Cyrela, Direcional, Even, Moura Dubeux e Melnick divulgam prévias operacionais: quais se destacaram no 2º tri?

Números de Cyrela, Direcional e Moura Dubeux foram elogiados por analistas, enquanto Even e Melnick não agradaram tanto

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Às vésperas do início da temporada de resultados do segundo trimestre de 2021, diversas empresas, principalmente construtoras, estão divulgando prévias operacionais do período.

Apenas entre a noite de segunda-feira (12) e esta terça-feira (13), cinco companhias divulgaram os seus dados operacionais, caso de Cyrela (CYRE3) e Even (EVEN3), que fazem parte do Ibovespa, além de Direcional (DIRR3), Moura Dubeux (MDNE3) e Melnick (MELK3).

O movimento das ações nesta sessão é tímido como reação às prévias, também em meio à visão de um cenário de mais desafios com a alta dos juros no Brasil, mas ainda assim dá indicações sobre a avaliação dos investidores sobre os números das empresas. O papel da Direcional avançava cerca de 1% durante a tarde na B3 em meio aos dados considerados positivos, enquanto Cyrela e Moura Dubeux operavam perto da estabilidade após números também elogiados.

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Even e Melnick, por sua vez, caíam cerca de 2% após os dados entre abril e junho não agradarem. Confira a avaliação dos analistas para os números das empresas.

Confira as análises sobre as prévias das construtoras:

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Cyrela (CYRE3)

A Cyrela divulgou na segunda-feira saltos nas vendas e lançamentos de imóveis residenciais no segundo trimestre, apoiada em parte pela fraca base de comparação com o ano passado e pelo bom momento vivido pelo mercado de construção civil. As vendas contratadas da companhia somaram R$ 1,56 bilhão entre abril e o final do primeiro semestre ante R$ 512 milhões no mesmo período do ano passado. Em comparação com o primeiro trimestre deste ano, as vendas subiram 51,3%, informou a companhia.

Das vendas líquidas no trimestre, R$ 239 milhões foram de estoque pronto (15%), R$ 545 milhões à venda de estoque em construção (35%) e R$ 776 milhões à venda de lançamentos (50%). “Dessa forma, a Cyrela atingiu uma velocidade de vendas (“VSO”) de lançamentos de 40,2% no trimestre”, afirmou a companhia. Já os lançamentos avançaram para R$ 1,93 bilhão nos três meses encerrados no fim de junho ante R$ 254 milhões no mesmo período de 2020. A empresa lançou 19 empreendimentos no trimestre ante apenas três no mesmo período do ano passado.

O Itaú BBA avalia o resultado da Cyrela como positivo, marcado por retomada de volume de lançamentos e velocidade de vendas “saudável”.

O Credit Suisse avaliou os resultados da Cyrela como mais fortes do que o esperado, apontando que a empresa é uma das mais bem estruturadas do setor e a melhor posicionada para se beneficiar do momento atual. As vendas líquidas ficaram 6% acima da expectativa do Credit.

A XP também aponta que a Cyrela apresentou dados operacionais sólidos após um primeiro trimestre mais ameno, que havia sido impactado pelas restrições comerciais em razão da pandemia.

“Em suma, vemos seu desempenho operacional como positivo e reiteramos nossa recomendação de compra e preço-alvo de R$ 33 por ação”, apontam.

Os analistas da Levante Ideias de Investimentos avaliam que os resultados operacionais foram bons, mostrando um salto nas vendas e lançamentos no segundo trimestre, porém, se deve principalmente a uma base de comparação muito fraca,  no pior momento da pandemia.

De qualquer forma, o setor imobiliário como um todo está reaquecendo, após adiamentos de lançamentos afetados pela segunda onda de contaminação da Covid-19 no primeiro trimestre de 2021 e sazonalmente o mais fraco do ano

Por outro lado, no médio prazo, a expectativa do aumento da taxa de juros até entre 6,5% e 7,00% ao ano, no fim de 2021, tende a impactar negativamente o setor de construção civil, pois maiores taxas de financiamento com prestações mais altas diminui o número de compradores de imóveis.

Além disso, o setor ainda é impactado pelos possíveis e ainda incertos efeitos da reforma tributária, que podem acabar reduzindo a lucratividade das construtoras. “Tudo isso, indica um cenário menos otimista para o setor para o segundo semestre”, avaliam.

