De inoportuno a histórico: a reação dos políticos pelo mundo ao discurso de Bolsonaro na ONU

Macron afirmou que sua atuação não é por interesse econômico na Amazônia, mas por pensar no futuro da região que é “um bem comum“

Rodrigo Tolotti

(Alan Santos/PR)

Publicidade

SÃO PAULO – Em seu aguardado discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), o presidente Jair Bolsonaro preferiu adotar um tom mais agressivo, fazendo críticas a governos de esquerda e ataques a uma série de países e à imprensa internacional. Isso gerou uma série de reações tanto no Brasil quanto no exterior.

Um dos alvos de Bolsonaro, o presidente da França, Emmanuel Macron, rebateu o discurso em breve entrevista ao Estadão. O chefe de estado disse que não assistiu à fala, mas afirmou também que sua atuação não se trata de interesse econômico na floresta, mas de pensar no futuro da região que é “um bem comum”.

“Eu acho que todos nós só queremos ajudar as pessoas da Amazônia […] Temos muitas pessoas envolvidas no futuro da Amazônia e acho que o que queremos fazer é ajudar as pessoas, com completo respeito pela soberania, ajudando o povo”, afirmou.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

“Não é questão de lobby ou interesse, os lobbies são para destruir a floresta para seus próprios interesses. O que nós queremos fazer é ajudar pessoas para elas mesmas e para o futuro da Amazônia, porque é um bem comum”, rebateu Macron.

Já a primeira-ministra da Noruega, Erna Solberg, discordou do discurso de Bolsonaro. “Eu não concordaria totalmente com muitas coisas que ele falou […] Estamos preocupados é com a parceria que tínhamos com o Brasil em torno da Amazônia”, afirmou em entrevista ao Valor.

“A preservação das florestas tropicais pode também levar ao desenvolvimento econômico de suas áreas. Nós temos uma preocupação com o futuro delas e queremos ajudar a salvá-las, trabalhando em conjunto e respeitando inteiramente a soberania do Brasil”, completou.

Continua depois da publicidade

Atrito com Cuba

Logo no início de seu discurso, Bolsonaro criticou o governo de Cuba e o programa Mais Médicos.

“Em 2013, um acordo entre o governo petista e a ditadura cubana trouxe ao Brasil 10 mil médicos sem nenhuma comprovação profissional. Foram impedidos de trazer cônjuges e filhos, tiveram 75% de seus salários confiscados pelo regime e foram impedidos de usufruir de direitos fundamentais, como o de ir e vir. Um verdadeiro trabalho escravo, acreditem”, disse.

A fala gerou uma reação de chanceler cubano, Bruno Rodríguez, que rebateu o presidente no Twitter: “Eu rejeito categoricamente as calúnias de Bolsonaro contra Cuba. Ele está delirando e anseia pelos tempos da ditadura militar”.

Continua depois da publicidade

“Ele deveria cuidar da corrupção de seu sistema de justiça, governo e família. Ele é o campeão do aumento da desigualdade no Brasil”, completou Rodríguez.

A fala do chanceler levou a uma resposta do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) na rede social.

“Se o chanceler cubano está reclamando é porque foi bom. É o nosso comunistômetro. Cuba é a maior escravidão do mundo. Seu povo vive de forma miserável, pouquíssimos conseguem denunciar isso ao mundo e ninguém pode sair da ilha sem autorização do governo da Venezuela vai pelo mesmo caminho”, postou o filho do presidente.

Publicidade

Reações na política brasileira

Durante um evento em São Paulo, o governador do estado, João Doria (PSDB), também criticou o discurso de Bolsonaro na ONU. Para ele, a fala foi “inadequada e inoportuna” e faltaram “bom senso e humildade” ao presidente.

“Não teve referências que pudessem trazer respeitabilidade e confiança no Brasil no plano ambiental, econômico ou político”, disse.

Enquanto isso, o deputado e aliado de Bolsonaro, Marco Feliciano (Podemos-SP), elogiou o discurso do presidente, classificando como um “histórico pronunciamento”.

Continua depois da publicidade

“Depois do histórico pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro no dia de hoje, próprio de um estadista, feito diante da Assembleia-Geral das Nações Unidas, nosso Brasil entrou definitivamente para o grupo das nações que ditam os rumos da humanidade! Viva o Brasil”, escreveu no Twitter.

Quer investir melhor o seu dinheiro? Clique aqui e abra a sua conta na XP Investimentos

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.