Ethereum sobe 10% e puxa altcoins para alta após atualização antes do esperado e Bitcoin estabiliza com mercado atento à Ucrânia

Criptos mantêm ganhos de ontem após declarações de Joe Biden, mas analistas também apontam que retomada tem razões específicas da classe de ativos

Paulo Barros | CoinDesk

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O mercado de criptomoedas estabiliza e mantém os ganhos de ontem após recuperação em V iniciada logo após declarações do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em tom que não indicava disposição a retaliar os ataques da Rússia à Ucrânia.

Após o Bitcoin (BTC) abrir caminho para a recuperação com um salto de 9,1%, para US$ 38.701, o Ethereum (ETH) tem melhor desempenho neste começo de manhã e avança 10,3%, para US$ 2.624, considerando a cotação das últimas 24 horas. O avanço ocorre um dia depois do anúncio antecipado de uma atualização em um protocolo responsável por viabilizar o barateamento e aceleração das transações na rede Ethereum.

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O zkSync, um protocolo responsável pela implementação de plataformas de dimensionamento do Ethereum, anunciou ontem, de forma inesperada e anos antes do previsto, o lançamento de uma rede de teste compatível com uma nova geração do Ethereum Virtual Machine (zkEVM).

O EVM é o ambiente em que vivem todas as carteiras e contratos Ethereum e é responsável por definir as regras da cadeia de bloco a bloco. A nova rede de teste é a primeira implementação de uma nova tecnologia com Criptografia de Conhecimento Zero, que promete permitir o crescimento da blockchain, reduzindo custos e ganhando velocidade, sem abrir mão da segurança.

Se o protocolo for capaz de oferecer taxas de transação baixas o suficiente, especialistas apontam que os problemas de dimensionamento do Ethereum podem ser mitigados antes do esperado.

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Com a recuperação generalizada das criptomoedas e em sentido contrário ao que ocorreu ontem, o mercado de derivativos viu uma onda de liquidações em contas de traders que apostavam em um recuo mais agudo de preços. Segundo dados da ferramenta Coinglass, posições vendidas em Bitcoin, Ethereum e outras criptos resultaram em prejuízo de US$ 143 milhões quando as perdas foram zeradas.

Como resultado, os ativos retomaram o mesmo patamar de preço do dia anterior aos ataques, dando dose extra de otimismo para investidores.

Segundo Alex Buelau, cofundador e CTO da fintech cripto Parfin, o movimento de ontem segue uma tendência histórica em momentos de crise, quando a queda mais acentuada ocorre, em geral, no dia da eclosão. Embora recomende cautela, o especialista afirma que os cerca de US$ 34.300 do BTC e US$ 2.300 do ETH podem ter sido os fundos de mercado se o cenário de conflito não escalar ainda mais.

João Canhada, CEO da Foxbit, lamenta que a guerra tenha iniciado e também recomenda calma para investidores, mas relembra que, historicamente, os melhores momentos para os mercados no longo prazo é “justamente comprar ao sons dos canhões e vender ao som dos violinos”.

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“Os volumes de opções apontam para a probabilidade de muitos investidores manterem posições compradas enquanto protegem o risco com derivativos”, escreveu Sean Farrell, chefe de estratégia de ativos digitais da FundStrat, em e-mail ao CoinDesk.

“Consistente com a semana passada, achamos prudente manter posições compradas com horizontes de tempo além de seis meses e estar preparado para comprar em quedas”, escreveu Farrell.

E, do ponto de vista técnico, há sinais iniciais nos gráficos de exaustão negativa, que normalmente precedem as altas de preço de curto prazo.

Katie Stockton, sócia-gerente da Fairlead Strategies, também notou um sinal de curto prazo positivo para o BTC. “Esperamos que isso permita que o Bitcoin evite um colapso confirmado”, afirmou Katie ao CoinDesk.

Segundo ela, a atual queda no BTC pode se esgotar hoje e dar lugar a duas semanas de estabilização. No entanto, o cenário seria invalidado por uma uma queda abaixo de US$ 37.361.

