Dexco (DXCO3) cai 12%, Totvs (TOTS3) e Armac (ARML3) têm alta acima de 5% e mais reações “extremas” aos resultados do 3º tri

BrasilAgro e Taurus também estão entre os papéis em baixa após os resultados

Lara Rizério Camille Bocanegra

(Divulgação)

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A temporada de balanços do terceiro trimestre de 2023 se intensifica, com diversas empresas também repercutindo de forma bastante expressiva os resultados do período.

Nesta quarta-feira (8), o grande destaque ficou com a baixa de mais de 10% das ações da Dexco (DXCO3, R$ 6,63, -12,19%), ex-Duratex, após o balanço. BrasilAgro (AGRO3, R$ 23,85, -6,62%) e Taurus (TASA4, R$ 14,19, -7,25%) também registraram baixa expressiva após o resultado, assim como Arezzo (ARZZ3, R$ 59,63, -4,70%). A última, por sua vez, registrou fortes ganhos na véspera, sessão pré-resultado.

Já entre as maiores altas, o destaque ficou para Totvs (TOTS3, R$ 30,31, +5,65%), Armac (ARML3, R$ 14,25, +6,74%) e Valid (VLID3, R$ 16,57, +3,76%).

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Confira as análises dos balanços das ações que mais reagem na Bolsa aos números do 3º trimestre:

Maiores baixas

Dexco DXCO3)

A Dexco reportou alta do lucro líquido de 93%, mas queda de 41,8% do lucro líquido recorrente, para R$ 94,8 milhões no terceiro trimestre.

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“Mesmo com a conjuntura macroeconômica começando a demonstrar leves sinais de melhora com o aumento dos índices de confiança e queda da taxa de juros, ainda não há impacto significativo nos segmentos de atuação da Dexco”, afirmou a empresa em comunicado.

O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês)( ajustado recorrente encolheu 30,7%, com queda em margem, enquanto a receita líquida consolidada caiu 18,2%, com declínio no volume expedido em Deca, Revestimentos Cerâmicos e Painéis.

“Ainda em meio à um cenário de mercado adverso, a companhia também foi impactada por um período de ajuste operacional nas Divisões Madeira e Metais e Louças em julho devido à implementação do SAP 4/Hana”, afirmou a empresa no material de divulgação do balanço à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

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“Além disso, a melhora no preço de insumos na Divisão Madeira não foi suficiente para compensar os impactos decorrentes da adequação fabril da Divisão de Acabamentos à demanda atual de mercado”, acrescentou.

A companhia também encerrou setembro com dívida líquida de 4,7 bilhões de reais, aumento de 22,9% em relação ao terceiro trimestre de 2022, com a alavancagem medida pelo endividamento líquido/Ebitda recorrente e ajustado saltando a 3,47% vezes, de 1,96 vez um ano antes. No final de junho, era 3,08 vezes.

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Analistas do JPMorgan consideraram o balanço negativo, afirmando esperar uma revisão para baixo nas projeções de mercado para a companhia.

O Goldman Sachs também apontou os números como fracos. “Apesar de alguns sinais de melhoria sequencial do mercado para o importante segmento de madeira, a ausência de vendas de toras no trimestre levou a um Ebitda de 16% abaixo em relação às nossas estimativas. Entendemos que a produção de painéis melhorou e levou a uma menor quantidade de toras disponíveis para venda, mas a melhoria foi apenas marginal e ficamos surpresos que a empresa não monetizou o excesso de madeira no trimestre”, apontou.

Já as divisões Deca e Cerâmica continuam passando por uma recuperação, mas como o Goldman projetava, isso requer decisões difíceis e caras (por exemplo, ganho de participação de mercado através de cortes de preços e melhoria industrial através da descontinuação de ativos) em condições de mercado desafiadoras, de modo que o Ebitda consolidado para as divisões continuam próximas de zero. O nível de despesas pontuais chamou também a atenção. Já o projeto LD da Dexco foi uma surpresa positiva com uma boa impressão de custos.

