Crise? Projeto de R$ 8,7 bilhões mostra que Fibria está vivendo o mundo ideal

Companhia está entre as maiores altas do Ibovespa em 2015 favorecida pelo dólar, mas novo projeto deve trazer ainda mais valor para a empresa

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Entre as 3 únicas das 64 ações do Ibovespa com ganhos de mais de 60% em 2015 – período em que o índice recua 4% -, a Fibria (FIBR3) mostrou nesta quarta-feira (4) que passa por um dos melhores cenários possíveis para uma empresa. Com ganhos acumulados de 61,73% no ano, a companhia de papel e celulose tem sido muito beneficiada por ter cerca de 90% de sua receita em dólar – que já disparou 42,80% em 2015.

Já bastante favorecida pelo cenário, a empresa anunciou nesta quarta o aumento de seus investimentos no Projeto Horizonte 2, no Mato Grosso do Sul, passando de R$ 7,7 bilhões para R$ 8,7 bilhões. O número, porém, mostra mais uma das vantagens da companhia em ter sua receita em dólar, já que o montante, quando considerado em moeda estrangeira na verdade foi reduzido de US$ 2,5 bilhões para US$ 2,2 bilhões.

O projeto mostra o ótimo momento da companhia, que não só tem se beneficiado da disparada do dólar no ano, mas também tem empolgado os analistas com uma ótima gestão, que mesmo com este investimento, não deve ver sua alavancagem passar de 2x o Ebitda. Segundo o diretor de Finanças e de Relações com Investidores da Fibria, Guilherme Cavalcanti, a combinação de financiamento e capital próprio permitiu um custo médio de 2% ao ano, em dólar.

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Uma das principais vantagens da nova estrutura de financiamento da companhia está no fato de que cerca de 70% desta captação ocorrerá em reais, sendo que a maior parte da receita da companhia de papel e celulose ocorre em dólares. Ou seja, em um cenário como o atual, de alta da moeda norte-americana e tendência de que a divisa suba ainda mais, a companhia usará menos de seus ganhos para pagar as dívidas.

Estrutura do financiamento
A Fibria disse que 30% do volume total do financiamento (R$ 2,6 bilhões) virão de seu próprio caixa e 20% (R$ 1,7 bilhão) do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) caso o projeto, atualmente em fase de análise no banco, seja aprovado. A empresa emitiu R$ 675 milhões em CRA (Certificados de Recebíveis do Agronegócio), operação que dará acesso a uma parcela maior do crédito do BNDES em TJLP.

Outro R$ 1 bilhão deve ser obtido por meio de projeto da Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste, do Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste, operação com expectativa de conclusão para até o fim de dezembro.

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A empresa também acessou duas linhas de crédito no mercado externo, de US$ 400 milhões em empréstimo sindicalizado e US$ 300 milhões com a agência de crédito de exportação Finnvera.

Custos menores
A alta do dólar também está favorecendo a própria operação da companhia quando o novo projeto iniciar as atividades. A perspectiva anterior, de que o custo da obra por tonelada de celulose fosse de US$ 1.428, caiu para US$ 1.189 após as negociações com fornecedores e instituições financeiras, segundo o presidente da Fibria, Marcelo Castelli.

Segundo ele, isto faz do Horizonte 2 um dos projetos mais baratos da história do setor. Com as mudanças, a perspectiva agora é de chegar a uma capacidade maior de produção, de 1,85 milhão de toneladas, ante 1,75 milhão de toneladas anteriormente.

A expansão vai elevar a capacidade de produção da Fibria das atuais 5,3 milhões de toneladas de celulose por ano para mais de 7 milhões de toneladas. A previsão é de que a nova linha produtiva, cujas obras já estão em curso, inicie operação no quarto trimestre de 2017.

Mercado balanceado
Sobre os riscos, Castelli afirma que o mercado está balanceado, com a vantagem da celulose ser uma commodity de volatilidade muito menor que outros ativos, como metais por exemplo. Segundo ele, o preço do insumo não deve cair muito e nem por muito tempo, mas também ressaltou que a celulose não deve subir no curto prazo.

O presidente da Fibria destacou ainda que a companhia acaba ficando “mais protegida” por conta de três fatores: i) a baixa volatilidade da celulose; ii) o real fraco, que favorece as receitas da empresa; e iii) a alta produtividade que as florestas brasileiras possuem. Diante disso, Castelli afirma que, mesmo diante das dificuldades globais, não há surpresas no mercado de celulose.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.