Copom segue acompanhando expectativas de inflação apesar de greve afetar Focus, diz BC

As expectativas do mercado para a inflação fazem parte do conjunto de informações analisadas pelo BC para a condução de política monetária

Reuters

Fachada do Banco Central do Brasil

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BRASÍLIA (Reuters) – Os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) seguem com acesso atualizado aos dados das expectativas do mercado para a inflação e poderão utilizá-los para as decisões de política monetária apesar da greve de servidores, informou o Banco Central à Reuters, ressaltando que a divulgação da pesquisa Focus ao público deve ser retomada apenas após o fim da paralisação.

A pesquisa Focus, feita pelo BC junto a mais de uma centena de economistas, atualiza semanalmente as projeções dos profissionais para indicadores como inflação, taxa Selic e PIB. Nesta semana a publicação foi suspensa em razão da greve dos servidores, após ter sido divulgada com atraso de algumas horas nas duas semanas anteriores.

As expectativas do mercado para a inflação fazem parte do conjunto de informações analisadas pelo BC para a condução de política monetária e sua direção estava sendo acompanhada com ainda mais atenção após a autoridade monetária comunicar que enxergava um provável fim em maio do seu agressivo ciclo de política monetária para domar a inflação.

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À Reuters, o BC afirmou que o sistema Focus é automatizado e segue recebendo normalmente as expectativas de mercado para o desempenho de indicadores da economia brasileira. Segundo a autarquia, o tratamento de alguns dados para a publicação e a geração do relatório, no entanto, dependem da atuação dos servidores.

“Por isso, sua publicação será retomada após a greve”, disse em nota.

“Os membros do Copom têm, entretanto, acesso atualizado aos dados em seu sistema de contingência, e devem utilizá-los como usual na reunião do Copom”, destacou.

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Para o próximo encontro do colegiado, agendado para 3 e 4 de maio, está previsto um aumento de um ponto percentual na Selic, que atingiria 12,75% ao ano, possivelmente encerrando o ciclo de aperto, conforme indicações do presidente do BC, Roberto Campos Neto. Esse plano poderá ser repensado, com ajuste adicional, se a crise provocada pelo conflito na Ucrânia se agravar ou se houver alguma mudança brusca no cenário.

No último boletim Focus disponível, publicado em 28 de março, a mediana das projeções apontava Selic de 13% ao fim deste ano.

O presidente da Associação Nacional dos Analistas do Banco Central do Brasil (ANBCB), Henrique Seganfredo, afirmou que a automação dos sistemas tem limites e que servidores estão envolvidos nas etapas de captação e tratamento dos números do Focus.

Para Seganfredo, o Copom poderá ter dificuldade para acessar com rapidez as informações das expectativas de mercado. Ele ponderou que especialistas do BC farão um esforço concentrado para suprir os dados para a reunião de maio do colegiado.

“Mas vai depender muito da cooperação do governo em reconhecer nossa carreira como relevante ao Estado e permitir um avanço ainda que mínimo em negociações”, disse.

Nas últimas semanas, os funcionários do BC vêm pressionando o governo a conceder reajustes salariais e reestruturar carreiras no órgão, com paralisações pontuais que já vinham afetando a divulgação de estatísticas e outros serviços.

A categoria iniciou a greve por tempo indeterminado na última sexta-feira, afirmando que a paralisação pode impactar serviços como a operação do Pix. Nesta terça-feira, o Sindicato Nacional dos Funcionários do BC (Sinal) informou que o movimento será intensificado, após reunião com representantes do Ministério da Economia terminar sem apresentação de proposta pelo governo.

Os salários dos analistas do Banco Central variam hoje de 19,3 mil reais a 27,4 mil reais, a depender do nível na carreira.

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