Credit rebaixa IRB para venda e corta preço-alvo em 83%, BBI revisa varejistas e mais recomendações em destaque

Mudanças nas estimativas para as companhias por diversas casas de análise marcaram sessão desta quarta-feira

Equipe InfoMoney

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – A sessão desta quarta-feira (1), a primeira do semestre, é marcada por diversas recomendações de ações no noticiário corporativo, além de mudanças de estimativa e preço-alvo.

O caso mais emblemático é do IRB, que vê suas ações caírem forte após ter a recomendação reduzida pelo Credit Suisse, depois de ter sido cortada na véspera pelo JPMorgan. Marcopolo, por sua vez, teve a recomendação reduzida pelo Bradesco BBI, mas foi mantida como outperform (desempenho acima da média) pelo Itaú BBA. O Bradesco BBI também atualizou as recomendações para o setor de varejo.

Ambev, Weg, empresas de tecnologia, entre outras, foram destaque de recomendação nesta sessão. Confira as principais mudanças:

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IRB (IRBR3)

Após a divulgação do balanço do primeiro trimestre, o Credit Suisse cortou a recomendação para as ações do IRB de neutra para underperform (exposição abaixo da média do mercado). O preço-alvo foi cortado em 83%, de R$ 43 para R$ 7,50, o que representaria uma queda de 32% dos preços dos ativos frente o fechamento da última terça-feira.

“Após levar em conta os resultados do primeiro trimestre, a reapresentação dos números dos anos anteriores – que evidenciaram a rentabilidade recorrente substancialmente mais baixa – e levando em consideração o próximo aumento de capital para fechar a lacuna de liquidez”, afirmam os analistas.

Agora, os analistas esperam que o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) sustentável do IRB seja de 13%, ante previsão anterior de 37%.

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Vale destacar que, na terça-feira, as ações da companhia fecharam em queda de 11,72% após a divulgação de resultados. Na ocasião, o JPMorgan cortou a recomendação para as ações do IRB de “neutro” para “underweight” (exposição abaixo da média do mercado), ainda que mantendo o preço-alvo em R$ 8.

A reavaliação do JP Morgan leva em conta que, com os ajustes feitos nas demonstrações, o IRB deve ter potencialmente atingido seu melhor ano em 2019. Além disso, destaca a necessidade de melhorar a liquidez. “É improvável que o crescimento seja superior aos anos anteriores, a receita financeira não será tão favorável, dadas as baixas taxas de juros e o fluxo de notícias (positivas) se dissipará”, avaliaram os analistas. Veja mais sobre a recomendação e o balanço clicando aqui. 

Locaweb (LWSA3) e Positivo (POSI3)

A XP atualizou as estimativas para as ações da Locaweb, com recomendação de compra e elevação do preço-alvo de R$ 26 para R$ 55. Além disso, deu início à cobertura da Positivo (neutra), com preço-alvo de R$ 6.

No caso da Locaweb, a XP vê um potencial de valorização de 27,3% nas ações. O crescimento do comércio eletrônico e potenciais aquisições justificam o potencial de crescimento da empresa. “A empresa possui um pipeline de potenciais aquisições robustas e ainda carrega os R$ 400 milhões em caixa levantados no IPO exclusivamente para esse fim”, lembrou o analista Pedro Fagundes.

De acordo com o analista, as ações continuam oferecendo uma combinação de crescimento forte (com rentabilidade) e perfil defensivo. Embora os múltiplos pareçam altos, com as negociando em 9 vezes a relação entre EV/Receita (valor da empresa em relação à receita) em 2021 (versus 11 vezes para competidores globais de SaaS), Fagundes aponta que o crescimento da Locaweb ultrapasse o de seus principais pares globais.

“No geral, projetamos uma crescimento médio anual para os próximos três anos de 16% em receita, 26% em Ebitda e 36% em lucro líquido. É importante ressaltar que 97% da receita da empresa é recorrente (com base em assinatura)”, avalia o analista.

