CSN e Usiminas caem mais de 8%, enquanto bancos desabam; veja destaques

Os dois setores fizeram o Ibovespa ter seu pior pregão desde 10 de julho; fora do índice, Eike faz ação da T4F despencar 16,8%

Felipe Moreno

Publicidade

SÃO PAULO – Dia movimentado na BM&FBovespa, com investidores se desfazendo de ações de siderúrgicas e serviços financeiros – que possuem uma das maiores participações no Ibovespa. Assim, o índice registrou seu pior pregão desde 10 de julho ao cair de 2,27%, terminando aos 60.501 pontos. A ação ordinária da Usiminas (USIM3) liderou as perdas ao despencar 11,36%, para R$ 11,70. Por outro lado, os papéis da MRV Engenharia (MRVE3) subiram 4,66%, aos R$ 12,57. 

As siderúrgicas formaram o pódio das ações que mais caíram no Ibovespa nesta terça-feira (25). Além de USIM3, os papéis preferenciais da Usiminas (USIM5) caíram 8,50%, terminando aos R$ 10,21, enquanto os da CSN (CSNA3) tiveram queda de 8,81%, para R$ 11,60. Os papéis da Gerdau (GGBR4) recuaram 4,01% e os da Metalúrgica Gerdau (GOAU4) perderam 4,13% de valor de mercado, para R$ 19,62 e R$ 25,04, respectivamente.

Vale (VALE3; VALE5) não escapou do rali negativo: os ativos ordinários recuaram 2,80%, para R$ 36,82, e os preferenciais tiveram queda de 2,74%, aos R$ 35,83. Nesse sentido, Bradespar (BRAP4) caiu 3,36% para R$ 28,79. “É uma realização de lucros levada por um cenário negativo no exterior e acentuado por interesse da CSN e Usiminas em ativos da CSA”, explica Karina Freitas, analista da Concórdia Investimentos.

Continua depois da publicidade

Segundo notícia publicada mais cedo pela Bloomberg, a CSN contratou o Bradesco BBI para assessorar a siderurgia na aquisição da planta de aço da CSA no Rio de Janeiro, que é detida pela ThyssenKrupp. A aquisição está em foco desde meados de maio, quando a alemã anunciou a intenção de vender seus ativos no Brasil, sendo que em junho o presidente da CSN, Benjamin Steinbruch, disse que aguardava por mais detalhes para avaliar a compra, assim como os concorrentes fariam. 

A Ternium e a Nippon Steel, controladores da Usiminas, também esperam por detalhes para avaliar a compra dos ativos da CSA no Brasil. “A preocupação do mercado é o tamanho da agressividade que as empresas podem demonstrar no contexto atual, com a redução na geração de caixa das empresas ao longo do ano e o aumento nos índices de alavancagem ao longo do ano”, complementa a analista.

Bancos despencam
Depois do Bradesco (BBDC4dar partida no corte da taxa de juro do cartão entre as instituições privadas, a porta ficou aberta para Santander (SANB11) e HSBC, que já anunciaram que pretendem reduzir o juro, em meio a ofensiva do governo. A notícia derrubou as ações do setor financeiro na bolsa paulista.

Continua depois da publicidade

O Bradesco liderou as perdas do setor, com as ações caindo 6,64% aos R$ 33,04, seguido por Itaú Unibanco (ITUB4) e Itaúsa (ITSA4), que recuaram 6,01%, e 5,87%, respectivamente, para R$ 31,73 e R$ 9,30, nesta ordem. Os units Santander fecharam o dia com desvalorização de 5,01%, para R$ 33,90, enquanto os ativos do Banco do Brasil (BBAS3) tiveram uma queda mais amena – 3,10%, cotados a R$ 25,60. Fora do Ibovespa, o Banrisul (BRSR6) perdeu 5,00%, valendo R$ 18,05 por cada ação.

Com a performance negativa dessas ações, o IFNC, índice que acompanha as ações do setor financeiro – a registrar o pior desempenho dentre os índices setoriais da bolsa, com queda de 4,74%.

Segundo Felipe Martins Silveira e Marco Aurélio Barbosa, da corretora Coinvalores, o corte das taxas de juros é o principal motivo para esse movimento das ações, já que essa postura pode impactar negativamente nas receitas das instituições financeiras. “Os bancos públicos puxaram essa corte, e agora o mercado espera pelo anúncio oficial de outras instituições, além do Bradesco”, explicam os analistas.

Continua depois da publicidade

Cielo também cai
Esse movimentou também levou as ações da Cielo (CIEL3) a despencarem. Os papéis tiveram queda de 6,39%, terminando o dia aos R$ 53,78. Segundo o analista Henry Evrard, da Infinity Asset, as notícias de que o setor pode vir a ser regulado, sobretudo por conta dos juros nos cartões de crédito, afeta diretamente a companhia. Chamou a atenção o volume movimentado por CIEL3 de R$ 390,94 milhões – bastante acima da média dos últimos 21 pregões, que fica em torno de R$ 111 milhões. 

Para compensar a queda nos juros de cartões de crédito, o setor poderia passar a cobrar encargos dos clientes que queiram dividir a dívida da venda nos plásticos, sendo que atualmente não é cobrado juro. “O acréscimo de juros no parcelamento afetaria o dinheiro de plástico, principal negócio da Cielo”, comenta o analista, que lembra que o setor pode passar por um canetaço da Dilma Rousseff, assim como setor elétrico.

