Declarações e indicadores negativos pesam nas bolsas e Ibovespa recua 1,25%

Vendas de casas usadas nos EUA vêm abaixo do esperado e reacende preocupações com a economia; Petro e Vale caem 2%

Beatriz Nantes

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SÃO PAULO – O clima negativo voltou a prevalecer nos principais mercados nesta terça-feira (24), em resposta a uma agenda desanimadora e declarações pessimistas sobre algumas das principais economias do mundo. Acompanhando o movimento externo, o Ibovespa encerrou o dia com baixa de 1,25%, a 65.156 pontos. O volume financeiro somou R$ 4,98 bilhões.

As blue chips seguiram em foco. Em relação à Petrobras, o jornal O Globo afirmou que caso as negociações sobre o preço do barril da cessão onerosa fracassem, o plano do Governo seria adiar a capitalização – agendada para o final de setembro – e contratar uma terceira certificadora internacional. Pela tarde, a ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, disse que o governo não trabalha com esta hipótese. Os ativos da estatal recuaram novamente na sessão.

Já a Vale foi notícia por ter sido incluída na lista dos devedores da União pelo DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral). Em nota, a Vale reconheceu haver discordâncias sobre a CFEM (Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Naturais), mas afirmou que “tem recolhido os valores incontroversos de forma regular e exercido seu direito de defesa contra cobranças que considera indevidas”. Os papéis da empresa também caíram.

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A Embraer foi destaque de queda, após um avião de sua fabricação cair na China, matando cerca de 42 pessoas, de acordo com a mídia local. Ademais, a empresa anunciou uma parceria com a chilena Enaer (Empresa Nacional Aeronáutica) para a participação no desenvolvimento do jato militar KC-390, bem como o início de negociações para a venda de seis unidades à Fach (Força Aérea do Chile).

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 EMBR3 Embraer ON 10,42 -3,87 +10,91 17,23M
 ALLL11 ALL UNT N2 16,01 -3,26 -1,71 35,55M
 BRAP4 Bradespar PN 36,25 -3,20 -4,70 23,15M
 TMAR5 Telemar NLeste PNA 46,43 -3,05 -25,37 3,37M
 GOLL4 Gol PN N2 22,40 -2,69 -11,33 35,39M

Na ponta positiva, destaque para as ações da Cemig. O candidato a governador Antônio Anastasia avançou 6 pontos percentuais na última pesquisa do Ibope, para 27% das intenções de voto. A Ativa classificou a evolução como positiva, pois “a mudança na dinâmica eleitoral (…) pode se refletir na melhora da percepção de risco relativo à continuidade da gestão atual da Cemig invariavelmente associada ao ex-governador Aécio Neves”, afirmou a corretora em relatório.

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 As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 CMIG4 Cemig PN 26,47 +2,92 -3,25 139,44M
 BRKM5 Braskem PNA 14,65 +2,09 +4,05 14,52M
 UGPA4 Ultrapar PN 96,47 +1,68 +23,84 21,35M
 CPLE6 Copel PNB 40,19 +1,36 +10,36 18,14M
 MRVE3 MRV ON 15,27 +1,19 +10,15 30,61M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o Índice Bovespa, foram :

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 VALE5 Vale PNA 41,33 -2,29 684,03M 609,43M 21.098 
 PETR4 Petrobras PN 26,14 -1,95 416,47M 417,20M 18.220 
 OGXP3 OGX Petróleo ON 20,25 -0,49 395,72M 218,06M 12.624 
 USIM5 Usiminas PNA 46,39 0,00 156,84M 152,07M 6.311 
 ITUB4 Itau Unibanco PN 36,62 -1,72 155,52M 180,99M 8.827 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Além disso, os acionistas da Gerdau Ameristeel aprovaram a venda de todas as ações ordinárias da empresa para a Gerdau, sua controladora, por US$ 11 por ação. De acordo com a siderúrgica , espera-se que o processo de integração seja finalizado ainda neste mês. Os papéis recuaram no Ibovespa.

Por fim, a Telebrás enviou ao Ministério das Comunicações um orçamento de R$ 1,4 bilhão para capitalizar a empresa e atender à sua parte no PNBL (Plano Nacional de Banda Larga), afirmou o presidente da companhia, Rogério Santanna.

Declarações pessimistas dão o tom
O economista Joseph Stiglitz, vencedor do prêmio Nobel, disse em entrevista a uma rádio irlandesa que a economia europeia corre risco de voltar à recessão (o famoso double-dip), frente ao corte de despesas promovido por diversos governos no continente.

Outro a se manifestar foi David Rosenberg, economista principal da gestora Gluskin Sheff. Segundo ele, indicadores norte-americanos mascaram uma verdade inconveniente: os EUA estão trilhando o mesmo rumo da Grande Depressão de 1929. Sheff afirmou que os sinais positivos vindos recentemente da agenda econômica nos últimos meses são insustentáveis e apenas produzem a falsa sensação de estabilidade.

