Crescimento vira palavra de ordem para o Fleury, enquanto analistas ficam atentos às margens da companhia

Analistas de bancos destacaram visão positiva com a empresa, mas apontam em pressão de margens no curto prazo

Lara Rizério

Fleury (divulgação)

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SÃO PAULO – Foco no crescimento. Esta foi a mensagem do Fleury (FLRY3) no Investor Day 2019, realizado na última segunda-feira (9) pela companhia de laboratórios, que teve como um dos principais destaques o anúncio da sua entrada no segmento popular com o lançamento de um laboratório 100% digital, chamado de “Campana até você”. Através de um aplicativo, o paciente poderá realizar exames de análises clínicas em casa ou em qualquer lugar de sua preferência.

“Só na Grande São Paulo, há um mercado potencial de 2,6 milhões de vidas que não atendemos”, disse Carlos Marinelli, CEO do Grupo Fleury.

“Já temos uma plataforma, que é o serviço ‘Fleury em casa’, e muita experiência em atendimento domiciliar”, completou o executivo durante o evento, que teve transmissão ao vivo no canal do Youtube do InfoMoney.

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Conforme destacaram os analistas do Morgan Stanley, a companhia estará liderando a revolução na indústria de diagnósticos, coletando canais, portfolio de exames e tecnologia.

“A companhia passou boa parte da apresentação comentando os seus três principais pilares: i) exames de imagem e análises clínicas, ii) exame genético e iii) a plataforma de saúde”, afirmam os analistas Javier Martinez e Caio Moscardini. Nenhum guidance foi divulgado, mas o Morgan aponta que as iniciativas aumentaram o mercado a ser atingido pela Fleury.

Para eles, as novas avenidas de crescimento podem pressionar as margens, mas há oportunidades de ganhos de eficiência. No médio prazo, contudo, as sinergias com as fusões e aquisições (em 17 anos, foram 34) devem resultar em melhores margens.

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Além disso, a Fleury está usando algoritmos preditivos para aumentar a velocidade do resultado dos exames e elevar a qualidade. De qualquer forma, o Morgan estima que as margens devem seguir pressionadas pelo crescimento mais baixo, as novas marcas com menores margens e a menor escala para exames complexos.

Já para o Bradesco BBI, a principal surpresa positiva foi com mais informações sobre a Santécorp, empresa do ramo de serviços de gestão de saúde e medicina assistencial adquirida há um ano pela Fleury. A companhia, no período, registrou um crescimento considerado impressionante de 500% no acumulado do ano para 900 mil clientes.

“À medida que a empresa se torna mais robusta e mais informações são divulgadas, estamos nos tornando mais otimistas sobre as suas oportunidades e a importância para a estratégia de Fleury para aumentar o foco nos cuidados de saúde primários”, apontam Fred Mendes e Guilherme Haguiara.

Segundo a empresa, seu potencial de mercado é de 70% da população que tenha um plano de saúde privado (25% da população brasileira), ou cerca de 30 milhões de beneficiários.

Finalmente, a Santécorp poderia ajudar o Fleury se tornar uma plataforma no segmento de saúde, fornecendo importantes informações sobre a saúde e os hábitos dos beneficiários. Porém, ainda há impacto limitado das operações para o grupo, mas a estratégia parece ser bem executada, o que pode levar, segundo os analistas, a uma “avenida de maior crescimento para a Fleury”.

De qualquer forma, mesmo com as visões positivas, os bons fundamentos já estão precificados com a alta superior a 50% dos ativos em 2019. Os analistas do Morgan e Bradesco BBI possuem recomendação equivalente à neutra para os ativos FLRY3, enquanto o Itaú BBA reduziu a recomendação dos ativos para marketperform, mas elevando o preço-alvo de R$ 26 para R$ 30, o que representa um potencial de valorização de 3% em relação ao fechamento de segunda-feira (9).

“Dadas as perspectivas pouco inspiradoras de crescimento orgânico nos segmentos que são foco da companhia no curto prazo e com a pressão no portfólio, nós vemos um potencial de valorização limitado”, afirmam os analistas do Itaú BBA.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.