Decisão de juros no Brasil, PMI e dados de emprego nos EUA e mais destaques desta 4ª

As principais notícias que devem movimentar os bastidores da política, do mundo e dos mercados hoje

Murilo Melo Felipe Moreira

Os membros do Copom em reunião (Foto: Raphael Ribeiro/Banco Central)
Os membros do Copom em reunião (Foto: Raphael Ribeiro/Banco Central)

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As atenções do mercado se voltam nesta quarta-feira (5) para o anúncio da taxa básica de juros, a Selic, que deve permanecer em 15% ao ano. A decisão será divulgada no fim do dia pelo Comitê de Política Monetária (Copom), após a reunião iniciada na véspera. A expectativa é de que o Banco Central mantenha o tom conservador, reforçando o compromisso com o controle da inflação. Mesmo com sinais de leve desaceleração da economia e uma queda discreta nas expectativas inflacionárias, o mercado entende que ainda não há espaço para iniciar um ciclo de cortes de juros neste momento.

Às 14h30, será divulgado o fluxo cambial semanal, que mostra a entrada e saída de dólares no país, e o Índice de Commodities de outubro, que mede a variação dos preços de produtos básicos como minério de ferro, petróleo e soja, fundamentais para a balança comercial brasileira.

No exterior, a agenda econômica também promete movimentar os mercados. Nos Estados Unidos, saem às 10h15 os dados do ADP, relatório privado que mede a criação de vagas de emprego no setor privado e serve como termômetro antecipado para o Payroll, o relatório oficial de empregos do governo americano, atualmente suspenso por causa do shutdown. Logo depois, às 11h45, serão conhecidos os índices PMI (Purchasing Managers’ Index) composto e de serviços, que medem a atividade econômica e o ritmo dos negócios no país.

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Em Washington, os olhares se voltam para a Suprema Corte dos Estados Unidos, que realiza uma audiência sobre as tarifas impostas no governo presidente Donald Trump (Partido Republicano). O tribunal analisará a legalidade das tarifas recíprocas aplicadas a diversos países, inclusive no Brasil, uma medida que reacende o debate sobre o protecionismo comercial norte-americano e seus efeitos nas cadeias globais.

A temporada de balanços do terceiro trimestre também movimenta a quarta-feira, tanto no Brasil quanto no exterior. No mercado local, divulgam resultados Eletrobras (ELET3), Engie Brasil (EGIE3), Minerva (BEEF3), Guararapes (GUAR3) e Petz (PETZ3). No exterior, McDonald’s, Toyota e Qualcomm apresentam seus números, trazendo uma leitura importante sobre consumo, tecnologia e indústria automotiva em diferentes regiões do mundo.

O que vai mexer com o mercado nesta quarta

Agenda

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem nesta quarta-feira (5) uma agenda concentrada no Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém (PA), onde realiza uma série de encontros bilaterais com líderes estrangeiros. O dia começa às 9h, com uma audiência com o presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Sidi Ould Tah. Em seguida, às 9h50, Lula se reúne com o presidente da República do Congo, Denis Sassou N’Guesso, e às 10h40, com o presidente da Finlândia, Alexander Stubb.

Ainda pela manhã, às 11h30, o presidente brasileiro tem encontro com o chefe de Estado de Comores, Azali Assoumani. À tarde, seguem as reuniões bilaterais: às 14h20 com o primeiro-ministro de Papua-Nova Guiné, James Marape; às 15h10 com a presidenta do Suriname, Jennifer Geerlings-Simons; às 16h, com o vice-primeiro-ministro da China, Ding Xuexiang; e às 16h50, com a presidenta de Honduras, Xiomara Castro. O dia termina às 17h40, com uma reunião com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Brasil

INTERNACIONAL

Novo prefeito de Nova York

Zohran Mamdani, deputado estadual de 34 anos e autodeclarado socialista democrata, foi eleito prefeito de Nova York nesta terça-feira (4), segundo projeção da NBC News. Ele derrotou o ex-governador Andrew Cuomo, que concorreu como independente, e o republicano Curtis Sliwa, consolidando uma virada política na maior cidade dos Estados Unidos.

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Filho de imigrantes e nascido em Uganda, Mamdani será o primeiro muçulmano a ocupar a prefeitura nova-iorquina.

