Copom deve elevar Selic para 5,25% e analistas já projetam juros acima do nível neutro em 2021

De 37 analistas consultados pela Bloomberg, 35 esperam uma alta de 1 ponto percentual na Selic e apenas dois projetam 0,75 p.p.

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Diante da persistente – e cada vez mais forte – pressão inflacionária, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve elevar a Selic em um ponto percentual, para 5,25%, após os dois dias de reunião que se encerram nesta quarta-feira (4).

Essa visão é compartilhada por diversos economistas, que nos últimos dias passaram a revisar projeções, elevando, inclusive, as perspectivas para a taxa básica de juros no fim deste ano, que agora variam bastante, entre 6,75% e 8%, ou seja, pode superar o nível considerado neutro, em que a taxa nem estimula nem contrai a economia, e que hoje é visto em 6,5%.

Para os analistas da XP, os dados analisados pelos membros do Copom mostrarão uma piora na perspectiva de inflação e no balanço de riscos no horizonte relevante de política monetária.

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“Em comparação com o Copom passado, os principais pontos foram a interrupção da tendência de apreciação cambial, o aumento das projeções de PIB para este ano e a inflação corrente ainda pressionada (acima daquela projetada pelo Copom)”, afirmam.

Roberto Secemski, economista para Brasil do Barclays, lembra que o Copom chegou a discutir um aumento mais forte do que 0,75 ponto em junho, mas preferiu seguir o ritmo em vigor desde março e observar o comportamento dos dados, especialmente de componentes mais qualitativos da inflação, como os preços de serviços. Nesse sentido, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), divulgado no último dia 23 de julho, mostrou “piora qualitativa”, avalia.

Na última reunião do Copom, as projeções para a inflação no cenário base eram de 5,8% para 2021 e 3,5% para 2022. Desde então, porém, o cenário mudou, o que deve refletir nas projeções para a inflação no cenário base do Banco Central.

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Para 2021, a mediana da expectativa para a taxa Selic no boletim Focus avançou de 6,25% para 7,00% entre o último Copom e esta semana, enquanto o dólar subiu de R$ 5,05 para R$ 5,15. Já a expectativa de inflação no Focus passou de 5,82% para 6,79%.

“A inflação do ano permanece pressionada e com alta disseminada. A divulgação do IPCA-15 de julho mostrou inflação de serviços subjacente alta, próxima de 4,5% na média de três meses do dado dessazonalizado e anualizado”, avalia a equipe do Itaú, que vê a Selic em 7,5% no fim do ano (contra 6,5% projetados anteriormente), e uma inflação de 6,9%.

Para os economistas do banco, a decisão de acelerar o ritmo de elevação da Selic seria “consistente com a sinalização da autoridade de realizar uma normalização mais rápida se a evolução dos preços mais inerciais no setor de serviços mostrassem uma aceleração da inflação e se as expectativas de inflação continuassem a subir”.

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Sobre o comunicado em si, a XP avalia que o BC irá justificar a aceleração no ritmo de alta da Selic focando no objetivo de ancorar as expectativas de inflação.

“Esperamos ainda que o Copom reforce a mensagem que fará o que for necessário para trazer a inflação de volta à trajetória das metas, mantendo aberta a possibilidade de ir além do ponto neutro (entendido como a Selic em torno de 6,5%)”, dizem os analistas ressaltando que se a previsão estiver correta o BC deve retirar a sinalização de que pode implementar um ajuste mais acelerado.

Mais “conservadora”, a XP projeta duas altas de 1 ponto na Selic nesta e na próxima reunião do Copom, seguida de uma elevação final de 0,5 ponto em novembro.

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Já o UBS espera um BC mais “agressivo”, com a taxa de juros terminando 2021 acima do nível neutro, em 8%. Ou seja, nesse cenário, a Selic chegaria a um patamar em que levaria a uma desaceleração da atividade econômica.

Apesar de uma disparidade de perspectivas para dezembro, para a decisão desta quarta o cenário parece mais certo. De 37 analistas consultados pela Bloomberg, 35 esperam uma alta de 1 ponto na Selic e apenas dois projetam 0,75 p.p..

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.