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O Goldman tem recomendação neutra para o papel, mas observa risco negativo decorrente da pressão contínua do fluxo de caixa livre relacionada à recuperação dos negócios, investimentos elevados e condições macroeconômicas desafiadoras contínuas. “Do lado positivo, a melhoria mais rápida do que o esperado na Deca e na Ceramic Tiles é uma fonte potencial de surpresa positiva”, avalia.

Arezzo (ARZZ3)

A Arezzo registrou alta de 4,2% no lucro líquido recorrente do terceiro trimestre de 2023, em comparação com o mesmo período do ano passado. A cifra ficou em R$ 107,1 milhões, comparados aos R$ 102,8 milhões do ano passado.

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O Bradesco BBI viu o resultado do 3T23 da Arezzo&Co como neutro para suas ações, pois esse conjunto de resultados era globalmente esperado pelo mercado. A linha do Ebitda um pouco acima do previsto foi boa, mas não o suficiente para justificar uma revisão para cima em seus lucros.

“No futuro, esperamos que a maior parte da desaceleração nas vendas já tenha ocorrido e se estabilizado na faixa de 10-15% em base anual nos próximos trimestres, o que ainda está à frente da maioria dos pares da Arezzo&Co em nossa cobertura de Vestuário & Estilo de Vida”, aponta.

As áreas a serem investigadas mais detalhadamente a partir do resultado do 3T23, na opinião do banco, são as operações internacionais e as perspectivas de vendas da Schutz, bem como as tendências da margem Ebitda à medida que a empresa expande sua presença de lojas próprias, o que acarreta uma compensação natural entre margem bruta incremental versus despesas.

O banco manteve preço-alvo para 2024 de R$100 e uma recomendação de compra para as ações, devido ao impulso mais forte em relação ao restante das ações de sua cobertura.

O Itaú BBA também tem recomendação de compra para os ativos, com o mesmo target. A Arezzo apresentou um resultado resiliente no terceiro trimestre, como o esperado, avalia.

“O crescimento de receita veio em linha com os nossos números (que eram um pouco abaixo do consenso), liderado pela Anacapri e AR&CO. Esse crescimento veio principalmente dos aumentos de preços, dado o declínio anual de 6% no volume de sapatos e bolsas – um ponto a ser monitorado no futuro”, aponta.

Entre os destaques, o BBA ressalta o avanço da margem Ebitda (rentabilidade operacional), que superou suas expectativas em 0,7 ponto porcentual (pp) ao avançar 2,3 pp na comparação anual, impulsionada pela expansão 1 pp da margem bruta (acima das expectativas do mercado) e pelos esforços da empresa para melhorar a eficiência de despesas.

Para a XP, a Arezzo&Co. reportou resultados mistos, com números consolidados em linha, mas com pontos de atenção em Schutz e dinâmica de volume. “Mantemos nossa recomendação de compra e preço-alvo de R$ 90 por ação”, apontou.

BrasilAgro (AGRO3)

A BrasilAgro encerrou o primeiro trimestre desta safra 2023/24, encerrado em setembro, com lucro líquido de R$ 30 milhões, 29% menor que o registrado no mesmo período do ano passado.

A receita líquida atingiu R$272,2 milhões (-9,4% frente 3T22), reflexo da supersafra de soja e milho que pressionou os prêmios para esses grãos e acarretou a queda de preços, principalmente do milho.

A companhia também atualizou suas estimativas para a safra 2023/2024, nas quais projeta um aumento de 6,5% na área plantada, com a incorporação das áreas transformadas e novos arrendamentos ao portfólio compensando a redução devido à comercialização de terras. Em termos de produção, a companhia espera um aumento de 9,5%, mas 13% abaixo das projeções anteriores, resultado da diminuição de área plantada de milho para expansão dos plantios de soja e feijão que apresentam margens melhores.