É válido destacar que a OPA (Oferta Pública de Ações) da Redecard finalizada na véspera – e que resultará na saída da empresa da BM&FBovespa – fez com que muitos analistas esperavam por uma boa oportunidade de compra para a Cielo na bolsa paulista. Contudo, nesses dois pregões, os papéis CIEL3 já acumulam desvalorização de 9,61%.

Continua depois da publicidade

As ações da Redecard (RDCD3) continuam sendo negociada na BM&FBovespa. Nessa sessão, tiveram valorização de 0,14%, aos R$ 34,94. Embora a expectativa seja de esse papel perca a liquidez gradualmente, neste pregão eles movimentaram R$ 158 milhões – bastante da média em períodos pré-OPA. 

MRV avança com ampliação do Minha Casa Minha Vida
Com a possível ampliação do programa do governo Minha Casa, Minha Vida para a classe média, as ações da MRV Engenharia. Durante a manhã, a Folha de S. Paulo publicou uma notícia na qual o presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Hereda, diz que há uma proposta para reduzir os juros e elevar o limite de renda familiar que pode ter acesso ao programa, assim como os valores financiados.

“A MRV possui uma grande fatia de seu negócio voltado para a classe média”, explica Alan Oliveira, analista da Futura Investimentos. Dessa forma, o papel chegou a acumular ganhos de até 6,91% durante o intraday. Anteriormente, somente famílias com renda de até R$ 5.400 por mês podiam ser beneficiados pelo programa. O MCMV tem sido um dos grandes impulsores das ações da empresa nos últimos anos, e sua extensão pode criar maior demanda para os imóveis da MRV. 

Continua depois da publicidade

Eike derruba T4F
A IMX, uma das empresas de Eike Batista, anunciou que fechou parceria com o Cirque du Soleil, fazendo as ações da Time For Fun (SHOW3) despencarem 16,79% nesse pregão, terminando cotadas a R$ 13,98. Com isso, Eike passa a deter os direitos exclusivos de promover todos os espetáculos do Cirque du Soleil na América do Sul.

Vale lembrar que a Time for Fun vem promovendo os espetáculos do grupo canadense na região, o que contribui para o seu resultado, e já havia comunicado a venda do espetáculo Corteo no quarto trimestre com estreia prevista no início do ano que vem. O Cirque de Soleil era considerada uma das principais atrações da Time For Fun.

Rali continua, B2W e Marfrig voltam a subir
Poucas foram as ações que terminaram o dia em alta. Entre os papéis do Ibovespa, o destaque ficou com B2W Varejo (BTOW3) e Marfrig (MRFG3), que já vinham em alta nas últimas sessões. Os papéis da B2W subiram 3,50% para R$ 10,64 e parecem sólidas para terminar o mês como principal alta do índice, com ganhos de 33,50%, dado que a forte queda dos papéis da Usiminas a levaram para a 3ª colocação do índice.

Enquanto a B2W vem subindo há meses, baseada na possibilidade de ser adquirida pela gigante do varejo online Amazon e pelo fato de já terem recuado bastante nos últimos anos, a Marfrig avança desde que a direção da companhia negou a possibilidade de uma nova oferta de ações. Após a alta de 6,94% da véspera, os papéis MRFG3 tiveram ganhos de mais 2,25%, alcançando os R$ 11,81.

Equatorial compra a Celpa
As ações da Equatorial Energia (EQTL3) avançaram forte nesta sessão, impulsionados pela notícia de que a empresa a distribuidora paraense de energia Celpa, segundo fato relevante publicado na CVM (Comissão de Valores Mobiliários). EQTL3 fechou com alta de 5,34%, a R$ 17,75.

A Equatorial adquiriu a distribuidora do Grupo Rede Energia por R$ 1, assumindo 39,1 milhões de ações de emissão da Celpa. A empresa passa a ter 61,37% do capital social da distribuidora, segundo comunicado. A Celpa estava em processo de recuperação judicial e era a única das nove distribuidoras de energia do Grupo Rede sem intervenção pelo governo.

Viver continua subindo
Depois da alta de 8,77% da véspera, a ação da Viver (VIVR3) ampliou os ganhos nesta sessão ao avançar 1,61%, aos R$ 1,26, impulsionada por uma proposta de acionistas para injetar R$ 50 milhões na empresa. Contudo, a ação da empresa chegou a ter alta de 8,06% durante o intraday, antes de perder forças.

O grupo de acionistas Paladin Prime Residential Investors, LLC, Polo Capital Gestão de Recursos, Orbe Investimentos e Participações Constellation Investimentos e Participações representam 70% do capital social da empresa e foram os responsáveis pela proposta. Entretanto, para um analista que não quis ser identificado, o aporte de capital é apenas uma demonstração ao mercado de que há um compromisso em deixar a empresa saudável financeiramente.

“Ela está em uma situação de liquidez bem complicada. Ela precisa de mais do que isso, precisa de uma venda de ativos significativa”, afirmou. Dessa forma, o analista destaca que os investidores ainda precisam ter cuidado ao investir nas ações da Viver. No primeiro semestre do ano, a companhia reportou prejuízo líquido de R$ 64,7 milhões. Ainda segundo a empresa, em junho os dados pró-forma mostram uma relação dívida líquida sobre patrimônio líquido em 116,8%.