Credit Suisse revisa projeções para ações de mineradoras e siderúrgicas, vendo boas oportunidades após sell-off

Banco elevou para outperform os papéis de Gerdau e Metalúrgica Gerdau, manteve recomendação de compra de CMIN3 e Vale, mas cortou preço-alvo para ações

Mariana Zonta d'Ávila

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SÃO PAULO – Diante de um cenário mais desafiador para o minério de ferro, com menor demanda no mercado doméstico e correção dos preços em agosto, somado ainda a preocupações de desaceleração da retomada econômica e alta dos juros nos EUA, o Credit Suisse revisou seu cenário para mineradoras e siderúrgicas brasileiras.

Na avaliação do banco, embora os ganhos das siderúrgicas latino-americanas devam permanecer fortes no segundo semestre – apoiados por realizações de preços mais altos, entregas “saudáveis” de aço e alívio das pressões de custo –, isso já parece estar no preço de alguns ativos. Ao mesmo tempo, os analistas veem valuations atrativos e métricas de fluxo de caixa livre “sólidas” em 2022, o que leva a oportunidades para as ações do setor.

“Embora reconheçamos que as perspectivas para o setor são mais sombrias do que no primeiro semestre, vemos os preços do aço para 2022 em correções excessivas (queda de mais de 40%), o que acreditamos ser muito baixista. Esperamos que as taxas de juros globais baixas, um foco crescente na descarbonização, juntamente com cortes na produção de aço na China permaneçam como ventos favoráveis”, escreve o Credit Suisse, em relatório.

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Neste cenário, o banco elevou sua recomendação para as ações de Gerdau (GGBR4) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4) de neutra para outperform (acima da média do mercado), e elevou o preço alvo de R$ 37 para R$ 39,50, e de R$ 17,50 para R$ 18,50, respectivamente. Os potenciais de valorização respectivos são de 46% e 51% em relação ao fechamento da véspera.

Segundo Caio Ribeiro, analista do Credit Suisse, Gerdau está sendo negociada abaixo de sua média histórica, de 6 a 6,5 vezes o valor da empresa (EV) sobre o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) em 2022.

Além disso, a divisão norte-americana da companhia permite à Gerdau uma exposição “interessante”, na avaliação de Ribeiro, ao plano de infraestrutura do presidente americano Joe Biden, o que deve permitir à companhia manter margens mais elevadas pelo menos até o fim de 2022.

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Já com relação à Metalúrgica Gerdau, o analista defende que condições saudáveis de demanda no Brasil, alimentadas por lançamentos de projetos e altos spreads de metal nos EUA devem continuar a fornecer um forte dinâmica de ganhos para a empresa.

Os analistas mantiveram recomendação outperform para CSN e Usiminas, mas reduziram o preço-alvo da primeira de R$ 65 para R$ 62,50 (ainda um potencial de valorização de 88%) e elevaram o da segunda de R$ 28,50 para R$ 29 (upside de 86%).

CSN Mineração e Vale

O Credit Suisse também atualizou suas projeções para CSN Mineração (CMIN3) e para os papéis da Vale negociados na Bolsa de Nova York, incorporando os resultados do segundo trimestre de 2021, custos de capital mais elevados e um preço mais baixo para o minério no terceiro trimestre, caindo de US$ 190 para US$ 176 a tonelada.

O banco manteve sua recomendação outperform para os papéis CMIN3, mas optou por reduzir o preço-alvo de R$ 13 para R$ 12 por ação, ainda com um potencial de valorização de 78%. Apesar da pressão recente no preço do ferro, o Credit Suisse vê o fluxo de caixa livre da companhia com um yield “sólido”, da ordem de 12% para 2022.

Ribeiro também diz ver um valuation “atrativo” de 2,5 vezes o valor da empresa (EV) sobre o Ebitda para 2022, principalmente considerando o potencial “significativo” de crescimento da companhia. Além disso, o time vê dividend yields “generosos” de 20% em 2022.

Assim como em CSN Mineração, o banco manteve sua recomendação de outperform para os papéis da Vale (VALE3) negociados na Bolsa de Nova York, mas cortou o preço-alvo das ações de US$ 28 para US$ 24, ou alta de 34%.

“De forma geral, vemos o valuation de 2,4 vezes o EV/Ebitda para 2022 como excessivamente descontado e as perspectivas de retorno à frente são atrativas. Vemos a Vale entregando um forte fluxo de caixa livre de 19% em 2022 e sua política de dividendos deve trazer retornos mínimos de 10% no próximo ano”, escreve o analista.

Ribeiro escreve ainda que vê o preço das ações da Vale precificando uma correção do minério de ferro para um intervalo de US$ 90 a US$95 por tonelada em 2022, o que vê como “muito improvável” de se materializar.

Nesta quinta-feira (9), as ações do segmento registram movimentos distintos. Às 11h40 (horário de Brasília), VALE3 caía 0,09%, a R$ 94,95, enquanto CMIN3 operava estável, a R$ 6,75. Já Gerdau, Gerdau Metalúrgica e CSN subiam, respectivamente, 2,37% (R$ 27,69), 2,36% (R$ 12,56) e 2,38% (R$ 34). Usiminas avançava 0,77%, a R$ 15,71.

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