“Apesar desse resultado mais fraco, acreditamos que a companhia já passou pelo pior, e estimamos uma recuperação de margens que deve vir principalmente devido as quedas nos preços de insumos, uma vez que ainda temos uma visão de preços mais baixos para as commodities, principalmente soja e milho. Assim, mantemos nosso preço-alvo para a AGRO3 em R$ 37,00 e recomendação de compra”, avalia a Eleven.

Para a XP, a BrasilAgro reportou resultados fracos refletindo as margens fracas de grãos da última temporada devido ao aumento nos insumos agrícolas e preços mais baixos dos grãos.

Além disso, as margens da cana-de-açúcar também caíram devido aos menores preços do etanol, embora parcialmente compensados ​​por maiores produtividades (+8% na base anual). No geral, a receita líquida atingiu R$ 272 milhões (-11% na comparação anual e +2% versus a projeção da XP), enquanto o Ebitda ajustado foi de R$ 23 milhões (-78% na comparação anual e 1% abaixo da expectativa da XP).

“Acreditamos que o pior já passou, uma vez que estimamos uma recuperação das margens devido principalmente aos preços mais baixos dos insumos agrícolas, enquanto mantemos a nossa visão baixista sobre os futuros dos grãos. Por outro lado, esperamos que uma contribuição menor das vendas de fazendas e da alocação de capital se concentre em aquisições e desenvolvimento do portfólio. Portanto, permanecemos neutros”, avalia a XP.

Taurus (TASA4

A Taurus registrou um lucro líquido de R$ 26 milhões em seu balanço referente ao terceiro trimestre de 2023. Em comparação com o mesmo período do ano anterior, quando o número foi de R$ 103,1 milhões, houve uma retração de 74,8%.

Os resultados apresentados pela companhia vieram abaixo do esperado nas principais linhas, principalmente pela mudança de regulamentações e processos de novas aquisições de armas por parte de CACs. Os novos registros estão interrompidos no momento, conforme explica a Eleven. Nos EUA, os principais pontos de desafio tem sido a alta inflação e ajustes de estoques de fornecedores.

Tanto em um país quanto em outro as regulamentações se modernizam e avançam para maior regulação dos mercados de armas, o que é visto com um risco para o nome. Na análise da Eleven, há também como desafio o aumento da pressão inflacionária sobre insumos e matéria-prima.

“Além disso, 2024 é um ano de eleições presidenciais nos EUA e pode ocorrer maior movimentação no mercado de armas devido às incertezas que eleições costumam trazer sobre o porte de arma”, destaca a análise.

Maiores altas

Totvs (TOTS3)

A XP aponta que a Totvs reportou resultados sólidos no terceiro trimestre, com lucro acima do esperado. A Receita Líquida Consolidada (líquida custos de funding) atingiu R$ 1,2 bilhão, em linha com a projeção da casa, impactada positivamente pelas dimensões de Gestão e BP. As receitas recorrentes cresceram 19,5% ano a ano.

O lucro líquido ajustado atingiu R$ 201 milhões, 23,3% acima do que projetava, devido aos fortes resultados em todas as dimensões. A XP mantém recomendação de Compra e Preço-Alvo para 2024 de R$ 39.

A Totvs  ainda reportou resultados do 3T23 com Ebitda ajustado (incluindo 50% da divisão Techfin) de R$ 295 milhões (comparável a R$ 258 milhões no 2T23), superando as expectativas do BBI de R$ 269 milhões e números de consenso de R$ 276 milhões.

“Os resultados foram fortes nas suas divisões principais, com receitas recorrentes de Gestão crescendo 17,5% em um ano (ligeiramente abaixo de 19% no trimestre anterior), juntamente com alguma expansão das margens. Vale ressaltar que a empresa reportou maior capitalização de custos (notadamente aquisição de intangíveis/ágio) no trimestre, resultando emuma geração de caixa de R$ 42 milhões, bem abaixo do EBITDA. Por fim, a empresa também anunciou a recompra de até 18 milhões de ações (2,9% do total de ações) em 12 meses”, ressalta o banco.