Direcional (DIRR3)

A Direcional Engenharia teve crescimento de 53% nas vendas líquidas contratadas no segundo trimestre frente ao mesmo período do ano passado, totalizando R$ 614 milhões, divulgou a companhia na noite de segunda-feira. Foi o melhor trimestre de vendas em toda a história da companhia, que tem foco no desenvolvimento de empreendimentos imobiliários populares e de médio padrão.

No segundo trimestre, a Direcional lançou 13 novos empreendimentos/etapas, que totalizaram valor geral de vendas de R$ 785 milhões, 123% acima na comparação com os mesmos meses de 2020 e também recorde.

A Direcional teve recordes de lançamentos e vendas no segundo trimestre de 2021. O total de lançamentos, incluindo a parcela de sócios nos projetos, chegou a R$ 784,9 milhões – alta de 123,5% na comparação anual. As vendas totais subiram 53%, para R$ 614 milhões.

O Credit avalia que o resultado da Direcional bate novamente as expectativas, com patamares recordes de lançamentos e vendas e expansão da Riva. O banco espera que a empresa continue a apresentar bons números, mas vê pouco espaço para valorização das ações, por isso mantém avaliação neutra.

Já a XP ressalta que a performance positiva reforça não só a visão de demanda resiliente no segmento de baixa renda (segmento core da Direcional), mas também o sólido crescimento da Riva (subsidiária no segmento de média renda), em que destacam as vendas líquidas de R$ 178 milhões e dados de vendas sobre oferta (VSO) de 26%. Os analistas reiteram  recomendação de compra e preço-alvo de R$ 20,50 por ação.

Dos R$ 784,9 milhões em lançamentos, R$ 597 milhões foram sob o programa Casa Verde e Amarela e R$ 188 milhões da Riva. Os analistas da XP também destacam o preço médio de lançamento por unidade de R$189 mil (alta de 15% ano contra ano e queda de 19% trimestre contra trimestre).

Na mesma linha, o Bradesco BBI avalia que a Direcional entregou um excelente resultado operacional para o segundo trimestre, especialmente quando se olha a execução bem-sucedida no negócio de média-baixa renda (Riva) – dado que os
negócios Casa Verde Amarela têm um limite máximo limitado para aumentar os preços e menor acessibilidade, que não é o caso do Riva.

“Em geral, reafirmamos Direcional como nossa top pick entre nossa cobertura de construção civil/incorporadoras com um preço-alvo de R$ 20 por ação para o final de 2021, uma vez que a companhia atualmente negocia com um múltiplo de preço sobre lucro de um digito (9,6 vezes o esperado para 2021 e 7,3 o esperado para 2022) e tem o melhor momentum de
lucro no espaço de baixa renda”, ressaltam.

Even (EVEN3)

Os números da Even, por sua vez, foram considerados mais fracos. A Even lançou dois projetos no segundo trimestre, totalizando R$ 216 milhões (versus R$ 716 milhões no primeiro trimestre e alta de 10% contra o mesmo período do ano passado).

As vendas líquidas atingiram R$ 354 milhões, queda de 40% na base trimestral e alta de 18% na comparação anual, sendo R$ 249 milhões de estoques e R$ 105 milhões de lançamentos recentes. O VSO caiu de 24% nos primeiros três meses do ano para 16%  e 49% em relação aos lançamentos recentes.

A XP destaca que os números do primeiro trimestre foram impulsionados pela venda do projeto Hotel Fasano Itaim (com Valor Geral de Vendas de R$ 280 milhões), o que pode distorcer a comparação trimestral.

O BBA avaliou os dados da Even como neutros, com velocidade de vendas razoáveis a partir dos estoques, mas disse que a velocidade das vendas consolidadas perdeu ritmo em comparação com trimestres anteriores, devido a um ritmo de lançamentos mais lento.

Os resultados da Even foram considerados levemente fracos pelo Credit. O banco diz que os volumes de lançamentos e vendas ficaram abaixo de suas estimativas, mas que a Even já anunciou em seu dia do investidor projetos sólidos de lançamentos, um indício de que os resultados da empresa devem melhorar no futuro. Mas, devido à perspectiva de concorrência forte, o banco mantém avaliação neutra para os papéis.

O valor potencial de vendas (PSV na sigla em inglês) de R$ 216 milhões ficou 26% acima do mesmo período do ano anterior, e abaixo da expectativa de R$ 394 milhões do Credit. As vendas de R$ 354 milhões ficaram 20% abaixo da estimativa do Credit.

