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A trajetória de David Peixoto no day trade não começou com planejamento. Pelo contrário, começou com uma ilusão alimentada pela primeira grande sorte — aquela que costuma custar caro depois. Além disso, esse início impulsivo abriu espaço para decisões cada vez mais arriscadas.
Ele conta que viu amigos ganhando dinheiro rapidamente, acreditou que o mercado entregaria liberdade imediata e entrou sem conhecimento, sem método e com expectativas irreais. Como consequência, perdeu patrimônio, motivação e quase perdeu a própria confiança. “Eu fiquei encantado, falei calma aí, você ganhou R$500,00, agora eu vou tirar meu mil”, afirma.
A partir desse ponto, a trajetória ganha contornos ainda mais claros. Peixoto aprofunda essa reflexão ao lembrar seu início turbulento. Convidado do episódio 74 do programa GainDelas, no canal GainCast, Peixoto revisitou os erros que o levaram ao fundo do poço antes de construir consistência de fato.
O trader relembra que, após ganhos iniciais por pura aleatoriedade, passou a acreditar que bastava repetir um movimento para viver exclusivamente de mercado. Com isso, a confiança infundada rapidamente o afastou da técnica e o aproximou de riscos cada vez maiores. “Eu coloquei R$500,00 na conta, comprei opções da Petrobras, e no outro dia isso se transformou em R$1.200,00”, observa.
Quando o dinheiro vira ilusão
À medida que o tempo passou, Peixoto mergulhou numa sequência de decisões que ele próprio reconhece como insustentáveis. Sem técnica, assumiu alavancagens perigosas, tomou empréstimos e colocou toda a rescisão em operações de alto risco. Além disso, essa combinação de impulsividade e desconhecimento ampliou drasticamente o tamanho de suas perdas.
Ele relata que criava planilhas imaginando multiplicar capital mês após mês — tudo sem domínio técnico. O resultado foi devastador. “Acabei perdendo tudo mesmo, porque eu vi muito dinheiro no início e depois começou tudo a dar errado”, explica.
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Diante desse cenário crescente de deterioração, a instabilidade emocional também pesou em casa. A família, sem compreender o que ele via no mercado, cobrava resultados enquanto ele afundava psicologicamente. A pressão aumentou quando os dias negativos se acumularam e a confiança desapareceu. “Minha rescisão foi embora, eu vendi meu apartamento, e eu quase entrei em depressão”, relata.
O limite que virou ponto de virada
Embora doloroso, o fundo do poço serviu como gatilho para uma mudança estrutural. Peixoto entendeu que, antes de operar, precisava reconstruir mentalidade, expectativas e metodologia. O passo seguinte foi humilde: voltar ao básico e estudar de fato. Esse retorno às origens lhe permitiu enxergar com clareza os erros que repetia sem perceber.
A partir dessa nova consciência, ele reconhece que a falta de conhecimento o levou a erros repetidos — e que somente após esgotar recursos percebeu a necessidade de ajustar ritmo e ambição. “A frustração maior não foi a perda financeira, foi a perda do tempo que eu construí até ali”, conclui.
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Em decorrência desse processo de reconstrução, a virada também envolve compreender o peso psicológico de operar sob pressão financeira. Peixoto afirma que muitos acreditam que pedir demissão é solução para ganhar foco, mas o efeito costuma ser o oposto: aumenta a ansiedade, reduz a clareza e eleva o risco. “A pressão psicológica é gigantesca, porque você não tem mais salário caindo e acredita que o trade tem que resolver sua vida”, alerta.
Expectativas que precisam se alinhar à realidade
Com mais maturidade, Peixoto passou a ver o day trade como uma profissão — não como uma promessa imediata. Ele destaca que a maioria das pessoas cria expectativas irreais para prazos curtos e, por isso, se frustra cedo demais. Além disso, essa distorção de expectativas costuma gerar decisões impulsivas que aceleram o fracasso operacional.
Ele enfatizou que mudança de vida não acontece em um mês, e sim após meses de estudo direcionado, disciplina e controle emocional. “A pessoa cria uma expectativa muito alta para o curtíssimo prazo e depois começa a acreditar que não é capaz”, analisa.
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A partir dessa compreensão mais madura, Peixoto reforça que consistência nasce da aceitação do processo, do autocontrole e do entendimento de que o dinheiro é consequência do comportamento — não o contrário.
Por essa razão, sua trajetória só mudou quando deixou de buscar rapidez e passou a construir uma base sólida. “Um sonho não tem preço, e se isso der errado vira uma frustração muito grande; então eu martelo muito nessa responsabilidade”, orienta.
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