O BBI destaca o bom momento contínuo em suas divisões principais, juntamente com o programa de recompra anunciado pela empresa e vê os múltiplos sendo sustentados pelo crescimento dos lucros nos próximos trimestres, embora com espaço um tanto limitado para expansão adicional dos múltiplos no curto prazo, na ausência de surpresas positivas adicionais.

Armac (ARML3

A Armac registrou um lucro líquido de R$ 47,9 milhões no terceiro trimestre de 2023 (3T23), alta de 10,2% em relação ao 2T23 e de 23,3% versus  o 3T22.

No 3T23, a receita líquida atingiu R$ 359,5 milhões, expansão de 15,6% em relação ao 2T23 e 43,5% quando comparada com o 3T22. A receita líquida de locação atingiu R$ 337,3 milhões, aumento de 15,4% quando comparada ao 2T23 e crescendo 46,5% versus o 3T22.

Para o Itaú BBA, a receita líquida e o lucro ficaram em linha com suas estimativas para o trimestre, apesar de uma ligeira diminuição na linha de Ebitda, que foi compensada por despesas com imposto de renda melhores do que o previsto.

“Observamos que o nível de investimentos acima do esperado no 3T23 sugere algum potencial de alta em nossos números para os próximos trimestres”, aponta, enquanto a produtividade apresentou sólida melhora de 5 pontos na base trimestral no 3T23, atingindo 58%, já que a empresa encerrou o trimestre com nível normalizado de equipamentos em seu estoque.

Saiba mais sobre a Armac assistindo ao vídeo abaixo:

“Operacionalizar um trimestre inteiro com níveis de estoque normalizados pode permitir que a Armac registre melhores margens e níveis de produtividade no futuro”, avalia, mantendo assim recomendação equivalente à compra para o nome.

Já o BBI destacou que a Armac alugou todo o estoque de maquinário adquirido em 2022 e teve produtividade de 58% (alta de 3 p.p frente ao trimestre anterior), enquanto o RoIC (Retorno sobre o capital investido) expandiu para 32,1% (aumento de 2,5 p.p no trimestre).

Valid (VLID3)

O lucro da Valid atingiu resultado recorde com lucro de R$ 60,7 milhões, representando um crescimento de 5,5% no trimestre, +175% ano a ano, e superando as expectativas da Genial em 7,5%. A empresa continua a apresentar um crescimento sequencial no lucro líquido, validando sua estratégia de turnaround, aponta a Genial.

Contudo, os analistas da casa avaliam que, apesar do sólido desempenho anual, a Valid começa a mostrar sinais de dificuldade para avançar sequencialmente. No 3T23, o Ebitda diminuiu 6,2% frente o 2T23 (aumento de +9% ano a ano, excluindo a venda da unidade dos EUA), atingindo R$ 126,5 milhões, ligeiramente aquém das suas expectativas. A margem Ebitda encolheu 2,6 pontos percentuais na base trimestral, caindo para 22,7%. No entanto, em termos anuais, a margem expandiu 2,5 pontos na comparação anual.

A receita líquida alcançou R$ 558 milhões, demonstrando um aumento de 4,5% no trimestre e 12,5% no ano (excluindo as operações descontinuadas nos EUA). Esse desempenho positivo foi impulsionado pelas linhas de Pay e ID, que compensaram a significativa redução no segmento Mobile.

“A Valid conseguiu uma notável melhora em seus resultados nos últimos trimestres, impulsionada por uma severa reestruturação que incluiu a venda de ativos pouco rentáveis, a redução de despesas e a desalavancagem financeira. Como resultado, as margens operacionais alcançaram patamares historicamente elevados, provavelmente com pouco espaço para grandes aumentos adicionais. Qualquer avanço futuro dependerá do crescimento do volume ou do aumento de preços”, avalia a Genial, seguindo recomendação de manutenção para os ativos.

(com Reuters)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.