Decisão sobre juros nos EUA e Europa, IPCA-15, balanços da Vale e “big techs”: o que acompanhar na semana

Tudo o que o investidor precisa saber antes de operar na semana

Mitchel Diniz

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A última semana cheia do mês de julho vai ser marcada por importantes decisões de política monetária, dados de inflação e dezenas de resultados corporativos. Os investidores vão ter muito o que acompanhar, a começar pela série de índices de gerentes de compras (PMIs, na sigla em inglês) que vai ser divulgada já nesta segunda-feira (24) pelos Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e Zona do Euro. O indicador fornece um panorama da atividade nas economias desenvolvidas, onde os temores de recessão estão no radar mercado.

No Brasil, vai ser importante observar as previsões do Relatório Focus do Banco Central, sobretudo o que os economistas esperam para os juros básicos da economia ao final de 2023. Há duas semanas, a expectativa é que a Selic encerre o ano em 12%, mas a queda de 2% em abril do IBC-Br, considerado uma espécie de “prévia do PIB”, reforçou apostas de um corte mais intenso na taxa já na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), no início de agosto. O Focus vai mostrar se essa é uma visão pontual ou de consenso.

Mas o grande destaque da agenda macroeconômica brasileira na semana é a prévia do Índice de Preços ao Consumidor (IPCA-15) de julho, a ser divulgado na terça-feira. O Itaú prevê uma ligeira variação negativa, de 0,09%, na comparação mensal, levando a taxa anual para 3,2%.

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“Levando em conta o núcleo da inflação, tanto bens quanto serviços devem desacelerar na margem”, escreveu Mario Mesquita, economista-chefe do banco.

O Bradesco também acredita em uma leve deflação.  “Queda no preço dos alimentos, desconto temporário da tarifa de energia elétrica e redução do preço de automóveis explicam o movimento do índice no mês”, diz análise do banco.

O IGP-M, índice de inflação usado em alguns contratos de aluguel de imóveis para reajuste de preços, referente ao mês de julho, vai ser divulgado na sexta-feira. O Itaú prevê uma deflação de 0,76% na comparação com junho, levando a taxa anual para -7,7%.

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A taxa de desemprego do mês de junho, medida pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, vai ser divulgada na sexta-feira (28). Um dia antes, na quinta (27), é esperada a divulgação do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), referente ao mesmo mês.

“Devemos observar certa moderação na criação de novos postos de trabalho, mas o nível ainda é elevado”, diz análise do Bradesco.

O Itaú calcula que 195 mil empregos formais tenham sido criados em junho e espera uma queda na taxa de desemprego para 8,1%. “Nossas estimativas são consistentes com a contínua resiliência do mercado de trabalho, vista nos meses passado”.

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Mais duas divulgações do Banco Central completam a agenda: o balanço de pagamentos, na quarta-feira, e as estatísticas de crédito, na quinta.

Temporada de balanços corporativos começa com Santander e Vale

As divulgações de resultados trimestrais pelas empresas brasileiras ganham fôlego a partir da próxima terça-feira (25), com destaque para o balanço do Carrefour Brasil (CRFB3), empresa que faz parte da carteira do Ibovespa. Sua concorrente, o GPA (PCAR3), apresentará seus números no dia seguinte.

É também na quarta-feira (26) que o Santander Brasil (SANB11) dá pontapé inicial à temporada de resultados dos “bancões”.

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O balanço mais esperado, contudo, é o da mineradora Vale (VALE3), empresa de maior peso da Bolsa brasileira. Os números da companhia vão ser conhecidos na quinta-feira, após o fechamento do mercado.

Gol (GOLL4), ainda na quinta, e Usiminas (USIM5), na sexta-feira, são outros destaques do calendário de divulgações esta semana. Confira todas as datas aqui.

Fomc e balanços das “big techs” são destaques nos EUA

Nos Estados Unidos, o Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) se reúne pela quinta vez no ano. O encontro começa na terça-feira e, às 15h do dia seguinte, será divulgada a decisão sobre os juros da economia americana.

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Na visão do mercado, são mínimas as chances de uma manutenção da taxa, como ocorreu em junho. Há praticamente um consenso de que o Federal Reserve vai retomar o ciclo de aperto monetário com uma alta de 25 pontos-base. Assim, os juros básicos dos EUA chegariam a 5,5%, o que não ocorria desde janeiro de 2001.

Por enquanto, o mercado aposta que essa vai ser a última alta de juros pelo Fed em 2023. Os investidores vão buscar sinalizações para as futuras reuniões de política monetária no comunicado que acompanha a decisão, assim como nas falas do presidente do BC americano, Jerome Powell, em sua tradicional coletiva de imprensa.

A agenda macroeconômica americana traz ainda a primeira leitura do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre de 2023, na quinta-feira. O consenso Refinitiv prevê alta de 1,6%.

Na agenda corporativa, a temporada de balanços das empresas americanas vai ter uma semana agitada. Cerca de 250 resultados vão ser divulgados, com destaque para os números das big techs.

Na terça-feira, saem os números da Microsoft referentes ao quarto trimestre fiscal de 2023 e também os números da Alphabet  (GOGL34), empresa-mãe da ferramenta de buscas Google. Na quarta, é a vez da Meta (M1TA34), dona do Facebook. A divulgação da Amazon (AMZO34), prevista inicialmente para esta semana, está marcada para o dia próximo dia 3 de agosto.

As empresas de tecnologia encabeçaram as maiores perdas das Bolsas americanas em 2022. Este ano, contudo, estão entre as maiores altas de Wall Street e são as principais responsáveis pela recuperação do mercado acionário dos EUA, no momento em que o país enfrenta inflação alta, elevação de juros e temores de uma recessão.

Mais aperto monetário na Europa; Japão também decide sobre juros

Na quinta-feira, um dia após a decisão do Fomc, é o Banco Central Europeu (BCE, na sigla em inglês) que vai ditar o rumo da política monetária no velho continente. Os juros no bloco econômico, atualmente em 3,5%, estão no maior patamar em 22 anos. O consenso Refinitiv prevê mais um ajuste para cima em 25 pontos-base.

Nos últimos dias, ganhou força a percepção de que o BCE poderá não subir juros na reunião de setembro, após declarações de alguns de seus membros de uma observação mais cautelosa sobre os efeitos do aperto monetário na economia. Os dados mais recentes de atividade e de inflação têm apontado para uma desaceleração.

Na sexta-feira, o Banco Central do Japão (BoJ) também vai se reunir para decidir sobre juros, mas a expectativa é de que a taxa seja mantida em patamares negativos.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados