Crise no petróleo pressiona Petrobras, mas empresa está bem preparada para enfrentar queda do preço, dizem analistas

Bradesco BBI diz que estatal "tem um mercado interno mais forte para distribuir sua produção", enquanto UBS manteve recomendação de compra

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Apesar do impacto inevitável do caos do mercado de petróleo, a Petrobras (PETR3; PETR4) é a companhia latino-americana mais bem preparada para enfrentar este cenário adverso. A avaliação é dos analistas do Bradesco BBI.

Segundo eles, a estatal brasileira “tem um mercado interno mais forte para distribuir sua produção”, além do fato de ter uma exportação menor para os Estados Unidos. Como comparação, a colombiana Ecopetrol exporta 20% de sua produção para os EUA, enquanto a brasileira, apenas 2,5%.

A Petrobras ainda deve ser beneficiada por atrair mais a demanda da China por conta do baixo teor de enxofre do seu produto. Diante disso, os analistas mantiveram sua recomendação neutra para as ações da companhia, com preço-alvo de R$ 18,50.

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Mesmo com a queda dos últimos dias, o Bradesco BBI manteve suas projeções para o petróleo do tipo WTI, em US$ 30, e para o Brent, em US$ 35. Isso porque, segundo os analistas, “o mercado físico na América do Norte pode acelerar os cortes de produção em 6 milhões de barris, enquanto as curvas dos contratos futuros permanecem entre US$ 30 e US$ 35.

Já os analistas da Levante apontam que esta queda recente do petróleo ainda deve pesar nas ações da Petrobras no curto e médio prazo, apesar do bom humor dos mercados hoje ajudarem na recuperação dos papéis. Durante o feriado, os ADRs da estatal caíram até 3,5%, com as ações chegando a abrir em queda nesta quarta. O movimento porém, foi revertido, fechando em alta de 4,71% com o movimento de recuperação no petróleo na sessão.

“Após um ‘alívio’ no preço do petróleo com o acordo de cortes na produção no início de abril, a petroleira brasileira se vê novamente pressionada com a desvalorização da commodity”, diz a Levante ressaltando que, em março, a companhia anunciou diversas medidas para enfrentar a crise, como a suspensão dos dividendos, redução no nível de produção, captação de empréstimo de R$ 40 bilhões para melhor gestão do capital de giro e corte dos investimentos (Capex).

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Além disso, a Levante destaca também que o impacto não é apenas na Petrobras, mas também para as contas públicas. De acordo com os analistas, com a queda do resultado operacional da estatal, o montante pago em royalties e impostos cairá vertiginosamente, reduzindo a arrecadação da união e dos estados.

Neste cenário, os analistas ressaltam que a curva de contágio do novo coronavírus se tornou o principal catalisador para as ações da Petrobras. Isso porque é só com o retorno da população às ruas que a demanda por petróleo irá retornar.

Enquanto isso, o UBS, em relatório, destaca que teve uma conversa positiva com o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, mantendo sua recomendação de compra para os papéis.

Entre os fatores positivos para as ações, os analistas destacam que não é provável que a produção da empresa seja drasticamente reduzida e que não deve haver interferência do governo no negócio dela. “Os projetos da petrolífera agora precisam ser resilientes ao preço do petróleo de US$ 25, com a viabilidade financeira para superá-lo”, afirmam.

Do outro lado, o UBS destaca uma pressão sobre a empresa por conta da queda da demanda, que tem feito as refinarias operarem com apenas 60% de capacidade. Segundo os analistas, Castello Branco destacou na conversa que o nível atual está provando ser suficiente para equilibrar o estoque e que não há necessidade de interromper as operações em nenhuma refinaria.

Outras empresas impactadas

Entre outras empresas que devem ser impactadas por este cenário, o Bradesco BBI ainda cita a São Martinho (SMTO3).

Os analistas explicam que isso poderia causar uma queda nos preços da gasolina e, consequentemente, reduzir ainda mais os preços do etanol, que representa 55% da receita líquida da companhia. Em uma análise de sensibilidade, eles projetam que a cada redução de US$ 5 na estimativa do Brent, o Ebitda da São Martinho cairia cerca de 10%.

Por outro lado, eles dizem preferir as ações de distribuição de combustível no curto e médio prazo, pois o setor deve se beneficiar primeiro do fim dos isolamentos em relação ao mercado de petróleo. A recuperação dos preços da commodity, de acordo com o Bradesco, só deve vir no último trimestre desde ano e início de 2021.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.