Há três preocupações sobre a tese de investimento da companhia. São as seguintes: i) maior concorrência no segmento commerce – seja de outras plataformas de comércio ou de marketplaces; (ii) concorrência nos meios de pagamentos, dado que o segmento, embora relativamente pequeno (cerca de  10% da receita total), é responsável por cerca de 33% da projeção da XP de crescimento de receita; e (iii) perspectivas de churn (rotatividade), que tende a ser particularmente desafiadora para empresas de SaaS focadas em PMEs, dada a menor aderência aos serviços por parte de empresas desse perfil e por serem, geralmente, pró-cíclicas, sendo mais expostas a condições financeiras mais difíceis.

Já no caso da Positivo, o analista aponta que o cenário econômico mais desafiador provavelmente impactará negativamente o crescimento de receita, ressaltando que os principais segmentos da Positivo (PCs e telefones, com cerca de 90% das vendas) estão altamente correlacionado ao crescimento do PIB.

Além disso, a XP ressalta que, no final de 2019, a empresa tinha cerca de R$ 700 milhões em contratos ganhos a serem monetizados nos anos seguintes. No entanto, é esperado que alguns processos sejam adiados após a crise desencadeada pelo coronavírus. “Assim, embora assinalemos que a Positivo é o líder incontestável nos processos de licitação pública de PCs, continuamos cautelosos até termos maior visibilidade sobre quando esses contratos serão retomados”, avalia.

Burger King (BKBR3) e Carrefour (CRFB3), Lojas Renner (LREN3) e Arezzo (ARZZ3)

O Bradesco BBI atualizou as recomendações para o setor de varejo. As empresas ligadas ao setor de alimentos tiveram sua avaliação revisada para cima. Arcos Dorados, Burger King Brasil e Carrefour foram elevadas de “neutro” para “outperform”.

Os analistas da instituição financeira avaliam que a atualização foi necessária para melhor refletir os efeitos da pandemia do novo coronavírus, que “foram piores do que a nossa visão inicial”.

“Parece que já passamos pelo pior, mas as incertezas permanecem e já tivemos casos de lojas reabrindo e fechando novamente”, disseram em relatório a clientes.

As demais preferidas do Bradesco BBI já eram classificadas como “outperform”. São elas: Lojas Americanas (preço-alvo elevado de R$ 33 para R$ 38); Grupo Pão de Açúcar (R$ 86 para R$ 102) e Via Varejo (R$ 15 para R$ 17).

Já os papéis da Arezzo e da Lojas Renner foram rebaixados de “outperform” para “neutro”, com os preços-alvos indo para, respectivamente, R$ 50 e R$ 46 (antes R$ 48 e R$ 45).

Marcopolo (POMO4)

O Bradesco BBI rebaixou a recomendação da Marcopolo para “underperform”, com o preço-alvo da empresa indo de R$ 2,50 para R$ 2,40.

O novo preço-alvo é cerca de 18% abaixo da cotação atual. Segundo os analistas, o rebaixamento se justifica porque as vendas de ônibus precisariam subir 50% no ano que vem para que o atual preço das ações se justificasse.

“Os resultados trimestrais fracos são o principal gatilho para a correção do preço das ações, pois as estimativas de consenso ainda pressupõem um crescimento de 12% no Ebitda em 2020”, explicaram.

Para o Bradesco BBI, o ciclo de recuperação das vendas de ônibus será tardio. O primeiro motivo é a pandemia do coronavírus, que tirou capacidade de investimento das empresas em todo o mundo. O segundo fator é que não foi anunciado, até o momento, medidas de socorro financeiro a esses operadores.