O Bradesco BBI aponta que apesar da atraente velocidade de vendas, as vendas líquidas caíram 40% no comparativo trimestral, pois a Even tem poucos produtos à disposição. Os lançamentos foram escassos e a base de estoques
está diminuindo (o estoque pronto em São Paulo caiu para R$ 251 milhões no primeiro trimestre de 2021).

Assim, avalia o BBI, o desafio da Even está em lançar projetos para dar retorno sobre o excesso de caixa, ou devolvê-lo aos acionistas.

“Esperamos que a empresa reformule os lançamentos no segundo semestre, assim como muitos de nossos nomes listados, levando a um campo competitivo mais acirrado à frente. Mesmo assim, a sólida velocidade de vendas do trimestre sugere que o ambiente ainda é bastante acolhedor para novos lançamentos, desde que a Even consiga romper o gargalo de
licenciamento em São Paulo”, apontam os analistas. O BBI possui recomendação outperform para Even, com preço-alvo de R$ 15.

Moura Dubeux (MDNE3)

A Moura Dubeux reportou lançamentos reprimidos e atingiu um Valor Geral de Vendas de R$ 501 milhões (alta de 457% ante igual período do ano anterior), sua maior marca trimestral de sua história.

O BBI destaca que a Moura Dubeux foi rápida na implantação de sete novos empreendimentos no segundo trimestre (3 tradicionais e 4 condomínios com VGV de R$ 265 milhões), em linha com as estimativas do banco, estabelecendo um recorde de 12 meses de R$ 1,3 bilhão.

Já a receita líquida de R$ 383 milhões superou a expectativa já otimista dos analistas (27% acima do BBI), com base nas
vendas de novos lançamentos. A Moura Dubeux encerrou o trimestre já tendo vendido expressivos 46% dos R$ 501 milhões de seus empreendimentos lançados no 2T21. No geral, as vendas sobre a oferta do trimestre alcançaram 26,9% (alta de 5,9 pontos percentuais ante o trimestre anterior), levando ao seu maior número de vendas líquidas (alta de 401% na comparação anual no trimestre).

Já as vendas de estoque pronto perderam fôlego e atingiram R$ 47 milhões no trimestre (queda de 24% ante o trimestre imediatamente anterior), ainda respondendo por 24% da base de estoque em aberto no final do primeiro trimestre.

O Itaú BBA viu o dado da Moura Dubeux como positivo, devido a bons resultados operacionais, com fortes vendas e mais um trimestre de geração de fluxo de caixa, apesar das compras de terrenos.

O Credit avaliou os resultados da Moura Dubeux também como bons. Para atingir a estimativa de lançamentos do Credit para 2021, de R$ 1,3 bilhão, a empresa ainda precisa lançar R$ 708 milhões em empreendimentos, algo que o banco avalia como possível devido à perspectiva melhor para a pandemia no Brasil. O banco reitera recomendação outperform.

Para o BBI, a Moura Dubeux deu uma importante demonstração de força na sua capacidade de lançamento. Tendo em vista que os lançamentos do primeiro trimestre ficaram abaixo de R$ 90 milhões, a empresa já está na metade do ano com um
lançamento de 39% da expectativa do banco para 2021 (R$ 1,52 bilhão em VGV). Mesmo assim, a Moura Dubeux foi muito mais rápida para voltar à ação do que suas contrapartes de São Paulo, ainda tropeçando no gargalo de licenciamento da cidade, apontam os analistas.

“Com os quatro condomínios lançados no trimestre, vemos espaço para que a margem bruta do segundo trimestre de 2021 supere nossa estimativa (31% da estimativa do BBI no segundo trimestre de 2021)”, ressaltam. A recomendação para ação é outperform com preço-alvo de R$ 16.

Melnick (MELK3)

A Melnick lançou apenas um empreendimento, de R$ 98 milhões em VGV, caindo 60% na base anual e 71% na trimestral.

Já as vendas líquidas atingiram R$ 140 milhões (queda de 43% na comparação com igual período de 2020 e alta de 15% na comparação trimestral), o que levou a um VSO de 14% (versus 12% no trimestre anterior). Por fim, a Melnick entregou um projeto com VGV de R$90 milhões.

“Embora esperamos algum impacto no curto prazo, mantemos nossa visão positiva para as ações no longo prazo e mantemos nossa recomendação de compra e preço-alvo de R$ 9 por ação”, aponta a XP.

Já o BBA avaliou os dados preliminares da Melnick como neutros, em que um resultado “razoável” de vendas foi ofuscado por volume lento de lançamentos e aumento nos cancelamentos de vendas.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.