Cyrela (CYRE3) vê custo de mão de obra com “preocupação” em lançamentos em São Paulo

Ano passado o índice interno de custos da empresa chegou a ser maior do que a média nacional

Augusto Diniz

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A Cyrela (CYRE3) já projeta um cenário de maior pressão em 2024, em meio à previsão de um maior número de lançamentos a acontecer. “Todo ano a gente acha que é desafiador. É sempre desafiador. A concorrência é muito boa. Tem muito player bom. E terreno é sempre muito difícil”, avaliou Raphael Horn, CEO da Cyrela, durante a teleconferência de resultados do 4T23, realizada nesta sexta (15).

No quarto trimestre do ano passado, a Cyrela (CYRE3) lucrou R$ 248 milhões no quarto trimestre de 2023, uma alta de 19%. No pregão desta sexta-feira (15), após resultados, as ações caíram 2,92%, terminando cotadas a R$ 24,62. No ano, porém, as ações sobem 2,28% e, em doze meses, acumulam alta de 64,8%.

“A gente começou 2023 bastante preocupado. E acabou o ano e o desempenho foi melhor do que esperava”, afirmou. “A gente tem um desafio adicional (em 2024) porque o volume é um pouco maior. Vai ser difícil. É um volume bastante considerável e gente vai fazer o impossível para entregar um resultado satisfatório”, acrescentou.

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Cyrela: São Paulo encarece custos

A incorporadora pretende fazer mais lançamentos nesse ano. Em 2023, foram 51 lançamentos, 3 a mais do que 2022. Do total do ano passado, 65% se concentraram em São Paulo.

A capital paulista tem tido um movimento diferente em relação ao resto do país, no que tange aos custos. Com muitos empreendimentos em obras ou a serem lançados, construtoras têm apontado preocupação com o desenvolvimento de projetos na cidade.

“A mão de obra tem sido um desafio. A Cyrela cresceu bastante. O mercado cresceu bastante. A gente vê certa escassez”, disse Miguel Mickelberg, CFO da empresa.

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“Olhando para frente, a gente a acha que vai ter mais lançamentos na cidade e isso pode gerar um novo aperto (como ocorreu em 2022 e ano passado). Em 2023, nosso custo de obra subiu um pouco mais do que o INCC (Índice Nacional de Custo de Construção), que foi de 3,3%, e o nosso índice de custo ficou na casa de 4,8%, e o efeito é em mão de obra. Então teve um impacto”, afirmou. “É um tema que gera preocupação”, completou.

Financiamento de imóveis sofre dicotomia

Miguel também comentou a dinâmica de financiamento de imóveis. Segundo ele, existe uma “dicotomia” no mercado.

“A gente vê um ciclo bastante saudável da queda da Selic, por outro lado a poupança continua com muito outflow (fluxo de saída). Nos dois primeiros meses do ano foram R$ 20 bilhões. Enquanto tiver esse nível de outflow da poupança, acho difícil imaginar uma queda nas taxas de financiamento”, afirma.

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Para ele, os bancos estão tendo que usar um funding marginal para financiamentos imobiliários, que é mais caro, para cobrir os saques maiores do que os depósitos na poupança.

“Por outro lado, a gente acha que não terá aumento nas taxas. Os bancos aumentaram as taxas na última vez no início do ano passado e acho que cabe dizer que mesmo com esse aumento de taxas, a gente teve um ano (2023) muito saudável de repasses e distratos”, avalia.

“Se a poupança começar a reagir melhor, pode ser que abra espaço para reduzir (as taxas)”, acrescentou.

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Dividendos ou ROI

Raphael Horn também fez comentários sobre possíveis dividendos durante a teleconferência de resultados do 4T23. Segundo ele, todos os dias a empresa avalia o ROI (retorno do investimento).

“Vemos se tem terreno bom para comprar, se vai melhorar nosso ROI, ou se vamos pagar dividendos. A gente gosta de dividendos. A gente pagou bastante dividendos entre 2015 e 2019. Acho que o nosso ROI é para cima. Mas se não tiver condições, a gente paga dividendos. É dividendos ou ROI para cima”, comentou.