Do mesmo modo, Martin Weale, novo membro do BoE (Bank of England), afirmou que o Reino Unido corre o risco de retornar à recessão, sendo que as projeções de crescimento do banco central para este ano e o próximo podem estar muito otimistas. Vale lembrar que o governo britânico divulga a revisão do PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre na próxima sexta-feira.

Agenda
Os pronunciamentos ofuscam os principais vetores positivos, também vindos do Velho Continente: as novas encomendas da indústria na Zona do Euro cresceram 2,5% em junho, comparado ao mês anterior, segundo relatório divulgado pela Eurostat, agência de estatística da Comissão Europeia. O resultado foi melhor do que o esperado por analistas. A Alemanha também confirmou o crescimento de 2,2% do PIB no segundo trimestre sobre o anterior.

Já o número de vendas de casas usadas nos EUA ficou bem abaixo das expectativas dos analistas durante o mês de julho, com o Existing Home Sales mostrando patamar anualizado de 3,83 milhões de casas, inferior às estimativas do mercado, de 4,72 milhões.

Por aqui, o volume total de crédito do sistema financeiro nacional alcançou R$ 1,547 trilhão em julho deste ano, o que representa um crescimento de 1,2% em relação ao apurado em junho e um avanço de 18,4% frente ao sétimo mês de 2009.

Segundo a Nota de Política Monetária divulgada pelo Banco Central nesta terça-feira, no referido mês a participação do volume de crédito sobre o PIB (Produto Interno Bruto) passou de 42,8% em julho de 2009 para 45,9% no mesmo período de 2010. Em junho deste ano, a parcela foi de 45,7%.

A confiança do consumidor apresentou alta de 0,7% entre julho e agosto deste ano, passando de 120 pontos para 120,8 pontos, de acordo com dados do ICC (Índice de Confiança do Consumidor), medido pela FGV (Fundação Getulio Vargas). No período, segundo a pesquisa, o Índice de Situação Atual registrou novo recorde, ao subir de 134,9 pontos para 135,7 pontos, a maior pontuação da história. A variação no período foi de 0,6%.

Por fim, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a redução da taxa básica de juros ocorrerá de forma responsável, com intuito de evitar inflação.

Dólar
Apesar do sentimento de aversão ao risco ter voltado a tomar conta dos mercados, o dólar comercial não conseguiu manter sua sequência de altas nesta terça-feira. Após registrar ganhos de mais de 0,5% no começo do dia, a moeda passou a operar bem próxima da estabilidade durante a tarde, mantendo-se no campo negativo na reta final de negócios. Com queda de 0,11%, o dólar comercial interrompeu uma sequência de três valorizações consecutivas, fechando cotado na venda a R$ 1,765.

No front doméstico, o Banco Central realizou um leilão de compra de dólares no mercado cambial à vista. A operação ocorreu entre as 15h40 e as 15h50 (horário de Brasília) e teve uma taxa de corte aceita em R$ 1,764.

Bolsas Internacionais
O índice Nasdaq Composite, que concentra as ações de tecnologia norte-americanas, fechou  em baixa de 1,66% e atingiu 2.124 pontos. Seguindo esta tendência, o índice S&P 500 desvalorizou-se 1,45% a 1.052 pontos, da mesma forma, o índice Dow Jones, que mede o desempenho das 30 principais blue chips norte-americanas, caiu 1,32% a 10.040 pontos.

Na Europa, o índice CAC 40  da bolsa de Paris  registrou baixa de 1,75% e atingiu 3.491 pontos; no mesmo sentido, o índice FTSE 100  da bolsa de Londres desvalorizou-se 1,51% chegando a 5.156 pontos e o DAX 30, da bolsa de Frankfurt, caiu 1,26% a 5.935 pontos.

Renda Fixa
O mercado de juros futuros encerrou entre a estabilidade e a queda. Os contratos de prazo mais alongado mostraram oscilações mais fortes, após a fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que disse que os juros vão cair no longo prazo, mas de forma responsável. O contrato de juros de maior liquidez, com vencimento em outubro de 2010, registrou taxa de 10,66%, 0,01 ponto percentual abaixo do fechamento de segunda-feira.

O mercado de títulos da dívida externa fechou em queda. O título brasileiro mais líquido, o Global 40, fechou com desvalorização de 0,03%, cotado a 138,50% do valor de face. O Risco País registrou alta de 15 pontos-base em relação ao fechamento anterior, atingindo 215 pontos base. 

Confira os eventos previstos para quarta-feira
Por aqui, a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisa Econômica) apresenta o IPC referente à terceira quadrisemana de agosto.

Nos EUA, o Departamento de Comércio do país revela o Durable Good Orders de julho, que avalia o volume de pedidos e entregas de bens duráveis no período. Sairá ainda o New Home Sales, índice que mostra o número de casas novas com compromisso de venda realizado durante o mês de julho.

Confira o relatório de Estoques de Petróleo norte-americano, semanalmente organizado pela EIA (Energy Information Administration).