Depois de ata do Copom, economistas veem corte da Selic em outubro dependendo de dados

Redução das taxas não é mais fato consumado, mas janela permanece aberta para o próximo mês marcar o início do ciclo de afrouxamento monetário

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Boa parte dos investidores que estavam esperando uma confirmação do tom mais “dovish” (moderado, no sentido de manter ou cortar juros) do comunicado do Copom (Comitê de Política Monetária) se decepcionou com a ata divulgada hoje. No texto, o Banco Central mostrou uma preocupação com a persistência da inflação, dizendo ser necessária uma maior persistência também na política monetária.

“Adicionalmente, por um lado, períodos prolongados de inflação alta e expectativas acima da meta, como na experiência brasileira recente, tendem a reforçar mecanismos inerciais e tornar o processo de desinflação mais lento e custoso”, diz o texto. 

De acordo com o economista da Infinity Asset, Jason Vieira, a nota retira uma parcela significativa da visão “dovish” que muitos advogaram no comunicado e mostra que os preços de alimentos têm sido fatores preponderantes de curto prazo para a deflagração do afrouxamento monetário. “A preocupação com a inflação de curto prazo corrobora e reforça nosso call de início do ciclo do corte de juros somente na última reunião do Copom deste ano e a questão fiscal citada nos parágrafos 11 e 20 é o talvez o grande fator determinante para que o processo seja iniciado com sucesso”, afirma.

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Por outro lado, Solange Srour, economista da ARX, diverge dessa visão e diz que a mensagem da ata é muito parecida com a do comunicado. “A comunicação é bem neutra. A principal mensagem é de dependência de dados”, diz ela. Para Solange, a possibilidade de corte em outubro continua aberta, mas depende da evolução das perspectivas de inflação, que dependem dos próximos dados do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), das expectativas e do quadro fiscal.

A visão do Citibank é parecida. O banco ressaltou a mensagem de que o Copom está satisfeito com a perspectiva desinflacionária, mas ressalvou isso com as expectativas mais sombrias para o IPCA em 2017 e colocou como mais provável um corte de juros em novembro.

Já o economista e sócio da Bozano, Samuel Kinoshita, disse em entrevista à Bloomberg que a ata veio em linha com o esperado e que a janela continua aberta para um alívio monetário a partir de outubro. “Quando você olhar na próxima reunião, quando o BC se defrontar com seus modelos, já vai dar um valor inferior à meta no cenário de referência”, explica. Apesar disso, ele condiciona um ciclo de afrouxamento monetário mais longo à aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do teto dos gastos.