembrar ainda, que no início desta semana foi divulgado o novo acordo de acionistas da Vale, que, entre outras coisas, prevê o início da migração da empresa para o Novo Mercado (o que levará ao fim das ações PN e irá pulverizar seu controle), além da extinção da Valepar, holding controladora da mineradora e que reúne os acionistas Litel (onde estão representados Previ, Fundação Ces, Petros e Funcef), Mitsui, Bradespar, BNDESpar e Elétron.

O jornalista do Globo ainda destaca que após decidida a saída de Ferreira, deve ter início uma nova novela na companhia para decidir quem assumirá o comando da empresa, já que há uma grande briga política nos bastidores. Mesmo sendo uma empresa privada, o novo presidente da Vale será escolhido pelo presidente Temer.

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Marfrig (MRFG3)
A companhia de alimentos Marfrig teve prejuízo líquido de R$ 270,7 milhões no quarto trimestre de 2016, maior do que o resultado negativo de R$ 194,9 milhões apurado nos mesmos meses do ano anterior.

No material de divulgação do resultado, a empresa também afirma que, excluindo o ganho auferido em vendas de ativos e participações, bem como seus resultados operacionais, houve prejuízo de R$ 241 milhões contra perda de R$ 72,1 milhões um ano antes. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) somou R$ 355,5 milhões de reais ante R$ 464,3 milhões no último trimestre de 2015.

No acumulado de 2016, a companhia teve prejuízo líquido de R$ 726 milhões, redução de quase 50% ante o prejuízo de R$ 1,424 bilhão registrado no ano anterior. Boa parte deste desempenho ocorreu por conta do melhor resultado financeiro. Devido à apreciação do real, que reduz as despesas com juros, e à gestão de dívida (a empresa fez captações no exterior para quitar dívidas mais caras), a Marfrig reduziu o prejuízo financeiro em R$ 1,1 bilhão no ano passado, para aproximadamente R$ 2 bilhões.

BRF (BRFS3)
A empresa de alimentos BRF teve prejuízo no quarto trimestre, refletindo cenário de custos ainda elevados, combinado com prática de preços menores para defender participação de mercado em regiões chave.

A companhia anunciou nesta quinta-feira que teve prejuízo líquido de R$ 460 milhões no período, ante lucro líquido de R$ 1,415 bilhão no mesmo período de 2015. No relatório, a companhia afirmou que o resultado refletiu principalmente o impacto do desempenho operacional mais fraco. A receita líquida da BRF no período caiu 4,1% ano a ano, para R$ 8,59 bilhões.

O resultado operacional da companhia medido pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) teve uma queda de 70,4%, para R$ 559 milhões.

A companhia explicou que os custos de matérias-primas como grãos seguiram elevados. Pelo lado da demanda, além da recessão no Brasil, a companhia citou que o crescimento de produção de frango em alguns países relevantes pressionou a competição com o produto brasileiro exportado. Ademais, o resultado financeiro da BRF ficou negativo em R$ 600 milhões, ante número também negativo de R$ 381 milhões em igual etapa do ano anterior.

Pão de Açúcar (PCAR4)
O Grupo Pão de Açúcar fechou o quarto trimestre de 2016 com prejuízo líquido consolidado de R$ 29 milhões, uma melhora ante o prejuízo líquido de R$ 384 milhões do mesmo período do ano anterior. O Assaí foi o único segmento do grupo que registrou resultado positivo nesta base de comparação, com alta de 56,9% no lucro líquido, para R$ 146 milhões.

A receita líquida consolidada do Grupo subiu 12,1% no quarto trimestre, para R$ 11,7 bilhões, ante os R$ 10,4 bilhões do mesmo período do ano anterior. O custo de vendas da companhia cresceu 15,5%, para R$ 9,0 bilhões no quarto trimestre de 2016, ante R$ 7,8 bilhões no mesmo trimestre de 2015. Já o Ebitda entre outubro e dezembro ficou em R$ 467 milhões, queda de 40,2% ante os R$ 781 milhões de um ano antes.

Multiplus (MPLU3)
A Multiplus reportou um lucro líquido de R$ 116,2 milhões no quarto trimestre do ano passado, uma queda de 7,6% em relação ao mesmo período de 2015. Enquanto isso, a receita líquida da companhia recuou 5,7% no mesmo período, passando de R$ 580,6 milhões para R$ 547,4 milhões. Já a receita com venda de pontos ficou em R$ 523,6 milhões nos três últimos meses de 2016.

Os pontos emitidos pela companhia entre outubro e novembro caíram 5,9%, para 20,1 bilhões, refletindo uma redução de 11,3% no número de pontos emitidos para os bancos, impactado pelos menores gastos em geral no cartão de crédito. Já os resgates somaram 17,9 bilhões de pontos, uma queda de 3,2% por conta do cenário econômico ruim.

