Desconforto político e ansiedade sobre Fed empurram dólar para perto de R$5,09

Aqui, o noticiário de ordem política continuou a ocupar as manchetes

Reuters

(Getty Images)

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SÃO PAULO (Reuters) – O dólar engatou a quinta alta seguida e fechou esta segunda-feira no maior patamar em mais de três semanas, com o mercado de câmbio sob pressão de crescentes ruídos políticos em Brasília e começando uma semana de cautela em relação à política monetária dos Estados Unidos.

O dólar à vista subiu 0,72%, a R$ 5,0885 na venda, máxima desde 11 de junho (R$ 5,1207). A moeda oscilou entre R$ 5,0939 (+0,82%) e R$ 5,0483 (-0,08%).

Em cinco pregões seguidos de alta, a cotação ganhou 3,24%. O dólar não tinha essa série desde a sequência de também cinco altas de 18 a 28 de dezembro do ano passado, período em que acumulou acréscimo de 3,20%.

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O mercado não contou com a referência das operações nos Estados Unidos, devido ao feriado do Dia da Independência por lá, o que fez minguar os volumes negociados no Brasil. O dólar futuro da B3 negociava menos de 110 mil contratos até as 17h42 (de Brasília), 63% abaixo da média dos últimos 30 dias e a caminho de fechar com o menor giro do ano.

Num dia misto para moedas de risco, a divisa brasileira revezou com o sol peruano o posto de lanterna global. O sol tem batido sucessivas mínimas recordes nos últimos tempos devido a incertezas sobre o futuro da política econômica do país em meio a um imbróglio na eleição presidencial.

Aqui, o noticiário de ordem política continuou a ocupar as manchetes. A avaliação negativa do governo Bolsonaro subiu para 48,2%, segundo pesquisa CNT/MDA, que mostrou ainda vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre Bolsonaro em simulações de primeiro e segundo turnos da eleição presidencial do ano que vem.

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Enquanto isso, profissionais analisaram ainda reportagem do site UOL segundo a qual Bolsonaro estaria envolvido em um esquema para se apropriar de parte dos salários de seus assessores, a chamada rachadinha, quando era deputado federal.

O governo segue ainda envolto em suspeitas referentes a compras de vacinas, tema que se tornou central na CPI da Covid-19 no Senado, cuja sequência de depoimentos agendados deve contribuir para manter o Planalto na defensiva, segundo a XP.

“Eu não esperava toda essa turbulência política”, disse Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora, para quem o contexto menos favorável pode enfraquecer a articulação da equipe econômica com o Congresso em prol das reformas.

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“Essa turbulência deixa os investidores (estrangeiros) ‘on hold’ (em espera)”, acrescentou Velloni, que fica baseado na Flórida (EUA) e para quem o dólar deveria estar em torno de R$ 4,80.

Na mínima recente, de 24 de junho, a moeda norte-americana tocou R$ 4,9062.

Para além dos temas idiossincráticos, o mercado mantém uma boa dose de conservadorismo também pela ansiedade em torno da divulgação da ata da última reunião de política monetária do banco central dos EUA (Fed). No comunicado que acompanhou a conclusão do encontro, em junho, o Fed antecipou a estimativa de alta de juros de 2024 para 2023, o que pegou de surpresa o mercado financeiro e ditou firme alta do dólar em todo o mundo.

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Na ata a ser divulgada na quarta-feira, o Fed deve dar mais detalhes das discussões e possivelmente pistas sobre debates acerca de retirada de estímulos –os quais ajudaram a sustentar os mercados financeiros globais desde o ano passado, apesar da pandemia.

O Goldman Sachs disse ter reduzido posições vendidas em dólar, à espera de uma maior clareza de cenário. Positivo com as moedas emergentes, o HSBC prevê que esse grupo de divisas não sofrerá os efeitos do “taper tantrum” (disparada dos juros de mercado nos EUA) de 2013 e avalia que, mesmo num cenário de fortalecimento do dólar, os fundamentos dos mercados emergentes de forma geral estão melhores, o que ajudaria a conter qualquer espiral de desvalorização de suas moedas.

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