Depois de seguir mundo na abertura, Bolsa zera ganhos com queda de Vale e exportadoras

Índice devolve ganhos da abertura e volta a operar volátil; Vale cai com previsão do Goldman Sachs de que o minério de ferro deve ter um forte recuo

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa opera entre perdas e ganhos nesta segunda-feira (22). Depois de atingir as máximas 15 minutos depois da abertura tentando seguir o exterior, a Bolsa passou a ter um desempenho errático com fraqueza de Vale e exportadoras. Do lado doméstico, a queda da aprovação da presidente Dilma Rousseff (PT) para 10%, o menor nível de um presidente desde Collor antes do impeachment, gera tensão política. Entre os indicadores macroeconômicos, o Relatório Focus mostrou piora nas previsões para inflação, PIB (Produto Interno Bruto) e Selic. 

Às 13h38 (horário de Brasília), o benchmark da Bolsa brasileira tinha leve variação positiva de 0,22%, a 53.866 pontos, ao passo que o dólar comercial caía 0,61%, a R$ 3,0826 na compra e a R$ 3,0831 na venda. No mercado de juros futuros o DI para janeiro de 2017 recua 12 pontos-base, para 13,94%, enquanto o DI para janeiro de 2020 tem queda de 9 p.bs. a 12,83%. 

Segundo Angelo Larozi, analista da Walpires Corretora, a perda do otimismo na sessão se deveu ao retorno do foco a questões internas como a crise política e a fraqueza econômica. “Ainda temos na pauta a Operação Lava Jato, com grandes expectativas em torno da delação premiada do Marcelo Odebrecht”, afirma. Para ele, também impacta o mercado brasileiro os rumores de que o Ministério da Fazenda já se prepara para um possível rebaixamento no rating soberano do Brasil. 

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Também tinha algum peso por aqui o Relatório Focus, com a mediana das projeções de diversos economistas, casas de análise e instituições financeiras para os principais indicadores macroeconômicos. A previsão para o PIB (Produto Interno Bruto) em 2015 oscilou de uma retração de 1,35% para uma de 1,45%. Já no caso do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que é o medidor oficial de inflação utilizado pelo governo, as projeções são de que haja um avanço de 8,97% este ano, ante 8,79% na semana anterior. As previsões da Selic também foram elevadas de 14% para 14,25% ao ano.

Ações em destaque
As ações da Petrobras (PETR3, R$ 14,53, +0,14%; PETR4, R$ 13,19, +0,15%) amenizavam ganhos e subiam perto de 1%. Após o “baque” com a Operação Lava Jato na última sexta-feira, que fizeram os papéis caírem 2%, a Petrobras tem alta hoje animada pela perspectiva da divulgação do plano de negócios ainda este mês. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a diretoria da Petrobras correu contra o tempo e conseguiu concluir o plano de negócios para o período de 2015 a 2019 para apresentá-lo na reunião do conselho de administração do dia 26. Aldemir Bendine, presidente da estatal, havia prometido a divulgação neste mês.

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

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Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 MRFG3 MARFRIG ON 5,26 +8,90
 CSAN3 COSAN ON 25,99 +2,40
 KROT3 KROTON ON 12,43 +2,05
 BBAS3 BRASIL ON EJ 23,57 +1,95
 BBDC3 BRADESCO ON 27,81 +1,87

As ações da Marfrig (MRFG3, R$ 5,26, +8,90%) sobem forte nesta segunda depois de notícia de que a companhia venderá a sua subsidiária europeia, a Moy Park, para a JBS (JBSS3, R$ 16,74, +1,70%). O dinheiro da venda deve servir para reduzir o endividamento do frigorífico. 

Devolvendo o otimismo da manhã, os bancos operam sem direção definida. O Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 34,32, -0,20%) cai, ao passo que o Bradesco (BBDC3, R$ 27,82, +1,90%; BBDC4, R$ 28,50, +1,06%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 23,57, +1,95%). 

Quem puxava a parte negativa do Ibovespa era a Vale (VALE3, R$ 19,99, -1,62%; VALE5, R$ 17,14, -1,55%), que recua depois de relatório do Goldman Sachs falando que o minério de ferro ruma de volta a preços abaixo de US$50 por tonelada conforme as produções da Austrália e Brasil aumentam e uma queda nos preços de aço prejudica os lucros das fábricas. A commodity negociada no porto de Qingdao, na China, caiu 2,18%, a US$ 60,02. 

Também do lado negativo ficam principalmente os papéis de companhias de perfil exportador como Fibria (FIBR3, R$ 41,90, -2,17%) e Suzano (SUZB5, R$ 16,18, -0,61%). Com a receita em dólar, estas empresas sofrem com quedas na cotação da moeda norte-americana. 

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 OIBR4 OI PN 6,30 -2,78
 FIBR3 FIBRIA ON 41,91 -2,15
 VALE3 VALE ON 19,99 -1,62
 VALE5 VALE PNA 17,14 -1,55
 EMBR3 EMBRAER ON 24,02 -1,52

Cenário externo
Os esforços gregos para evitar o calote sobre a dívida do país durante o final de semana foram bem recebidos pelo mercado internacional nesta segunda com os principais índices acionários mundiais apresentando movimento de valorização. Menos na China, onde os mercados estavam fechados por conta de um feriado, depois de registrarem a maior queda semanal desde 2008 na semana passada.

Terminou nesta manhã a reunião do Eurogrupo, que não conseguiu chegar a um acordo com a Grécia e postergou a decisão para mais tarde esta semana. A proposta enviada pelo primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, teve as medidas, mudanças sobre a incidência de tributos sobre alimentos e setor hoteleiro para aumentar as receitas fiscais, abolir aposentadorias antecipadas gerando uma economia de 200 milhões de euros e também reduzir as pensões complementares mais altas.

Apesar da aparente euforia, muitos investidores ainda se mostravam cautelosos acerca das propostas do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, que envolvem uma flexibilização na questão das aposentadorias. “Hoje supostamente será a última rodada de negociações, então pode haver uma possível surpresa na forma de um acordo com ambos lados vendo os sinais de alerta”, disse o estrategista-chefe de câmbio no Japão do Barclays, Shinichiro Kadota.

Na Europa, apesar de a percepção de um acordo entre Grécia e seus credores ser tida como bastante improvável, os principais benchmarks do continente operam em alta.