Da lama da Samarco à lama da Lava Jato: os 5 eventos que explicam novembro na Bolsa

Rumores de saída de Levy, tragédia, Copom sinalizando aumento de juros e mercado colocando todas as fichas em aumento de juros do Fed em dezembro derrubaram a Bolsa

Equipe InfoMoney

Tragédia em Mariana (Fotos públicas)

Publicidade

SÃO PAULO – Ibovespa fecha novembro em queda de 1,63%. Um mês que ficou marcado pelo desastre de Mariana, pelo Copom (Comitê de Política Monetária) mais agressivo, indicando aumento de juros no futuro, e pelas prisões do senador Delcídio Amaral (PT-RS) e do ex-presidente do BTG Pactual, André Esteves. O rali de seis pregões que ocorreu há duas semanas foi devolvido e o mercado se mantém em baixa com o cenário cada vez mais indefinido. Ao longo desta semana, a agenda cheia com PIB (Produto Interno Bruto), Ata do Copom, Relatório de Emprego nos EUA, reunião do BCE (Banco Central Europeu) e visita da S&P torna qualquer previsão para o futuro da Bolsa difícil. 

 Veja os 5 acontecimentos que marcaram novembro:

1. Tragédia de Mariana
Desde a tragédia do dia 5 de novembro, quando as barragens da mineradora Samarco se romperam em Bento Rodrigues, distrito de Mariana (MG), as ações da Vale (VALE3VALE5) só caíram na Bovespa. Foram 23,9% de queda para as ações ordinárias e 23,3% de desvalorização para as preferenciais. O desastre deixou mais de uma dezena de mortos e pelo menos 8 desaparecidos.  

Continua depois da publicidade

2. Copom mais “hawkish”
Em relatórios, economistas destacaram que o comunicado do Copom pós-reunião surpreendeu pelo fator da decisão ter sido ‘dividida’: dois dos oito membros do colegiado votaram pela elevação da taxa básica de juros em meio ponto percentual, para 14,75% ao ano. No 1º parágrafo, também foi cortada a expressão “atual balanço de riscos”; BC limitou-se a dizer que decidiu “avaliando a conjuntura macroeconômica e as perspectivas para a inflação”. Analistas de mercado viram sinal de alta na divisão de votos, lembrando que os dois que votaram contra a manutenção foram Sidnei Corrêa Marques e Tony Volpon.

3. Rumor de saída de Levy
No meio de novembro, as notícias de que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, iria deixar o cargo atingiram o seu apogeu. Em meio à piora das expectativas sobre a retração da economia em 2016, os assessores presidenciais cobraram mais criatividade da equipe econômica para lançar uma agenda de retomada do crescimento que desse resultado nos próximos meses. Porém, não estava nos planos da presidente Dilma Rousseff trocar o ministro da Fazenda, apesar das seguidas pressões do PT e do ex-presidente Lula para substituí-lo. 

4. Fed mais perto da elevação
Autoridades do Federal Reserve continuaram a apontar dezembro como um momento possível para elevar os juros após mantê-los perto de zero por sete anos, com duas expressando confiança de que o banco central norte-americano será capaz de fazê-lo de forma suave, apesar de temores sobre uma possível reação abrupta nos mercados. Investidores reagiram aumentando as apostas sobre as chances de uma alta de juros no mês que vem para 72%, ante 64% na terça-feira (17), de acordo com a curva de juros dos mercados futuros. 

Continua depois da publicidade

5. Prisões de Delcídio do Amaral e André Esteves
A 21ª fase da Operação Lava Jato começou com a prisão do pecuarista amigo de Lula, José Carlos Bumlai e acabou evoluindo para as prisões do ex-presidente do BTG Pactual, André Esteves, e do líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral. Os dois foram presos suspeitos de atrapalharem as investigações da Polícia Federal supostamente oferecendo dinheiro e até um plano de fuga para o ex-diretor da Petrobras (PETR3PETR4) Nestor Cerveró em troca do seu silêncio na delação premiada. A prisão do banqueiro gerou o temor de um impacto sistêmico no setor financeiro e a do senador aumentou as tensões políticas, tornando, inclusive, mais difícil a aprovação da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2016. 

É hora ou não é de comprar ações da Petrobras? Veja essa análise especial antes de decidir: