Declarações de Nobel de Economia são consideradas “grosseiras” e geram ira na Suécia

Paul Krugman disse que Suécia é uma vítima - talvez a última - do "sadomonetarismo" ao aumentar juros mesmo em períodos de dificuldades, mas autoridades locais criticam declarações

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em coluna para o New York Times desta semana, o economista e vencedor do Prêmio Nobel Paul Krugman suscitou polêmica ao afirmar que a economia da Suécia é a última vítima do “sadomonetarismo”. Esta atitude é definida por ele como comum entre autoridades monetárias e formadores de opinião, envolvendo uma obsessão em aumentar juros mesmo em condições econômicas ruins. 

O economista apontou que o país foi um dos destaques de recuperação econômica pós-crise de 2008, com seu sistema financeiro forte e bem regulado, políticas que seguraram a demanda e uma maior flexibilidade uma vez que a Suécia não adotou o euro. 

Ainda assim, o desemprego continuou alto e a inflação estava baixa. Mesmo assim, o banco central do país decidiu aumentar a taxa de juros já em 2010, o que teve como resultado um maior desemprego e uma deflação, conforme apontou Krugman. O economista destaca que, quando os sadomonetaristas se confrontam com novas circunstâncias, mudam as justificativas para a adoção de suas políticas, que são sempre iguais. 

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Além disso, Krugman comparou o desenvolvimento dos preços no país à batalha do Japão contra a deflação. 

Depois destas declarações, a agência de notícias Bloomberg destacou que os suecos estão se unindo contra Krugman em meio às comparações com o Japão. A vice-presidente do Riksbank, Cecilia Skingsley, “destacou que as diferenças entre a Suécia e o Japão são significativamente maiores do que as semelhanças”.

Além disso, pelo menos três autoridades de política monetária denunciaram em público a análise da Suécia feita por Krugman. Um membro do banco central até apelidou “grosseira”. 

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Um dos principais responsáveis pela recuperação sueca frente a dívida bancária na década de 1990, Stefan Ingves vem advertindo constantemente contra uma política monetária relaxada, o que leva ao risco de inchar a carga de dívida dos consumidores, que já está em níveis recordes. 

As preocupações também se refletem nos comentários do ministro das finanças, Anders Borg, que também rejeitou as críticas de Krugman. 

Enquanto isso, o vice-presidente do Riksbank, Per Jansson, ressaltou que a análise de Krugman foi bastante grosseira, por não levar em conta o crescimento do mercado de trabalho da Suécia ou a taxa de crescimento do PIB. As estimativas da Comissão Europeia são de uma alta de 2,5% este ano e 3,3% em 2015, frente a 1,2% e 1,8% na zona do euro. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.