Desenvolvedores desligam Solana para solucionar apagão de 16 horas

Blockchain que vale mais de US$ 50 bilhões e quer desbancar Ethereum ficou fora do ar durante quase todo o dia de ontem

Paulo Barros

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SÃO PAULO – Os desenvolvedores responsáveis pela Solana (SOL), concorrente do Ethereum (ETH), foram obrigados a desligar e religar a blockchain para solucionar um bug crítico que provocou um apagão de mais de 16 horas na última terça-feira (14). Após votação entre os validadores, que detêm os servidores de verificação da rede, o reset da Solana foi executado por volta das 3h desta quarta-feira (15).

No Twitter, a conta Solana Status, que monitora a atividade da blockchain, confirmou que os validadores haviam completado a reinicialização da rede, mas que aplicativos e outros serviços que utilizam dados da Solana ainda precisariam de mais algumas horas para recuperar totalmente sua funcionalidade.

A Solana ficou offline durante quase um dia inteiro, período no qual não processou transações como, por exemplo, criação de NFTs e transferências do SOL, o token nativo da rede que explodiu em valorização em agosto. Em um mês, a criptomoeda teve um salto de quase cinco vezes em seu preço, passando de US$ 44 para US$ 213, registrado no dia 9 de setembro.

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A pane começou após um pico de 400.000 transações por segundo que extrapolou a capacidade de processamento da rede e, por conta de um bug no sistema de priorização de operações, desembocou em um esgotamento da memória das máquinas validadoras. Segundo um comunicado emitido por meio do perfil Solana Status, os desenvolvedores tentaram estabilizar os sistemas, mas não obtiveram sucesso.

O episódio mais difícil até aqui enfrentado pela Solana foi semelhante a um ataque de negação de serviço em sites da Internet, quando uma avalanche de acessos faz os servidores caírem, impedindo o carregamento da página.

O evento prejudicou quem tentava negociar SOL ou executar contratos na blockchain, abrindo caminhos para problemas como o double spending (gasto duplo), em que um mesmo ativo pode ser transacionado duas vezes pelo mesmo usuário. No entanto, a comunidade em torno do projeto minimizou o caso ressaltando que a rede principal da Solana ainda está em fase Beta.

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Para Carlos Russo, CFO da Transfero e especialista em Finanças Descentralizadas (DeFi), a situação de fato não chega a ser alarmante dado que ocorre em uma fase experimental, e lembra que o próprio Ethereum passou por um caso mais grave em 2016, quando passou por uma intervenção direta do fundador Vitalik Buterin para solucionar um hack.

No entanto, ele aponta que a agilidade com que a solução foi aplicada na Solana, com votação rápida entre validadores para reinicializar a blockchain, é um exemplo do seu caráter ainda centralizado demais. “A rede era mais centralizada, mas ainda não chega ao nível de descentralização do Ethereum e principalmente do Bitcoin”, afirmou.

Solana x Ethereum

O salto expressivo no preço do SOL vem da expectativa de que a Solana seria um forte candidato a se tornar alternativa viável para o Ethereum, conhecido tanto pelo avanço tecnológico quanto pela incapacidade de lidar com alto volume de transações típico de momentos de otimismo no mercado.

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Em 2021, os gargalos do Ethereum ficaram evidentes em dois grandes momentos: no segundo boom do DeFi (sigla em inglês para finanças descentralizadas) e, mais recentemente, no frenesi em torno dos NFTs (non-fungible tokens, ou tokens não-fungíveis). O mesmo vale para ralis do ETH, token nativo do Ethereum que serve de referência para o pagamento de taxas de rede.

A alta procura por soluções que usam contratos inteligentes sobrecarrega o Ethereum e deixa as transações mais lentas e caras. O preço para converter tokens na rede em dado momento no ano chegou a ultrapassar os US$ 200, mais de R$ 1 mil pelo câmbio de hoje. A Solana, assim como soluções como Cardano, Fantom e Avalanche, propõe uma blockchain nova mais rápida e barata.

Russo diz que as falhas de ontem servem para mostrar que a Solana ainda está em desenvolvimento, mas que mesmo assim mostra mais do que rivais como a Cardano, que lançou suporte a contratos inteligentes no último domingo (12) e está longe de construir um ecossistema de aplicativos compatíveis.

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O especialista aposta que a Solana segue promissora no longo prazo, e julga que a rápida valorização do token SOL reflete confiança no projeto, especialmente levando em conta os patrocinadores – a bolsa de criptomoedas FTX, do jovem bilionário Sam Bankman-Fried, é a principal responsável pela injeção de capital que sustenta o desenvolvimento da Solana.

Uma prova da sustentação do projeto teria sido o comportamento dos preços do token SOL durante o apagão. Assim que as falhas começaram a ocorrer, o valor do ativo, que já vinha em queda após a máxima da semana passada, emendou perdas de 14,2%, mergulhando de US$ 169 para US$ 145. No entanto, por volta das 13h de hoje, o criptoativo apresenta recuperação expressiva e volta a ser negociado acima dos US$ 160.

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Paulo Barros

Editor de Investimentos