Planos de Trump

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, avalia possíveis ações militares contra o regime de Nicolás Maduro, na Venezuela, segundo fontes ouvidas pelo jornal The New York Times. Entre as opções estão ataques a instalações militares e o controle de campos de petróleo, embora o republicano tema um fracasso que exponha tropas americanas. Enquanto assessores pressionam por medidas mais duras, a Casa Branca busca respaldo legal para qualquer operação sem aprovação do Congresso.

ECONOMIA

Taxa de juros

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que, apesar da pressão de bancos, os juros no Brasil terão que cair, citando melhora nas expectativas de mercado e dados de inflação. Haddad destacou que manter uma taxa real de 10% não faz sentido, dado que a inflação atual está em torno de 4,5%, e ponderou que ainda não é possível prever o momento exato do corte.

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Lançamento

Brasil e Reino Unido lançam nesta quinta-feira (6) o programa Industrial Decarbonisation Incubator, voltado ao desenvolvimento de tecnologias para reduzir emissões na indústria. Com aporte inicial de US$ 1,5 milhão (cerca de R$ 8,1 milhões) financiado pelo governo britânico, a iniciativa vai selecionar até 20 startups ligadas a grandes empresas, segundo reportagem da Folha de S.Paulo. O objetivo é acelerar soluções de baixo carbono em setores como aço, alumínio, cimento e papel e celulose.

Plataforma Drex

O Banco Central decidiu desligar a plataforma Drex, baseada na tecnologia Hyperledger Besu, usada nas fases 1 e 2 do projeto do Real Digital. Segundo fontes ouvidas pelo InfoMoney, o desligamento deve ocorrer na próxima semana por questões de privacidade. A fase 3 do Drex está prevista para começar no início de 2026, quando será escolhida uma nova tecnologia para o projeto.

Reserva de emergência

Embora 59% dos brasileiros se considerem financeiramente planejados, 43% não têm reserva para imprevistos, aponta pesquisa Datafolha encomendada pela Planejar. O levantamento mostra que 84% enfrentaram emergências financeiras no último ano e que 39% gastaram mais do que receberam. Mesmo com boa noção das despesas, muitos ainda têm dificuldade em poupar e planejar o futuro.

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POLÍTICA

Desastrosa

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou como “desastrosa” a operação policial que deixou 121 mortos no Rio de Janeiro, afirmando que houve uma “matança” em vez de cumprimento de ordens judiciais. Em entrevista a veículos internacionais, Lula disse que quer peritos da Polícia Federal na investigação. O presidente também mencionou o envio ao Congresso do PL Antifacção e da PEC da Segurança Pública.

Abertura de inquérito

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inquérito contra o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), por atentado à soberania nacional e espionagem. O deputado alega que Castro manteve contatos com o governo Donald Trump e entregou relatórios confidenciais pedindo que o Comando Vermelho fosse classificado como organização terrorista. O PT quer que a Procuradoria-Geral da República (PGR) investigue o caso e avalie o afastamento cautelar do governador.

Negociações

Lula afirmou que voltará a ligar para Donald Trump caso as negociações comerciais entre Brasil e Estados Unidos não avancem até o fim da COP30. Lula disse que espera um acordo após a reunião com Trump na Malásia e disse que Alckmin e Haddad estão prontos para retomar o diálogo em Washington.

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Licença-paternidade

A Câmara dos Deputados aprovou o projeto que amplia gradualmente a licença-paternidade a partir de 2027, com custeio pela Previdência Social e limite de 20 dias até 2029. O texto, relatado por Pedro Campos (PSB-PE), recebeu apoio do governo e da bancada feminina, mas enfrentou resistência por impacto fiscal. A proposta segue agora para análise do Senado.

Corporativo

Itaú Unibanco (ITUB4)

O Itaú Unibanco (ITUB4) registrou lucro líquido recorrente de R$ 11,9 bilhões no 3º trimestre de 2025, alta de 11,3% em relação ao mesmo período de 2024, resultado alinhado às projeções do mercado. O ROE consolidado atingiu 23,3%, refletindo a boa performance da margem financeira com clientes, que cresceu 11% impulsionada pela expansão da carteira de crédito e maior rentabilidade com passivos. A inadimplência acima de 90 dias ficou estável em 1,9%, o menor nível da série histórica entre pessoas físicas.

(Com Agência Brasil, Reuters e Estadão Conteúdo)