Cortes de produção não aliviam crise de estoque de petróleo no Oriente Médio

“Estamos ficando sem armazenamento porque a queda da demanda é muito forte”, disse Amrita Sen, analista-chefe de petróleo da Energy Aspects

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(Crédito: Shutterstock)

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(Bloomberg) — O coronavírus encolhe a demanda por combustíveis e obriga produtores globais a fazerem cortes sem precedentes na produção. Mas o excesso de petróleo deixa até o principal centro de comércio da commodity no Oriente Médio sem espaço para armazenar os barris indesejados.

Operadores de terminais em Fujairah, nos Emirados Árabes Unidos, dizem que têm recusado pedidos de traders e refinarias para armazenar petróleo bruto e produtos refinados, embora há um ano tivessem amplo espaço. Os 14 milhões de barris de capacidade comercial de armazenamento de petróleo do porto são apenas uma fração do que a Arábia Saudita e Abu Dhabi fornecem para suas estatais de petróleo.

Sem tanques para alugar, operadores enfrentam restrições onerosas em seu papel de coordenar suprimentos disponíveis e compradores. Com o excesso de petróleo global, operadores têm mais dificuldade para amenizar os desequilíbrios do mercado e a cotação do petróleo, que caiu em cerca de 50% neste ano, só piora o quadro.

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“Se os tanques estão alugados ou bloqueados, então operadores precisam adiar a retirada do petróleo”, disse Edward Bell, diretor sênior de economia de mercado da Emirates NBD, em Dubai. Isso, por sua vez, poderia interromper a produção em alguns lugares, disse.

A demanda por armazenamento, um elo sem glamour, mas essencial na cadeia global de fornecimento de energia, é a mais alta dos últimos anos. De Cingapura a Cushing, Oklahoma, os tanques estão cheios de petróleo, gasolina e outros produtos, principalmente em Fujairah, uma porta de entrada para embarques da região de petróleo mais produtiva do mundo.

“A capacidade atual não é suficiente, com certeza”, disse Malek Azizeh, diretor comercial do Fujairah Oil Terminal FZC.

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Mesmo o acordo entre produtores de petróleo para reduzir a produção global em cerca de 10% não resolverá a crise de armazenamento em Fujairah. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e parceiros como a Rússia finalmente concordaram no domingo, após quatro dias de deliberações, em reduzir a produção em 9,7 milhões de barris por dia. Outros países, como EUA e Canadá, esperam bombear menos porque os preços do petróleo estão baixos demais para que algumas petroleiras consigam lucrar.

Embora um corte dessa magnitude possa parcialmente compensar a demanda perdida de petróleo, ficaria aquém da estimativa da Opep para a queda no consumo. A Trafigura estima que o uso de petróleo deva cair em 35 milhões de barris por dia – aproximadamente 30% da produção global normal – devido à extensão das medidas de confinamento contra o coronavírus em vários países.

Fujairah consolidou sua posição na rede mundial de armazenamento e fornecimento de petróleo nos últimos 30 anos. Começou como uma estação de reabastecimento para navios-tanque que transportam petróleo do Golfo Pérsico para refinarias na China, nos EUA e em outros lugares. Também construiu tanques onde operadores podem estocar combustíveis.

Os estoques de óleo combustível e outros destilados pesados em Fujairah aumentaram mais de 30% no último ano, para 15,4 milhões de barris, de acordo com a Zona da Indústria Petrolífera de Fujairah, que supervisiona os terminais da cidade. Autoridades locais não fornecem dados de estoques de petróleo.

Dois projetos para adicionar mais de 62 milhões de barris de armazenamento só terão início no ano que vem.

“Estamos ficando sem armazenamento porque a queda da demanda é muito forte”, disse Amrita Sen, analista-chefe de petróleo da Energy Aspects, em entrevista à Bloomberg Television.

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