Cumprimento de meta fiscal é inegociável, diz secretário

Segundo ele, o cumprimento da meta fiscal é inegociável, mesmo que a máquina pública corra o risco de ficar paralisada diante de novos bloqueios

Estadão Conteúdo

Publicidade

Após ter feito de tudo no mês passado para evitar o custo político de um novo contingenciamento no Orçamento deste ano, o secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, afirma que o governo voltará a cortar despesas caso isso seja necessário.

Segundo ele, o cumprimento da meta fiscal é inegociável, mesmo que a máquina pública corra o risco de ficar paralisada diante de novos bloqueios.

“É importante deixar muito claro que esse é um governo pró-mercado, que vai defender a responsabilidade fiscal sempre. O que que eu posso fazer? Se não tem dinheiro, não pode gastar. Nós não cometeremos os mesmos erros de governos passados. Não vamos dar mais bebida para o bêbado. Quem pensar em estourar a meta fiscal está exonerado”, afirmou o secretário, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, referindo-se à intransigência do ministro da Economia, Paulo Guedes, quando o assunto é responsabilidade fiscal.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

O governo tem de fazer uma reavaliação das receitas e despesas previstas para o ano a cada dois meses. Em março, diante da revisão para baixo das estimativas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019, a equipe econômica anunciou contingenciamento de R$ 29,8 bilhões em gastos.

A medida impôs forte bloqueio de despesas em todos os ministérios e trouxe enorme desgaste político ao governo Jair Bolsonaro ao desembocar em grandes manifestações de rua contra cortes de recursos para as universidades federais.

A pressão popular fez com que, em maio, mesmo com nova redução das projeções para o crescimento do País neste ano, a equipe econômica lançasse mão de uma reserva orçamentária para evitar que um novo contingenciamento precisasse ser anunciado.

Continua depois da publicidade

De lá para cá, as projeções dos economistas para o Produto Interno Bruto (PIB) apenas pioraram. O último Relatório Focus, elaborado semanalmente pelo Banco Central a partir das respostas de analistas do mercado financeiro, apontou para um crescimento inferior a 1% neste ano.

Menos atividade significa menor arrecadação de impostos, o que pode obrigar o governo ter que bloquear ainda mais as despesas no fim de julho. A “reserva orçamentária” agora já foi usada.

Sachsida não descarta a possibilidade de um chamado “shutdown” – ou paralisação – de parte da máquina pública por falta de recursos.

Continua depois da publicidade

“A situação está difícil. Você fala em shutdown do governo, mas vamos falar de shutdown de famílias, com a quantidade de gente desempregada que está aí. Não faz sentido o setor público ser diferente”, completou o secretário.

Como o governo não pode deixar de pagar despesas obrigatórias – como salários dos servidores e benefícios da Previdência -, todo contingenciamento do Orçamento atinge as chamadas despesas discricionárias, que incluem investimentos, bolsas, manutenção de prédios, compras de materiais de escritório e até mesmo as contas de luz e água dos prédios públicos.

Por isso, um shutdown na máquina pública impediria que muitos órgãos simplesmente abrissem as portas para funcionar – como ocorreu no começo deste ano nos Estados Unidos.

Publicidade

O Brasil nunca viveu uma situação como essa, mas há tempos flerta com o esgotamento dos recursos para o funcionamento mínimo da máquina.

A última vez que chegou perto foi no governo Michel Temer, quando, durante alguns dias, a população ficou sem emissão de passaporte, houve suspensão das atividades de escolta e fiscalização da Polícia Rodoviária Federal e o atendimento das agências do INSS ficou prejudicado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.