Iochpe (MYPK3), Marcopolo, Randon (RAPT4), Tegma (TGMA3), Weg (WEGE3) e Tupy (TUPY3)

O Itaú BBA atualizou o relatório de recomendações para as empresas do setor de bens de capital. Iochpe, Marcopolo, Randon, Tegma e Tupy estão com avaliações de “outperform” e Weg como “market perform”.

“Nossas principais escolhas são Randon e Tegma. Vemos uma avaliação atraente para a Tupy. Também temos classificações de desempenho superior em Iochpe e Marcopolo, mas com reservas”, avaliaram, em relatório, os analistas.

Randon está com preço-alvo de R$ 14 e o da Tegma, de R$ 30, o que representa um potencial de valorização de, respectivamente, 47,4% e 29,5%.

Para a Tupy, o preço-alvo foi estabelecido em R$ 30, o que equivale a um potencial de valorização de 54,7%.

No caso da Iochpe e Marcopolo, os preços-alvos foram fixados em, respectivamente, R$ 18 e R$ 3,70, com potenciais de ganho de 30% e 28%.

Por último, a Weg, que tem recomendação de “market perform” tem um preço-alvo de R$ 55 (potencial de alta de 10,2%). “A Weg é uma empresa extraordinária, com histórico impecável e perspectivas brilhantes, mas não podemos justificar uma classificação superior com base na avaliação atual.”

Ambev (ABEV3)

O Bradesco BBI considera que a Ambev tem uma chance de recuperar parte da participação de mercado no momento em que cervejarias artesanais e o Grupo Petrópolis parecem se retrair. No entanto, ainda terá que enfrentar a concorrência com a Heineken. Por essa razão, a recomendação da fabricante de bebidas foi mantida como “neutra”, apesar de rolar o preço-alvo para cima, de R$ 12,50 em 2020 para R$ 15,50 em 2021.

“Ambos competidores provavelmente vão disputar cerca de 20% do mercado que parece enfraquecido (Grupo Petrópolis e cervejarias menores). Não é possível descarar fusões e aquisições”, avaliaram os analistas do Bradesco BBI em relatório a clientes.

A concorrência no mercado de cerveja está mais difícil para a Ambev desde 2017, quando a Heineken comprou a Kirin e houve aumento de investimentos pelo Grupo Petrópolis e o surgimento das cervejarias artesanais. Com isso, a Ambev vem perdendo participação de mercado. Em dezembro, era de 59,4%, uma queda de 2,3 pontos percentuais em 12 meses.

Parte do mercado perdido pode ser recuperado agora. “Com a Covid-19, o Grupo Petrópolis parece ter adiado o lançamento de sua nova fábrica em Minas Gerais e, em março passado, colocou aproximadamente 35% de sua equipe em férias coletivas”, avaliaram os analistas, lembrando que, além disso, a situação financeira das pequenas cervejarias é mais delicada.

Totvs (TOTS3), Magazine Luiza (MGLU3), Yduqs (YDUQ3), Arco Educação, Pag Seguro e Stone 

Em relatório em que destacou as oportunidades em tecnologia para o Brasil em meio à pandemia de coronavírus, os analistas do Morgan Stanley atualizaram as suas recomendações para as ações negociadas na B3 e para os ADRs (American Depositary Receipts) das empresas brasileiras do setor.

Os analistas dividiram as ações de empresas que têm o tema tecnologia no radar em cinco grupos, separando as top picks: 1) software, tendo a Totvs como preferida, destacando que ela é um player diversificado em adoção de tecnologia para a indústria. Os analistas elevaram o preço-alvo para as ações da Totvs de R$ 23 para R$ 28; 2) e-commerce, com o Magazine Luiza como preferido em meio à estratégia de multicanalidade e crescente exposição no digital, 3) pagamentos, com PagSeguro e Stone como preferidas, com o aumento de participação de mercado e aceleração no e-commerce; 4) educação, tendo como destaque a Arco Educação e Yduqs, mais preparadas para o atual cenário e 5) telecomunicações, com preferência para a Vivo.

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