CSN (CSNA3) critica governo e prevê importação forte de aço em maio e junho

Companhia diz que medidas não foram suficientes para conter produto chinês; Benjamim Steinbruch chama governo de ‘lerdo’

Augusto Diniz

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A CSN (CSNA3) bateu pesado nas medidas anunciadas em abril pelo governo para conter a importação de aço. Segundo a companhia, ela continua sendo um estímulo para os chineses inundarem o mercado brasileiro de produtos siderúrgicos, principalmente aqueles nos quais a CSN tem forte atuação, como aços revestidos.

“O mercado está bastante acirrado em função do importado. É uma pena que o governo brasileiro continue lento com relação à reação que deveríamos ter aos importados. E digo que não é só no setor siderúrgico. Temos que estar atentos sobre todos os segmentos que fazem a nossa economia. Não é uma coisa pontual, é uma coisa geral”, disse Benjamin Steinbruch, presidente da CSN, durante teleconferência de resultados do 1T24, realizada nesta sexta (10).

“O governo brasileiro tem a obrigação e de agir rápido no sentido de proteger sua indústria como um todo”, comentou o executivo, afirmando que o problema não acontece só com o setor siderúrgico, mas em vários outros, como automobilístico e de peças. “Infelizmente, o governo brasileiro, apesar de estar mais atento, ainda está muito ‘lerdo’ no sentido de reagir e muito consciencioso com relação aquilo que tem que ser feito”, afirmou.

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CSN (CSNA3): resultado inverso

Steinbruch criticou as medidas recentes do governo para coibir a importação de aço que, segundo ele, em vez de impedir a chegada de produtos de fora ao Brasil, criou mais condições para entrada no país do produto siderúrgico do exterior a partir do cálculo feito para engatilhar a inibição das classes diversas do aço.

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“Em maio e junho provavelmente a importação vai ser muito forte”, prevê o presidente da CSN. “Continua sendo um estímulo a importação, que não faz sentido nenhum e está prejudicando efetivamente a economia toda brasileira”, complementou.

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Ebitda afetado pelo minério

Sobre os resultados da CSN no 1T24, disse que o impacto negativo no Ebitda no período ocorreu devido à queda de preço do minério de ferro, mesmo com a produção recorde do produto no período.

“Esse impacto que houve no primeiro trimestre vai ter volta já que os preços praticamente subiram 20% outra vez. Nós acreditamos que o impacto negativo que tivemos de Ebitda no 1º tri nós vamos ter de positivo no 2º tri”, disse a analistas.

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Mesmo com a competição dos importados, Benjamin Steinbruch crê que a siderúrgica tenha também melhor resultado no 2º trimestre.

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“No cimento, as condições são normais, a gente vem crescendo tanto em quantidade como em margem. Estamos conseguindo subir o preço”, comentou sobre o terceiro segmento de atuação da CSN.

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“Então, acredito eu que o cimento vem demonstrando potencial e devargazinho, com as sinergias que a gente tem capturado, ficaremos com uma posição bastante consolidada com a aquisição de Lafarge-Holcim e a produção das plantas anteriores (já existentes)”, disse.

Alavancagem monitorada

O presidente da companhia garantiu a continuidade dos investimentos, principalmente do projeto P15 de beneficiamento do Itabirito, em Congonhas (MG). E reforçou, ainda, que a alavancagem da empresa segue controlada.

“A gente se comprometeu a ficar abaixo de 3x (dívida liquida/Ebtida) e nós continuamos comprometidos, apesar da escorregada para 3,13x – mas foi muito em função da queda de Ebitda (no 1T24), com a redução dos preços do minério de ferro”, afirmou.

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“Nosso objetivo é trabalhar entre 2,5x e 3x, e procurar ao máximo possível estar perto dos 2,5x. Acreditamos no nosso operacional e que a gente volte a estar dentro dessa faixa que propusemos a trabalhar (de alavancagem)”, complementou.