Crise no setor de petróleo pode ser a pior em 100 anos, diz presidente da Petrobras

Em videoconferência, estatal avaliou saídas para crise do coronavírus

Agência Brasil

Roberto Castello Branco (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

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O impacto global causado pela pandemia de coronavírus pode resultar na pior crise do setor de petróleo em 100 anos, avaliou hoje (26) o presidente da Petrobras (PETR3;PETR4) , Roberto Castello Branco. As petrolíferas vêm sendo duplamente afetadas pelo ambiente atual de negócios, em que tanto a demanda quanto o preço do petróleo e derivados estão em queda, explicou a direção da estatal, que realizou no início desta tarde uma videoconferência com analistas e investidores para explicar respostas a esse cenário.

Em suas considerações iniciais na reunião, da qual participou por vídeo transmitido de sua casa, Castello Branco disse que sua percepção é de que se está vivendo um momento sem precedentes. “Isso é mais sério do que tivemos no passado. É talvez a pior crise sofrida pela indústria do petróleo em 100 anos. Não há fórmula para lidar com essa crise.“

Castello Branco lembrou ter vivido outros momentos difíceis, como a crise da dívida dos países da América Latina nos anos 1980 e o choque financeiro de 2008.

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Apesar disso, ele defendeu o enfrentamento da situação atual sem pânico, com transparência, agilidade e trabalho em equipe. “Temos que estar preparados para o pior cenário”, disse Castello Branco, ao afirmar que a demanda por combustíveis caiu significativamente no Brasil.

Sobre o mercado externo, o presidente da Petrobras previu o agravamento da crise nos Estados Unidos e disse que já há sinais de recuperação na China. “É importante, porque é o destino da maior parte de nossas exportações.”

Castello Branco e diretores da Petrobras avaliaram que ainda é cedo para prever que cenários serão produzidos pela crise e disseram que as medidas anunciadas pretendem preparar a empresa para lidar com o preço do barril de petróleo a US$ 25 em vez de US$ 40.

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“A menos que aconteça algum evento inesperado, não prevemos uma recuperação significativa do preço do petróleo”, afirmou Castello Branco, reforçando que o cenário é de incerteza. “Nossa resposta à crise está longe de estar completa. Estamos estudando medidas adicionais, incluindo uma revisão completa do portfólio de projetos”.

Sobre o programa de desinvestimentos, o presidente da estatal garantiu que haverá continuidade. Ele admitiu, porém, que o valor dos ativos foi afetado pela crise e disse que será preciso analisar essa queda.

“Não vimos nenhum sinal de falta de interesse em nossos possíveis compradores. Pelo contrário. Ontem [25] recebi a mensagem de um deles reafirmando seu interesse no ativo”, afirmou.

Refino

A Petrobras anunciou aos investidores que deve adiar as manutenções programadas em refinarias. Segundo a diretora executiva de Refino e Gás Natural, Anelise Lara, esses procedimentos requerem a presença de muitos profissionais nas unidades, o que será evitado para prevenir a propagação do coronavírus.

Anelise informou que a operação média nas refinarias está em torno de 74% da capacidade total, o que representa uma redução em relação à operação média de 79% registrada em 2019. Para abril e maio, a expetativa é de queda maior.

Diante da crise do coronavírus, a estatal tem buscado elevar o refino dos derivados de petróleo que têm apresentado maior demanda, como o diesel, e reduzir os demais. Apesar das medidas e do impacto da crise no comércio e na indústria, o agronegócio continua a demandar o diesel, e a previsão é que 2020 tenha safra recorde, impulsionando a demanda.

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