Além de acompanhar a melhoria do ânimo nas bolsas mundiais, analistas apontam que a recuperação do Bitcoin e demais criptomoedas ocorre também por fatores particulares desta classe de ativos.

“Apesar dos últimos movimentos, o Bitcoin ainda mantém uma certa descorrelação. Por conta da política monetária imutável do ativo, se houver uma espiral inflacionária generalizada, o Bitcoin será pouco afetado”, avalia Alexandre Ludolf, diretor de investimentos da QR Asset, em nota.

“A crise econômica gerada pela pandemia do coronavírus mostrou que a descorrelação fica mais evidente depois que a crise passa, uma vez que a recuperação do bitcoin é muito mais rápida que a dos outros ativos”, pontua.

Há ainda expectativa de que o Bitcoin exerça um papel de alternativa de pagamentos e transações em dos dois lados da guerra. Segundo dados da consultoria Tripple A, os países envolvidos no conflito são os que têm o maior percentual de habitantes que utilizam criptomoedas: Ucrânia em primeiro, com 12,73% da população, seguida dos russos, com 11,91% de residentes que usam Bitcoin e outras criptos.

De um lado, especula-se que as criptomoedas poderiam servir de refúgio para os russos driblarem sanções contra o país. “A Rússia é responsável por cerca de 11,2% de mineração global do Bitcoin, com mais de US$ 5 bilhões em transações de criptomoedas realizadas todos os anos, de acordo com um relatório do Banco Central”, aponta a especialista em criptomoedas Taynaah Reis, fundadora da startup Moeda Seeds Bank.

Ao mesmo tempo, ucranianos teriam nos ativos digitais um meio de contornar o bloqueio de saques em meio a uma corrida bancária no país. A stablecoin Tether (UST) é negociada na Ucrânia acima do preço usual de US$ 1 pela alta demanda. O preço chegou a bater a US$ 1,10 por USDT.

Além disso, doações em Bitcoin a grupos armados pró-Ucrânia vêm crescendo em meio à guerra. Segundo dados da casa de análise Elliptic, os repasses em BTC chegaram a US$ 400 mil em uma janela de apenas 12 horas ontem.

Apesar da recuperação nas criptomoedas de ontem para hoje, investidores parecem buscar maior segurança em produtos de rendimento no ambiente de finanças descentralizadas (DeFi). Como consequência, tokens ligados a protocolos que entregam juros sobre criptos disparam, liderados pelo Terra (LUNA), com ganhos de quase 25%.

Além dele, Amp (AMP), Anchor Protocol (ANC) e Maker (MKR), todos relacionados ao universo DeFi, avançam na casa de 20% nas últimas 24 horas.

Confira o desempenho das principais criptomoedas às 7h15:

Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Bitcoin (BTC) US$ 38.701,37 +9,1%
Ethereum (ETH) US$ 2.624,34 +10,3%
Binance Coin (BNB) US$ 362,39 +7,7%
XRP (XRP) US$ 0,697642 +8,6%
Solana (SOL) US$ 88,96 +10%


As criptomoedas com as maiores altas nas últimas 24 horas:

Terra (LUNA) US$ 65,51 +24,9%
Amp (AMP) US$ 0,02709263 +21,4%
Anchor Protocol (ANC) US$ 3,43 +20,8%
Maker (MKR) US$ 1.872,93 +20,1%
Ecomi (OMI) US$ 0,00425256 +19,8%

Confira como fecharam os ETFs de criptomoedas no último pregão:

ETF Preço Variação
Hashdex NCI (HASH11) R$ 34,90 +3,99%
Hashdex BTCN (BITH11) R$ 46,20 +4,59%
Hashdex Ethereum (ETHE11) R$ 39,66 1,69%
Hashdex DeFi (DEFI11) R$ 40,20 +3,05%
QR Bitcoin (QBTC11) R$ 12,40 +3,85%
QR Ether (QETH11) R$ 9,90 +4,54%
QR DeFi (QDFI11) R$ 6,80 0%

Veja as principais notícias do mercado cripto desta sexta-feira (25):

Projeto na Câmara busca regulamentar real digital antes do lançamento

Um novo Projeto de Lei Complementar (PLC) proposto na Câmara dos Deputados pretende regulamentar o uso do real digital em preparação para o lançamento da versão digitalizada da moeda brasileira, prevista para ter piloto lançado no segundo semestre de 2022.

