De Cosan à Cosan Limited: o que muda para as ações com a tão esperada reorganização societária

Analistas veem grande oportunidade de geração de valor para os acionistas, destacando três pontos

Lara Rizério

Cosan (Foto: Paulo Fridman/Corbis via Getty Images)

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SÃO PAULO – Na última sexta-feira (3), a Cosan (CSAN3) anunciou a aprovação de reorganização societária das empresas que fazem parte do grupo pelos respectivos conselhos de administração. Se aprovada pelos acionistas, a operação vai tornar a Cosan S.A. como holding única, incorporando a Cosan Limited (CZZ) e a Cosan Logística (RLOG3), controladora da Rumo (RAIL3).

A partir da consolidação da nova estrutura, os acionistas da própria Cosan, da CZZ e da Cosan Log vão passar a deter ações da holding, que continuará sendo controlada pela Aguassanta, veículo de investimento da família de Rubens Ometto.

Como parte da operação, a Cosan pretende emitir, para os titulares de papéis da CZZ, American Depositary Receipts (ADRs) listada na New York Stock Exchange (Nyse) ou ações negociadas na B3. Os acionistas da Cosan Log, por sua vez, receberão ações da Cosan S.A., que passará a ser controladora direta da Rumo Logística.

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Segundo o documento, a operação só será concluída se o valor destinado ao direito de retirada dos acionistas da Cosan Log não prejudique a estabilidade financeira do grupo, e será estabelecido um valor fixo máximo para este direito. Os acionistas da Cosan e da CZZ não terão direito de retirada.

Para viabilizar a incorporação, a Cosan vai constituir comitês especiais independentes para negociar a relação de troca com os acionistas da CZZ e da Cosan Log. No caso da Cosan e do braço de logística, os comitês serão formados por membros independentes. No caso da DZZ, o grupo terá maioria de conselheiros independentes da companhia.

A projeção é de que a operação seja concluída em aproximadamente 180 dias. A conclusão depende de aprovações corporativas e regulatórias, incluindo a CVM, a SEC, os credores e os fornecedores das empresas mencionadas e suas afiliadas.

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A companhia afirma ainda que pretende preparar suas principais subsidiárias e controladas para uma eventual oferta pública inicial de ações (IPO).

“A viabilidade e o momento das potenciais ofertas de cada companhia são diferentes e a efetiva listagem dependerá de inúmeras condições que poderão ser alheias à vontade de Cosan”, explica.

Confira como está e como será a estrutura da Cosan, conforme quadro elaborado pela XP:

“Enxergamos como estrategicamente positiva a proposta de reorganização corporativa da Cosan, evento aguardado há muito tempo pelo mercado e diversas vezes mencionado pelos executivos da companhia como possível de ocorrer”, destaca Gabriel Fonseca, analista da XP Investimentos (confira o relatório da casa clicando aqui).

De acordo com Fonseca, do ponto de vista quantitativo, há pouco a se comentar por ainda não existir informações sobre as relações de troca entre as ações de CSAN3 e as ações de CZZ e RLOG3. “Quando tal informação ficar disponível, será possível estimar o potencial impacto da proposta para os acionistas minoritários de CSAN3”, avalia.

Porém, do ponto de vista qualitativo, há grande oportunidade de geração de valor a acionistas, uma vez que (1) haveria maior transparência no valor justo de cada um dos negócios que a empresa atua, (2) haveria potenciais oportunidades de distribuição de dividendos extraordinários a acionistas da CSAN3 a partir dos recursos levantados com os IPOs das subsidiárias do grupo e (3) a discussão sobre o desconto de holding implícito no preço das ações da CSAN3 seria muito menos especulativa e mais precisa, podendo ser calculada com base nos preços das ações de cada subsidiária subtraídos da dívida líquida e valor presente dos custos operacionais da holding.

Na avaliação dos analistas do Morgan Stanley, a operação é positiva e as ações da Cosan Limited são as que mais devem se beneficiar desse anúncio, lembrando que todo o processo de reestruturação deve durar cerca de seis meses. Nesta segunda-feira (6), os ativos CZZ, negociados na bolsa de Nova York, subiram 14,38%, a US$ 17,82, na esteira do anúncio. Os papéis CSAN3 tiveram alta de 1,53%, enquanto os RLOG3 e RAIL3 tiveram altas respectivas de 4,52% e 3,51%.

A visão mais positiva para a Cosan Limited decorre do fato da empresa ter um desconto de cerca de 9% em relação à Cosan e Cosan Logística, em relação à cotação de sexta-feira. “Na troca de ações, os acionistas da Cosan Limited devem poder optar entre ações da Cosan ou ADRs (recibos de ações) que devem ser listados na Nyse”, avaliaram.

A Levante Ideias de Investimento aponta que a simplificação da estrutura deve zerar o desconto de holding, o que pode impulsionar ainda mais Cosan Limited e Cosan Logística. Nos últimos 12 meses, a média deste desconto de holding é de 16%. “Nos últimos dias, este desconto voltou a fechar e agora está em 9%. Dessa forma, esperamos impacto positivo mais forte nas ações da RLOG3 no curto prazo”, avaliam os analistas.

Contudo, os analistas do Morgan Stanley fazem uma ponderação: “dada a complexidade da transação e outras tentativas mal sucedidas anteriores, não excluímos a possibilidade de que demore mais do que o esperado para ser concluído ou que a proposição seja retirada ou não aprovada”.

De qualquer forma, além da simplificação societária e a grande vitória recente com a renovação antecipada da Malha Paulista, a Levante ressalta ainda que o próximo grande catalisador para as ações da Rumo (RAIL3/RLOG3) é o projeto de extensão do Lucas do Rio Verde (ex-Sorriso).

“A empresa já está começando implementar um novo terminal em Nova Mutum, que inicialmente funcionará como terminal de carga rodoviária, mas que será convertido no futuro em uma operação ferroviária como uma extensão da Malha Norte”, ressaltam.

Já sobre a Cosan, o Itaú BBA apontou ter visão positiva sobre a companhia e acredita que ela continuará gerando valor por meio de novos projetos com bons potenciais de retorno. “Destacamos, no entanto, que a empresa parece estar precificada nos níveis atuais quando apenas seu portfólio existente é considerado. Adequadamente, neste momento, preferimos estar expostos à empresa via CZZ, considerando o desconto”, avaliam os analistas.

(Com Agência Estado)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.