Desafio é que empresas locais façam IPO no Brasil e não fora, diz BlackRock

Outra questão que tem pesado no mercado acionário brasileiro é a dificuldade de o país apresentar um crescimento de longo prazo

Bruna Furlani

Axel Christensen, estrategista-chefe da BlackRock para América Latina. Foto: Divulgação
Axel Christensen, estrategista-chefe da BlackRock para América Latina. Foto: Divulgação

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Embora o interesse de investidores por empresas brasileiras tenha crescido, a abertura de capital de companhias nacionais no exterior – com destaque para os Estados Unidos – ainda é um desafio para País.

“Temos visto companhias abrindo capital fora. O desafio é fazer com que as companhias abram capital nos mercados locais e não diretamente fora”, afirmou Axel Christensen, estrategista-chefe da BlackRock para América Latina, durante evento organizado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), em parceria com a B3, em São Paulo, nesta quinta-feira (6).

Nos últimos anos, companhias brasileiras como Vitru (VTRU3), Stone (STOC31) e Pagseguro (PAGS34) foram algumas das empresas que optaram por realizar a abertura de capital (IPO, na sigla em inglês) das empresas nos Estados Unidos em vez do Brasil, ainda que algumas hoje tenham migrado para a B3.

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Dificuldade de apresentar crescimento no longo prazo

Outra questão que tem pesado sobre o mercado acionário brasileiro, na visão de Christensen, está na dificuldade que o Brasil tem de oferecer um crescimento forte de longo prazo.

O executivo ressaltou que, no curto prazo, o crescimento econômico do país tem sido significativo, mas afirmou que o Brasil fica para trás na comparação com outros mercados emergentes e desenvolvidos no longo prazo.

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A dificuldade de enxergar um crescimento mais de longo prazo também tem ajudado a afastar investimentos de estrangeiros com um foco mais “estrutural”. “Os alocadores de portfólio pensam no Brasil de forma tática. Investimentos de longo prazo nunca acontecem”, destacou Daniel Popovich, gestor de portfólio na Franklin Templeton Brasil, que também participou de painel

Para o profissional da Franklin, o país tem chance de mudar tudo isso e ser um “exemplo de história de crescimento”, com as reformas importantes feitas recentemente, como a trabalhista e parte da tributária, aliada à democratização dos investimentos e à queda da Selic.

“Se virmos mais reformas e mais comprometimento em termos de política, isso pode gerar um momento favorável para revisarmos os valuations [preços] no mercado brasileiro e atrair investidores para ficarem overweight [acima da média de mercado] no Brasil”, destacou Popovich.