CSN (CSNA3): balanço do 4º tri não agrada mercado, mas empresa celebra dados anuais; ação fecha em queda, mas longe das mínimas

Analistas destacam dados do segmento de mineração abaixo do esperado, enquanto divergem sobre números de siderurgia

Lara Rizério Augusto Diniz

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Apesar de recordes no balanço consolidado de 2021, a CSN (CSNA3) divulgou números do quarto trimestre de 2021 abaixo do esperado, ainda que não houvesse expectativas tão otimistas para os últimos três meses do ano.

As ações CSNA3 fecharam com baixa, de 1,68%, a R$ 27,50, mas se afastaram das mínimas do dia, também por uma melhora generalizada do mercado. Os ativos chegaram a cair 5,97%, a R$ 26,30, na mínima do dia.

A receita líquida total no trimestre foi de R$ 10,4 bilhões , em linha com o 3T21 e 5,8% superior ao 4T20, por conta da recuperação no volume do segmento siderúrgico e da incorporação da Elizabeth Cimentos no trimestre. No consolidado do ano, a receita foi de R$ 47,9 bilhões, maior número registrado na história da companhia e crescimento de 59,4% em relação a 2020.

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O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado do trimestre foi de R$ 3,7 bilhões, queda de 13% em relação ao 3T21 e de 21% em relação ao 4T20. A margem Ebitda (Ebitda sobre receita líquida) também teve queda, encerrando o trimestre em 34,9% (versus 40,6% no 3T21 e 47% no 4T20). Os maiores custos com carvão e coque, além da menor diluição de custos fixos na mineração contribuíram para a queda na margem.

Já no consolidado do ano, o Ebitda também foi recorde, com R$ 22 bilhões de reais e margem de 44,8%.

No quarto trimestre, contudo, a Levante destaca que os números foram abaixo do esperado na siderurgia, uma vez que o aumento no volume de vendas foi parcialmente compensado pela diminuição dos preços no mercado interno, com uma queda de 10% no preço médio.

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A mineração, por sua vez, apresentou queda no volume, consequência de paradas programadas para manutenção e das fortes chuvas do período, e no preço, por conta do controle de produção de aço na China.

“Outro ponto de atenção é com relação aos custos. Apesar de já se observar um aumento nos custos de matérias-primas, o forte aumento dos preços de carvão e coque só serão sentidos nos próximos resultados, por conta da utilização dos estoques passados”, avalia a casa de research.

Para o Bradesco BBI, contudo, os resultados de aço e cimento superaram as suas estimativas, enquanto destacou a visão de que o segmento de minério de ferro teve um desempenho mais fraco do que o esperado.

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As vendas domésticas de aço de cerca de 700 mil toneladas ficaram 5% das projeções dos analistas da casa, bem acima da queda de 18% em relação ao trimestre anterior do mercado, sugerindo que a CSN recuperou a participação de mercado perdida no terceiro trimestre.

Os preços de venda no mercado interno ficaram aquém da estimativa dos analistas em 3%, enquanto os preços de exportação surpreenderam positivamente com uma alta 19% além do esperado, possivelmente porque a CSN direcionou volumes para regiões com preços mais altos (como a América do Norte), avalia o BBI.

A dívida líquida ajustada atingiu cerca R$ 16,8 bilhões, com a relação dívida líquida/Ebitda no que o BBI considera um confortável patamar de 0,76 vez (versus 0,6 vez do terceiro trimestre e abaixo da meta da empresa de 1 vez).

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Para o Itaú BBA, os resultados de mineração foram sequencialmente mais fracos por menores preços realizados e volumes de vendas menores. Já a divisão de aço apresentou um Ebitda ligeiramente mais fraco, uma vez que o aumento de 2% no trimestre em relação ao trimestre anterior foi compensado pela queda de 10% nos preços domésticos.

O banco mantém classificação marketperform (desempenho em linha com a média do mercado) para CSN, e preço-alvo de R$ 25,00 frente a cotação de quarta-feira (9) de R$ 27,97, ou queda de 10,6%.

Já o Bradesco BBI mantém recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) para a ação, com preço-alvo de R$ 43 por ativo, ou potencial de alta de 53,7% em relação ao fechamento da véspera.

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“Embora provavelmente tenhamos ultrapassado os picos de lucro, continuamos esperando que a CSN gere resultados sólidos nas divisões de aço e minério de ferro, apoiados por preços saudáveis de commodities (parcialmente compensados por pressões de custo), enquanto o preço das ações já incorpora uma deterioração significativa nos fundamentos”, avaliam os analistas.

A Levante também ressalta que, deixando um pouco de lado a ciclicidade do setor no curto prazo e olhando para um prazo mais longo, vê importantes iniciativas por parte da companhia em todos os seus segmentos, além de apresentar atualmente baixa alavancagem, beneficiada pelo IPO do segmento de mineração, o que dá mais tranquilidade para a realização de maiores investimentos ou distribuição de proventos.

No segmento de siderurgia, a CSN pretende diversificar geograficamente sua atuação. No planejamento da empresa, está uma mini usina de aços longos e um novo projeto de planos nos Estados Unidos, a duplicação da fábrica de Portugal e a produção de aço para construção na Alemanha.

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“Resultado pontual”

Por sinal, Benjamin Steinbruch, presidente do conselho de administração do grupo CSN, criticou durante teleconferência de apresentação de resultados aqueles que se “apequenam” com resultado do 4T21, e “não veem o resultado anual da companhia”.

Segundo executivo, a maioria não acreditava na desalavancagem da companhia, passado de quase 3,67 vezes a dívida líquida/Ebitda ajustado em meados de 2020 para 0,78 vez ao final de 2021. “Foi a maior demanda dos acionistas”, disse.
Steinbruch comentou que o quarto trimestre de 2021 foi prejudicado “em função queda do preço, chuvas e piora do mercado como um todo”.

O executivo complementou que no último trimestre do ano, a decisão estratégica foi preservar a margem, estocar produtos e preparar para o ano em 2022.

Olhando para frente, a CSN quer dobrar de tamanho em 3 anos, participando mais do mercado interno e externo. “Nós queremos ter de 20% a 30% de nossos ativos fora do Brasil, no sentido de diversificação geográfica, que possa nos permitir a verticalização e horizontalização da distribuição da produção”, disse  Steinbruch.

Segundo o executivo, a companhia estaria envolvida em projeto greenfield nos Estados Unidos nas áreas de cimento e siderurgia. Ele espera “nos próximos três anos ter condição de contar com eles já funcionando”. Steinbruch disse ainda que a CSN busca a autoprodução de energia.

Marcelo Ribeiro, CFO da siderúrgica, disse ainda a analistas que o plano da empresa é corrigir os preços ente 8 a 10% dos aços laminados, longos e de embalagens.

“O cenário mundial de aço é bastante favorável, apesar de viver uma crise no mundo. Parece que o comércio mundial vai ficar favorável para que o setor de aço possa recuperar as margens”, avalia o executivo. A CSN tem plano de crescer 10% esse ano no mercado interno de aço, afirmou Ribeiro.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.