Corretoras cripto elogiam “bancões” e alimentam esperanças de regulação ainda este ano

Executivos de exchanges cripto que atuam no Brasil se reuniram nesta terça-feira (8) em evento promovido pela ABCripto

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O ano de 2022 é desafiador para as corretoras de criptomoedas, que viram investidores saírem em massa da classe de ativos em meio a quedas de pelo menos 70% no Bitcoin (BTC) e de 90% em diversas moedas menores. Mas, players do mercado nacional, que amargam as perdas do “inverno” e acumulam diversas demissões, acreditam em uma virada em breve. Um sinal, dizem, é a entrada dos “bancões” no jogo.

“É só um momento ruim que vai passar. Temos as entradas de grandes bancos, o segmento cresce. Bancos estão entrando não como concorrentes, mas como parceiros”, avaliou Renata Mancini, executiva da exchange cripto NovaDax e presidente da Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto), em evento promovido pela entidade nesta terça-feira (8), em São Paulo.

Este ano, o Itaú inaugurou uma divisão de ativos digitais, e desenvolve, assim como o Santander, projetos que buscam criar casos de uso para o real digital, a moeda desenvolvida pelo Banco Central prevista para ter um piloto na rua no segundo semestre do ano que vem.

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“Institucionais estão entrando. O mercado cripto é super pequeno ainda, tem espaço para muita gente entrar. A chegada dos bancões é super bem-vinda, ajuda a tirar alguns preconceitos”, comenta Edisio Neto, CEO da fintech Zro Bank.

O cenário mudou completamente de quatro anos para cá, apontou Reinaldo Rabelo CEO Mercado Bitcoin. “Em 2017 e 2018, a gente tinha que expor os bancos e corretoras porque eles estavam ameaçando o surgimento de um negócio promissor”.

Além de grandes bancos, outras instituições financeiras como XP, com a Xtage, e o Nubank, que anunciou uma criptomoeda própria, entraram de cabeça no mercado. Para empresas que estão no ramo há mais tempo, esses novos entrantes, junto com PicPay e Mercado Pago, que também vêm reforçando seus portfólios cripto, marcam uma nova fase da indústria no país. Daí o otimismo com o futuro.

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“A gente segurou [os investimentos] muito em 2021, arrumamos a casa e agora estamos preparados para lançar novos produtos”, afirmou o CEO da Foxbit, João Canhada, que recentemente anunciou a internacionalização do negócio com uma corretora de derivativos voltada para estrangeiros (no Brasil, a CVM veda a oferta de produtos do tipo sem uma licença apropriada).

O movimento é uma tentativa de diversificar fontes de receita em meio a um momento de baixo faturamento com taxas de negociação, além da forte concorrência da Binance, vista por corretoras nacionais e latino-americanas como promovedora de uma “concorrência desleal”.

“Hoje, nosso foco tem que ser mais sobre pirataria cripto, empresas que são de fora e não pagam impostos, do que nossa relação com os bancos”, diz Rabelo, do Mercado Bitcoin. “Exchanges do Brasil não podem fazer mídia nas redes no país, mas quem está no exterior pode. É competição desleal”.

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Uma das apostas da ABCripto e das corretoras que compõem o grupo, que recentemente ganhou adesão de 99, Deloitte e Chainalysis, é no projeto de regulamentação do setor, que está há meses parado na Câmara dos Deputados.

“Acho que não sai esse ano por conta do que ocorreu nas últimas semanas”, pontua Canhada, da Foxbit, alimentando a esperança, compartilhada pelos demais executivos, de que a regulamentação ainda tem chances de ser aprovada em breve, mesmo com o espaço curto no calendário parlamentar em 2022.

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Paulo Barros

Editor de Investimentos