Coronavírus: ações japonesas de fabricantes de máscaras chegam a quadruplicar preço com surto

Papel da Kawamoto disparou de 433 ienes no começo de dezembro para os atuais 1.700 ienes. Veja outros ativos que têm enfrentado rali com a epidemia

Anderson Figo

Passageiros em viagem na pandemia (Crédito: Cleber Mendes/ Agência O Dia/ Estadão Conteúdo)

SÃO PAULO — Desde que o surto de coronavírus começou a se intensificar e a ocupar as manchetes dos principais jornais do mundo, em dezembro do ano passado, as ações de vários setores começaram a sofrer a cada nova atualização de mortos e infectados, refletindo o temor dos investidores sobre os efeitos negativos da epidemia global.

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Entre os papéis mais vulneráveis estão os de aviação, com a expectativa de menor venda de passagens para a China, e as exportadoras de commodities e alimentos para a gigante chinesa. Mas, enquanto algumas ações são prejudicadas pelo surto, outras estão disparando com o noticiário.

É o caso das japonesas Kawamoto e Azearth, negociadas na bolsa de Tóquio, que viram o preço de seus papéis mais do que dobrar desde dezembro. Elas são fabricantes de roupas e máscaras protetoras que têm sido bastante utilizadas na prevenção da contaminação pelo coronavírus.

Os papéis da Kawamoto foram de 433 ienes no começo de dezembro para os atuais 1.700 ienes — uma disparada de 292,6%. Já as ações da Azearth saltaram de 603 ienes para 1.258 ienes no mesmo período, uma alta de 108,6%.

Veja o gráfico abaixo que compara o desempenho das duas ações (a linha verde é da ação da Kawamoto e rosa da Azearth) e do principal índice da bolsa de Tóquio (linha branca). É nítida a disparada a partir de dezembro.

Ações Kawamoto e Azearth versus índice da bolsa de Tóquio (Bloomberg/Reprodução)
Ações Kawamoto e Azearth versus índice da bolsa de Tóquio (Bloomberg/Reprodução)

Na China, país onde está o epicentro da epidemia do coronavírus, alguns papéis também mostraram ganhos na reabertura do mercado acionário local, que ficou fechado por uma semana e reabriu na última segunda-feira (3). O mesmo aconteceu em Hong Kong. É o caso das empresas CSPC Innovation Pharmaceutical, Alibaba Health Information Technology Limited e WuXi Biologics, por exemplo.

Em relatório enviado a clientes, o analista Sean Wu, do Morgan Stanley, alertou para os investidores terem cuidado com este movimento das ações de saúde. Segundo ele, boa parte dos papéis que dispararam no início do surto de coronavírus já devolveram os ganhos.

“Alertamos contra a especulação do mercado sobre ações de saúde, o que pode não estar correto. As empresas que produzem tratamentos contra a gripe podem aliviar os sintomas respiratórios, mas não abordam diretamente o coronavírus, como o antiviral Oseltamivir e vários medicamentos tradicionais chineses (TCMs) vendidos sem receita, que são de natureza acessória, ou seja, não terapêuticos”, disse. “Olhando para precedentes históricos, o tráfego de pacientes aumentou significativamente durante o início de um surto, enquanto as ações subiram inicialmente e depois caíram.”

Nos Estados Unidos, o ETF Global X MSCI China Health Care, o fundo de índice que segue o desempenho das principais empresas chinesas do setor de saúde, acumula ganho de cerca de 8% em 2020. As maiores contribuições são da WuXi Biologics Inc (+9,23%), Sino Biopharmaceutical Ltd (+8,39%), CSPC Pharmaceutical Group Ltd (+7,46%), Alibaba Health Information Technology Ltd (+6,87%), Sinopharm Group Co Ltd (+5,89%) e Jiangsu Hengrui Medicine Co Ltd (+3,59%).

As ações de fabricantes de vacinas, empresas de diagnóstico e fabricantes de suprimentos médicos, como máscaras, também sobem nos Estados Unidos. O país já registrou casos confirmados de coronavírus, inclusive de transmissão a pessoas que não foram para a China. Entre as maiores altas estão Co-Diagnostics Inc (+242,9%) e NanoViricides Inc (+246,6%).

A Gilead GILD anunciou que está trabalhando com as autoridades chinesas para conduzir um ensaio clínico do Remdesivir em pacientes infectados pelo coronavírus. A Johnson & Johnson JNJ e a GlaxoSmithKline GSK também estão trabalhando em vacinas.

Algumas pequenas e médias empresas de biotecnologia, como a Moderna MRNA, a Novavax NVAX e a NanoViricides NNVC, disseram que estão trabalhando em novos tratamentos para o vírus. Seus papéis têm enfrentado forte volatilidade em meio ao surto.

Aqui no Brasil, nenhuma ação deve se beneficiar diretamente do coronavírus, segundo analistas, mas os papéis do setor de saúde na bolsa brasileira, no geral, avançam no ano. O desempenho não tem a ver com o surto global, por ora, mas sim com as fortes perspectivas para o segmento em meio à retomada da economia.

Os papéis da Raia Drogasil (RADL3), por exemplo, sobem cerca de 7% no ano. A Fleury (FLRY3) avança 4%, a Qualicorp (QUAL3) tem alta de 14% e a NotreDame (GNDI3), de 5%. Enquanto isso, o Ibovespa, o principal índice de ações da B3, registra queda de cerca de 1% em 2020.

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Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.