“A gente vai ter o piloto da moeda digital já no segundo semestre de 2022. A gente está bem perto de anunciar”, afirmou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante participação em evento do BTG Pactual na última quarta-feira (23).

O novo PLC é de autoria do deputado federal Aureo Ribeiro (SD-RJ), o mesmo do PL aprovado na Câmara e remetido ao Senado que propõe um marco regulatório para as criptomoedas no país.

“Grandes referências na economia brasileira já manifestaram preocupações com a falta de transparência e objetividade por parte do Banco Central em relação à emissão de moedas digitais. É fundamental que o Congresso Nacional participe amplamente e conduza efetivamente essa mudança legislativa mediante amplo debate para resguardar os interesses nacionais e o pleno desenvolvimento da economia brasileira”, afirma Ribeiro na justificativa do projeto.

Ainda não há previsão para apreciação da matéria pela Casa.

Ações da Coinbase recuam mesmo após resultado positivo

As ações da Coinbase (COIN) caíram nas negociações pós-mercado na quinta-feira mesmo após o anúncio de fortes resultados no quarto trimestre de 2021. A razão está nas projeções futuras, com a corretora de criptoativos prevendo dificuldades no primeiro trimestre de 2022.

A Coinbase reportou receita no quarto trimestre de US$ 2,5 bilhões contra estimativas de analistas de US$ 2 bilhões. Já o lucro ajustado por ação ficou em US$ 3,32, contra estimativas de US$ 1,94. A empresa registrou US$ 2,3 bilhões em receita de transações no quarto trimestre, contra US$ 1,1 bilhão no terceiro trimestre.

O volume de negócios do quarto trimestre de US$ 547 bilhões foi superior aos US$ 327 bilhões do terceiro tri. A Coinbase também registrou 11,4 milhões de usuários com transações mensais  no último trimestre do ano passado, ante 7,4 milhões no período anterior.

No entanto, a bolsa de criptomoedas disse que viu uma queda na volatilidade e nos preços dos criptoativos em relação aos níveis mais altos de todos os tempos no quarto trimestre, devido em parte a fatores macroeconômicos e instabilidade geopolítica. Como resultado, espera-se que os usuários mensais de varejo, juntamente com o volume total de negociação, sejam menores no primeiro trimestre em relação ao quarto trimestre.

Block, de Jack Dorsey, supera expectativas e registra US$ 2 bilhões em transações de Bitcoin

A fintech e pagamentos digitais Block, antiga Square, chefiada pelo ex-CEO do Twitter, Jack Dorsey, divulgou receita de US$ 4,08 bilhões no quarto trimestre de 2021, um aumento de 29% ano a ano, superando por pouco o consenso dos analistas de US$ 4,04 bilhões.

Excluindo o Bitcoin, a receita totalizou US$ 2,12 bilhões, um aumento de 51% em relação ao ano anterior. O ganho por ação ajustado foi de US$ 0,27, contra a estimativa de US$ 0,19.

O serviço de pagamento Cash App, que permite aos usuários comprar e vender Bitcoin, gerou US$ 1,96 bilhão em transações da criptomoeda, e US$ 46 milhões de lucro bruto no quarto trimestre, um aumento de 12% e 14% ano a ano, respectivamente. O lucro bruto total da empresa no quarto trimestre foi de US$ 1,18 bilhão.

Dos US$ 220 milhões em Bitcoin colocados no balanço da empresa no final de 2020 e início de 2021, a Block não registrou uma perda por desvalorização no quarto trimestre, deixando o encargo de desvalorização do ano inteiro em US$ 71 milhões e o valor contábil em US$ 149 milhões. No final do ano, o valor justo do investimento em Bitcoin era de US$ 371 milhões, ou US$ 222 milhões a mais que o valor contábil.

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Paulo Barros

Editor de Investimentos