De notebooks a testes rápidos para Covid: como a Positivo ganha com o boom das empresas de tecnologia na pandemia

VP de finanças e RI da companhia participou de live do InfoMoney e explicou como ela conseguiu ter salto de 2.717% no lucro do quarto trimestre de 2020

Anderson Figo

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SÃO PAULO — Home office, homeschooling, comércio fechado e restrição de mobilidade: em 2020, o cenário pandêmico global fez explodir a demanda para as empresas de tecnologia. As famílias com condições investiram em novos notebooks ou tablets, já que apenas um aparelho em casa não era suficiente para o trabalho dos pais e a escola remota das crianças, enquanto as companhias tiveram que se adaptar ao distanciamento, trocando os desktops dos escritórios por notebooks que foram levados para casa pelos funcionários.

Esse movimento ajudou a Positivo Tecnologia (POSI3) a ter um salto de 2.717% no lucro líquido do quarto trimestre do ano passado, na comparação com igual período de 2019, passando de R$ 5,317 milhões para R$ 149,8 milhões. No acumulado de 2020, o lucro da empresa chegou a R$ 195,84 milhões, crescimento de 839,4% sobre o ano anterior. A receita líquida subiu 59,4% no trimestre e 14,5% no ano, perto de R$ 2,2 bilhões entre janeiro e dezembro.

“Nós ampliamos nossa capacidade para crescer e vamos ampliar ainda mais”, disse Caio Gonçalves de Moraes, vice-presidente de finanças e relações com investidores da companhia, em live do InfoMoney na terça-feira (30). “A pandemia se mostrou uma grande oportunidade, muitos movimentos que levariam mais tempo para a adesão das pessoas, para acontecer, eles foram acelerados de forma vertiginosa”, completou.

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A entrevista faz parte do projeto Por Dentro dos Resultados, no qual CEOs e outros executivos importantes de empresas da Bolsa comentam os balanços do quarto trimestre de 2020 e o desempenho anual das companhias, e falam também sobre perspectivas. Para não perder as próximas lives, que acontecem até o início de abril, se inscreva no canal do InfoMoney no YouTube.

O executivo destacou a mudança no segmento “consumer”, com muitas famílias comprando mais notebooks e montando uma estrutura de equipamentos mais robusta em casa para trabalho, estudo e lazer. E, embora muitas famílias já tenham comprado os dispositivos no ano passado, ainda há muito espaço para vender os produtos, segundo Moraes.

“O mercado global de computadores atingiu 302 milhões de unidades em 2020, crescimento de 13% sobre 2019. Se a gente pega a média de 2015 a 2019, os institutos estimam um crescimento bastante forte em 2021, de 30% acima dessa média. Existe uma demanda represada no Brasil. O Brasil já representou mais de 4% do mercado global, mas ano passado esse percentual estava em apenas 2%. Se a gente imaginar uma melhora de ambiente econômico local, a gente pode se aproximar dos 3%”, afirmou.

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O VP da Positivo destacou a parceria com varejistas para os produtos da companhia chegarem aos consumidores finais. Mesmo com fechamento de lojas, o desempenho do segmento “consumer” foi favorável, com receita bruta de R$ 1,4 bilhão — sendo mais de R$ 500 milhões no último trimestre do ano. O resultado foi impulsionado também pelo aumento do tíquete médio, de cerca de 25% no período.

Esse aumento de preços, segundo Moraes, se deve por causa do aumento no custo de importação de componentes (a empresa tem diversos fornecedores ao redor do mundo, especialmente na Ásia). A pandemia aumentou a demanda por componentes no mundo todo e atrasou as entregas, elevando os preços.

Testes de Covid

O executivo comentou ainda sobre os aportes da Positivo Tecnologia em 11 startups de diferentes áreas, entre elas a Hilab, companhia especializada em testes rápidos que fechou a venda de 2 milhões de produtos para detecção da Covid-19 ao governo do estado de São Paulo. A Positivo possui 28% da startup. “Todas as empresas em que investimos nós apoiamos operacionalmente visando ganhos de sinergias”, disse.

Moraes comentou ainda sobre a área do setor público dentro da companhia, com impacto positivo sobre o balanço de editais do governo para a entrega de notebooks e tablets às escolas públicas, além de a empresa ter vencido uma licitação para fornecer 180 mil urnas eletrônicas ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) entre 2021 e 2022, podendo o contrato ser prorrogado.

O VP da Positivo destacou ainda que, apesar de a marca ser muito forte entre a classe média brasileira, ela também atua com as linhas Vaio e Positivo Casa Inteligente, para pessoas com poder aquisitivo maior, sendo que ambas deram um salto em 2020. Apenas no segmento Casa Inteligente, o número de clientes saltou 1.500% no quarto trimestre do ano passado.

Outro ponto abordado foi o segmento de serviços financeiros, via terminais inteligentes de pagamento, além da remuneração aos acionistas, a posição de caixa confortável de mais de R$ 500 milhões e a possibilidade de fusão e aquisição de empresas que seriam avenidas de crescimento para a Positivo. Assista à live completa acima.

Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.