Hering (HGTX3)
A Hering fechou o quarto trimestre de 2016 com queda de 38,7% em seu lucro líquido, que ficou em R$ 50,9 milhões. O resultado, segundo a companhia, foi afetado pelo desempenho de vendas em redes multimarcas e lojas de franquias. A empresa também ressaltou que registrou um ganho não recorrente em 2015 de R$ 53,5 milhões, relativo à liquidação de subsidiária e dívida intercompanhia, o que tornou a base de comparação mais alta.

No mesmo período, a receita líquida recuou 14,8%, para R$ 432,1 milhões. As vendas brutas da Hering Store tiveram queda de 19%, para R$ 384,9 milhões, enquanto a Hering Kids avnaçou 10,3%, a R$ 64,4 milhões, sendo o único segmento que registrou crescimento.

Marisa (AMAR3)
A varejista de roupas Marisa registrou prejuízo líquido de R$ 6 milhões entre outubro e dezembro do ano passado, revertendo o lucro líquido de R$ 16,7 milhões do mesmo período do ano anterior. Segundo a companhia, o desempenho foi afetado pela queda nas vendas no período. A receita líquida caiu 14,8%, para R$ 673,8 milhões, enquanto as vendas em mesmas lojas (lojas abertas há mais de um ano) recuaram 14,8%.

No período, houve uma queda de 22,6% nos custos de produtos vendidos, para R$ 338,6 milhões, enquanto as despesas gerais e administrativas aumentaram 7,6%, para R$ 335,2 milhões. A Marisa associou esse aumento a gastos com reoneração da folha de pagamentos e com provisões para pagamento de remuneração sobre resultados, totalizando R$ 8,8 milhões.

Engie (EGIE3)
A geradora de energia Engie Brasil, controlada pela francesa Engie, reportou lucro líquido de R$ 475,6 milhões no quatro trimestre de 2016, o que representa queda de 20,7% ante o mesmo período do ano anterior, disse a empresa nesta quinta-feira.

A companhia, uma das maiores geradoras do Brasil, teve uma geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de R$ 824 milhões no último trimestre do ano passado, recuo de 14,8% na comparação com mesmo período do ano anterior.

Eletropaulo (ELPL4)
A Eletropaulo anunciou que submeteu aos seus acionistas a proposta de migração da companhia para o Novo Mercado da BM&FBovespa. Segundo a companhia, a iniciativa tem três objetivos.

O primeiro é aumentar o nível de governança corporativa e transparência a partir da extensão do direito de voto a todos os acionistas. O segundo é “aumentar a capacidade de investimento necessária para fomentar o seu crescimento, na medida que facilita novas captações pela companhia e espera-se que reduza seu custo de capital”.

Por fim, a Eletropaulo também espera “potencializar a liquidez das ações negociadas publicamente pela companhia, por meio da consolidação da negociação dos valores mobiliários exclusivamente em ações ordinárias, aumentando a atratividade para novos investidores”.

A empresa informou ainda que dará início à preparação da documentação a ser apresentada aos órgãos reguladores competentes, incluindo a proposta de reforma do Estatuto Social da companhia para adequá-lo às exigências do Regulamento de Listagem do Novo Mercado.

Uma vez concluídas as tratativas, a Eletropaulo convocará assembleia geral de acionistas e assembleia especial de acionistas preferenciais para deliberar sobre o assunto. A expectativa da administração da companhia é que a migração para o Novo Mercado seja concluída no quarto trimestre de 2017.

Vale lembrar que uma das principais exigências para entrar para o Novo Mercado é que a companhia tenha apenas ações ordinárias (com direito a voto). Neste sentido, a Eletropaulo informou que irá convocar seus acionistas para aprovar a conversão dos papéis PN em ON, sendo que quem tiver papéis preferenciais da empresa e  votar contra a conversão, se abstiver de votar ou não comparecer à assembleia especial, poderá pedir o reembolso do que tem investido.

A companhia divulgou também um plano de investimento de R$ 3,97 bilhões no período 2017-2021. Desse total, R$ 3,542 bilhões serão de recursos próprios e os R$ 428 milhões restantes devem vir de projetos financiados por clientes.

A companhia de eletricidade divulgou também um plano de produtividade, que prevê reduzir em R$ 200 milhões seus custos operacionais em 2017 em relação ao ano passado e outros R$ 150 milhões de economia em 2018.

Recomendações
Entre as mudanças de recomendações desta sexta, o HSBC rebaixou a Usiminas (USIM5) de compara para manutenção, enquanto a Weg (WEGE3) foi elevada de neutra para overweight pelo JPMorgan

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.