Decepção com resultados de bancos pesa e derruba mercados de ações

Credit Suisse reduz guidance e aponta ganhos aquém do esperado; internamente, busca por detalhes do ajuste fiscal

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SÃO PAULO – Mesmo com o destino da bolsa brasileira mais apegado ao noticiário interno, os investidores avaliam o desempenho negativo nas bolsas no exterior nesta quinta-feira (10), também buscando detalhes sobre o ajuste fiscal anunciado pelo Governo na véspera. 

Pesando o dilema vivido pelo BoE (Banco da Inglaterra), que anuncia nesta sessão sua decisão sobre política monetária, os índices de ações europeus marcam queda, assim como os contratos futuros sobre os principais índices de ações nos EUA.

Ganha peso a decepção dos investidores em relação aos resultados de bancos, como o Credit Suisse, que reduziu sua projeção para retorno sobre patrimônio, bem como apresentou lucro líquido aquém das projeções – 841 milhões de francos suíços, pressionando as ações do setor financeiro por toda a Europa.

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Agenda externa
Ainda por lá, ganha importância a decisão do BoE sobre política monetária, em meio a crescentes divergências entre os membros da autoridade monetária do Reino Unido sobre a reversão dos estímulos quantitativos e elevação do juro básico.

Além de resultados corporativos desfavoráveis, a divulgação dos dados orçamento do Tesouro nos EUA traz apreensões quanto à sustentação da atual situação fiscal no país. “O orçamento dos EUA precisa ser revisto na linha do que até o presidente do Fed comentou: ajustes rápidos e de fôlego. Alguém acha possível?”, questionou José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator.

Além dos dados fiscais, os investidores devem atentar para a divulgação dos dados sobre pedidos de auxílio-desemprego semanais nos Estados Unidos, bem como os estoques no atacado.

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Política fiscal
Na véspera, o mercado recebeu a notícia de que o tamanho do ajuste fiscal tupiniquim em 2011 será de R$ 50 bilhões. Entretanto, mais que o tamanho do ajuste fiscal anunciado na véspera – em linha com as expectativas – o foco do mercado doméstico converge para quais serão os gastos cortados. 

“Com os dados externos assumindo um papel secundário neste momento, a atenção dos agentes econômicos estará voltada para (…) a melhor compreensão da alocação por áreas do corte orçamentário, além de dúvidas pertinentes à manutenção do aporte no BNDES, salários de cargos comissionados e a concentração dos ajustes nos gastos com custeio”, ressaltou Marco Melo, chefe de análise da corretora Ágora.

“A reputação do superávit primário como barômetro da política fiscal demorará mais que um ano para ser resgatada, mas a sustentabilidade do endividamento público brasileiro não está em xeque”, tranquilizou a equipe da consultoria LCA. “O foco é o impacto da política fiscal sobre a demanda”, completou.

Na agenda doméstica, ganha destaque a primeira prévia do IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) de fevereiro, que apontou inflação de 0,66%, taxa 0,24 ponto percentual maior do que a apurada no mesmo período do mês anterior.