Publicidade
SÃO PAULO – Mais de um ano após a desenfreada concessão de empréstimos hipotecários de segunda linha nos EUA ter revelado sua pior face e impactado o desempenho dos grandes mercados de ações ao redor do globo, a crise subprime não parece dar sinais de encontrar uma solução tão cedo.
Antes concentradas em torno da deterioração dos níveis de inadimplência, o que rapidamente teve um efeito devastador sobre o setor financeiro, expondo a fragilidade de mecanismos altamente complexos e que mascaravam a real situação de risco das grandes firmas de Wall Street, as turbulências há muito se resvalaram ao ambiente macroeconômico do país, deflagrando um cenário ainda mais desafiador.
Entretanto, uma crise termina aonde começou. E na leitura do Citi, um tanto quanto destoante das projeções majoritárias dos analistas, o mercado imobiliário norte-americano se encontra em um momento crucial, que, se adequadamente conduzido pelas agências regulatórias do país, pode significar o tão sonhado fim das turbulências. Um valioso ponto de inflexão, que pode ser aproveitado ou não.
Análise de Ações com Warren Buffett
Uma luz no fim do túnel
Segundo os analistas do banco de investimentos, é inegável que o setor imobiliário dos EUA ainda se encontra imerso em um momento negativo. Números trazidos por indicadores e resultados de agências hipotecárias, incorporadoras e varejistas de produtos de reforma e construção de imóveis estão aí para provar. Contudo, embora a situação seja crítica, para o Citi, indícios de estabilização vêm se fazendo cada vez mais presentes.
Em tempos de crise, atentar para o histórico e trajetória dos indicadores às vezes é mais importante do que observar apenas os patamares em que se encontram, na medida em que indica que, pelo menos, um suporte foi encontrado. Na leitura do Citi, é justamente tal prognóstico que vem sendo desenhado por recentes estatísticas referentes à demanda dos norte-americanos por imóveis.
“Indicadores relativos à venda de bens imobiliários, especialmente quanto aos já existentes, mostram que o declínio nas vendas vem se arrefecendo, assim como a depreciação no preço dos imóveis”, afirmam os analistas do Citi, que atentam ainda para números favoráveis que vêm sendo constatados acerca do nível de inadimplência dos empréstimos hipotecários.
Continua depois da publicidade
O papel das autoridades
Todavia, pouco adianta uma recuperação no consumo norte-americano por imóveis sem um paralelo acompanhamento do setor financeiro. Afinal, “são poucas as casas que são adquiridas sem um empréstimo hipotecário consigo”, nas palavras do próprio Citi. E é justamente nesse ponto que o banco vê um crucial ponto de inflexão à crise do subprime.
“A contínua retração no volume de crédito concedido a tomadores de empréstimos hipotecários é provavelmente o último grande obstáculo para uma recuperação do setor”, afirma a equipe, que vai além apenas de uma simples constatação das condições: “é nesta hora que reguladores e autoridades devem exercer um papel fundamental, restaurando a credibilidade das instituições financeiras e o fluxo de crédito”.
De fato, medidas nesse sentido já vêm sendo tomadas pelo Federal Reserve, e são vistas com bons olhos pelos analistas do Citi, principalmente a expansão dos programas de empréstimos que podem ser efetuados pela FHA (Federal Housing Administration).