Cyrela (CYRE3) vê 2022 com “cautela” e “um dia de cada vez”; ações fecham com salto de 9,39% após balanço

Segundo executivos, alguns insumos da construção vêm apresentando evolução de preços acima da inflação medida pelo INCC

Augusto Diniz

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A Cyrela (CYRE3) aponta desafios esse ano com inflação, aumento de insumos, Copa do Mundo, eleições e riscos geopolíticos. Em apresentação nesta sexta-feira (18) a analistas de mercado, dos resultados do 4T21 e 2021, Raphael Horn, diretor copresidente da companhia, citou várias vezes estar “vivendo um dia de cada vez”.

Ontem, a Cyrela (CYRE3) reportou um lucro líquido de R$ 218 milhões no balanço do 4º trimestre, desempenho 16,7% inferior ao do mesmo intervalo de 2020, de R$ 261 milhões. No pregão desta sexta-feira, as ações da companhia dispararam 9,39%, cotadas a R$ 16,08, também seguindo o movimento de forte alta do setor de construção em geral, com a forte queda dos principais contratos de juros futuros.

Conforme o Itaú BBA, o balanço da construtora foi “levemente positivo”, apresentando resultados bons e em linha de lucros e perdas. “A margem bruta ajustada contraiu trimestralmente, provavelmente devido à pressão de custos, mas ainda ficou em níveis bastante saudáveis”, destacou.

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E acrescentou que, semelhante ao trimestre anterior, a empresa apresentou forte geração de caixa, enquanto as despesas com SG&A foram a ressalva do trimestre.

Lançamentos

Quando perguntado sobre a previsão de lançamentos da empresa esse ano, Raphael Horn disse que o “viés é de cautela” e observa o momento com atenção.

“Vamos ver como as coisas andam. A gente tem muita coisa pra lançar, mas se as coisas piorarem, nós vamos segurar. Um dia de cada vez. Brasil sempre é assim. Estamos bastante acostumados com o Brasil. A gente não controla o destino. O que a gente faz é trabalhar todo dia”, disse.

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O CEO disse ainda que “2022 será desafiador, com risco geopolítico, variáveis macroeconômicas menos favoráveis e eventos locais que podem afetar o nível de vendas (da empresa), como Copa do Mundo e eleições presidenciais”.

Segundo ele, no ano passado, o cenário já foi desafiador com juros altos e inflação acima da expectativa.

INCC não captou corretamente a inflação

O Índice Nacional de Custo de Construção (INCC) monitora a evolução dos preços de materiais, serviços e mão-de-obra da construção civil. Mas segundo Miguel Maia Mickelberg, diretor financeiro da Cyrela (CYRE3), a variação de alguns insumos foi acima do índice.

“A gente sempre que vai fazer lançamento, fazemos um orçamento de obras bastante detalhado, com base no anteprojeto, com quantitativo bem específico e usando preços unitários correntes para todos os insumos”, relata o executivo.

“O que vem acontecendo nesses últimos meses é a variação de alguns insumos acima da variação do INCC. Por isso, a gente não conseguiu manter os custos de algumas obras, principalmente as que foram lançadas no final de 2020 e início de 2021. Isso porque houve um aumento grande de aço e instalações elétricas e hidráulicas que o INCC não captou corretamente. O impacto foi maior do que o índice captou”, comentou Mickelberg.

Raphael Horn também destacou esse descompasso entre o INCC e o valor praticado no mercado com insumos e serviços da construção civil.

“Mas a gente mantém nosso processo de orçamento, que é bastante sólido”, enfatizou o diretor financeiro.

Miguel Maia Mickelberg disse ainda que houve reajustes de preço no final de ano em unidades do estoque pronto e projetos antigos. O copresidente, porém, disse que o reajuste foi abaixo da inflação do setor.

Mitigar impacto

O diretor financeiro da Cyrela disse também que o momento “está desafiador para a engenharia”. Segundo ele, “a demanda por mão de obra está alta porque a gente teve um volume muito grande de lançamentos em São Paulo”.

E complementou: “A gente tinha controlado bastante os materiais, o câmbio ajudou e teve alguns insumos que caíram (de preço). Agora, com o conflito Rússia-Ucrânia muda bastante, pode ter impacto sim (no aço). Nós temos o preço fechado para alguns meses. Estamos avaliando o que fazer para mitigar o impacto”, disse.

Ele vê a alta de preços com potencial fonte de inflação: “A dúvida é a capacidade de repassar esses preços”.

Questionado se há projeção da Cyrella comprar terrenos, Raphael Horn disse que não estar “preocupado” com esse assunto. “Não sabemos dos juros. O mercado está passado por um ajuste no segmento imobiliário. Tem eleição. É muito cedo pra entender no macro para ver os impactos no micro”, concluiu.

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